Resenha - Circus Maximus - Manilla Road
Por Diogo Muniz
Postado em 16 de novembro de 2020
Após a implosão do Manilla Road no inicio da década de 90, Mark Shelton decidiu dar andamento em um novo projeto e o batizou de Circus Maximus. Para essa nova empreitada foram recrutados Andrew Coss no baixo e Aaron Brown na bateria, sendo que Aaron Brown além de músico é artista plástico e colaborou anteriormente com o Manilla Road fazendo as capas de "Out of the Abyss" e "The Court of Chaos". Além disso, nesse projeto todos os três dividiram os vocais, ou seja, um projeto um tanto ambicioso e com uma roupagem diferente do Manilla Road. Nos shows a banda executava as próprias composições e apenas algumas músicas do Manilla para completar o set list. Eis então que a banda entra no estúdio para gravar o seu material. Mas de última hora, por "sugestão" da gravadora, o disco sai sob o nome do Manilla Road, com a justificativa de que era para alavancar as vendas. Muito a contra gosto Mark Shelton acata a decisão, e assim o disco é batizado de "The Circus Maximus", constando como outro disco oficial do Manilla Road.
O disco abre com "Throne of Blood" que de cara já é bem diferente de tudo o que o Manilla havia lançado até então. Uma música com uma pegada bem hard rock, com os vocais de Mark Shelton e o backing vocal de Andrew Coss dando uma cara nova para o Manilla Road. Uma ótima faixa de abertura que instiga o ouvinte a continuar ouvindo o disco para saber o que virá a seguir.
Logo então somos brindados com "Lux Aeterna", uma belíssima balada que beira a ser uma balada romântica, pois o objeto de desejo é a eterna luz que ilumina e aquece os sentimentos do eu lírico, algo bem sugestivo, não é? O solo de guitarra é lindíssimo, e serve de ponte da primeira para a segunda parte da musica, na qual ela cresce e ganha mais intensidade. Outro destaque aqui é a interpretação de Andrew Coss, que é magnífica, sem contar que a voz do cara é muito parecida com a de Glenn Hughes (esse cara dispensa apresentações, certo?).
Para fechar a parte de apresentações temos "Spider", que apresenta os vocais de Aaron Brown. A música é muito mais tenebrosa e sombria, com uma letra que fala basicamente da aracnofobia sob uma perspectiva bem aterrorizante. A interpretação quase psicótica de Aaron Brown ajuda a dar mais ênfase para a sensação de desconforto que a música se propõe.
Com um riff mais cadenciado, "Murder by Degrees" volta com Andrew Coss no vocal, interpretando um eu lírico que narra a sua morte ao ser congelado. A parte instrumental remete bem de leve alguns trabalhos anteriores do Manilla, pois tudo tem o DNA de Mark Shelton.
Uma introdução de bateria marca a entrada de "No Sign From Above", música interpretada por Mark Shelton e que tem novamente o backing vocal de Andrew Cross. Uma música pra cima e bem inspirada e com um refrão bem marcante.
Uma música sobre o serial killer Ed Gein não pode ser outra coisa senão macabra, e para interpretar essa música Aaron Brown é o cara certo. "In Gein We Trust" é macabra, pesada e servida com um vocal simplesmente insano.
"Flesh and Fury" é outra pedrada com um clima bem pra cima, cantada por Andrew Coss. É uma música que com certeza funciona muito bem ao vivo, heavy metal de primeira linha.
Uma balada romântica parecia algo impensável na carreira do Manilla Road, e coube a "No Touch" representar a cota. Cantada por Andrew Coss, que sem dúvidas tem a voz mais adequada no trio para interpretar essa música. Mas não é uma baladinha como qualquer outra, pois estamos falando de Manilla Road, e lógico que uma pequena referencia literária e várias metáforas iriam dar todo um charme para a canção.
"Hack it Off" surge sem cerimônias com um riff insano, e é lógico que aqui é Aaron Brown que assume o vocal. A música toda é louca e frenética, um verdadeiro caos sonoro.
Após um breve descanso temos de novo Mark Shelton assumindo o vocal em "Forbidden Zone", a música mais longa do disco. Aqui a fórmula do Manilla Road, introdução lenta e climática que explode num heavy metal grandioso, ganha uma nova cara. Uma música muito inspirada e que chega a flertar com o progressivo, um excelente trabalho que é impossível enjoar de escutar, pois cada parte da canção tem um charme único.
"She’s Fading" encerra o disco de forma brilhante. Uma música mais introspectiva que tem uma bela interpretação de Andrew Coss. A letra é sobre as reflexões de uma mulher madura que lamenta sua juventude esvanecida pelas areias do tempo. Tem um belíssimo solo de guitarra no final, no qual Mark Shelton se mostra bastante versátil em seu instrumento. Via de regra não gosto de músicas que encerram em fade out, pois em muitos casos fica nítido que o recurso foi usado por pura preguiça de se fazer um encerramento decente. Mas aqui coube perfeitamente, pois casou direitinho com a intenção que a música buscava.
"The Circus Maximus" é sem dúvida um trabalho bem interessante e totalmente fora da curva. A escolha de cada músico fazer os vocais em canções específicas foi muito interessante e acertada, pois cada um dos três assumiu um papel, dando assim mais personalidade para as músicas e para o disco como um todo. Vale a pena mencionar a capa que também foi cortesia de Aaron Brown, um desenho que apresenta um ritual de crucificação de um palhaço. Algo que além de profano (?) é triste ao se observar as feições das figuras retratadas na capa. Isso tudo contrasta com a fato de o desenho ser bastante colorido. Essa característica multifacetada é presente no disco como um todo, na capa e nas músicas, tornando assim a experiência de ouvi-lo e aprecia-lo algo único.
Tracklist:
Throne of Blood
Lux Aeterna
Spider
Murder by Degrees
No Sign From Above
In Gein We Trust
Flesh and Fury
No Touch
Hack It Off
Forbidden Zone
She´s Fading
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