Humberto Gessinger: Mais espontâneo em novo álbum
Resenha - Não Vejo a Hora - Humberto Gessinger
Por Fábio Cavalcanti
Postado em 11 de outubro de 2019
Humberto Gessinger é o tipo de artista que poderia ser citado como um dos veteranos que não tem mais o que provar no rock nacional. Ainda assim, desde o fim dos Engenheiros do Hawaii, o cantor encontrou um novo ritmo de trabalho, e mantém uma carreira solo que junta o seu passado e o seu presente num grande pacote eclético. No seu primeiro álbum solo, "Insular" (2013), ele entregou uma sonoridade sofisticada e indefinida ao mesmo tempo. Já em seu novo álbum, "Não Vejo a Hora" (2019), a ‘vibe’ é de relativa diversão e espontaneidade.
Logo de cara, o ótimo rock "Partiu" nos coloca na "infinita highway" de Gessinger, com alguns ecos de "Até O Fim" (dos Engenheiros), e com um nível de concisão harmônica que dá o tom do disco. Sim, o compositor continua existencialista em suas letras, e não abre mão dos jogos com as palavras e os sentidos, muito menos das referências literárias e musicais em suas temáticas. O diferencial está na parte instrumental, e na forma como ele usa e abusa de dois tipos de power trio: um elétrico, na maioria das canções, e um acústico em outras...
Voltando à estrada dos sons elétricos, temos o razoável pop/rock "Um Dia De Cada Vez", que parece ter sido feito para ser lançado como um single inofensivo. Pode-se notar mais substância e nuances em "Algum Algoritmo" e "Calmo Em Estolcomo", que evocam um pouco do Engenheiros do Hawaii mais oitentista.
A vibrante semi-balada "Olhou Pro Lado, Viu" é um dos raros momentos de maior pegada e peso, e ainda oferece alguns toques progressivos. A peculiar e soturna "Outro Nada" é também bastante inspirada, e soa como uma espécie de Blue Öyster Cult influenciado pela milonga. As influências regionais sulistas ainda mostram as caras novamente na boa "Missão", que puxa algo do estilo do álbum "Gessinger, Licks & Maltz" (1992).
No setor acústico, guiado por violões e acordeom, Gessinger conseguiu o incomum efeito de soar despretensioso em suas incursões de folk regional, como podemos notar nas canções meio irmãs "Fetiche Estranho" e "Estranho Fetiche" – sendo a segunda delas a mais divertida. E "Bem A Fim" é talvez o momento mais bonitinho do disco, com direito a uma letra multifacetada.
"Não Vejo a Hora" é um álbum que consegue soar simples, mas sem perder a típica sofisticação do Humberto Gessinger. Ainda que não traga canções espetaculares, o fato é que todas apresentam algo de bacana nas entrelinhas e nos arranjos, além de uma performance vocal que deixa bem claro o nível de tranquilidade e otimismo em que o artista se encontra. Se ele não via a hora de entregar um álbum mais direto, nós não vemos a hora de ouvir o próximo...
Nota: 8
Músicas:
1. Partiu
2. Um Dia De Cada Vez
3. Bem A Fim
4. Algum Algoritmo
5. Calmo Em Estolcomo
6. Olhou Pro Lado, Viu
7. Fetiche Estranho
8. Maioral
9. Estranho Fetiche
10. Outro Nada
11. Missão
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
Não é "Stairway" o hino que define o "Led Zeppelin IV", segundo Robert Plant
A única banda de rock progressivo que The Edge, do U2, diz que curtia
O guitarrista do rock nacional que é vidrado no Steve Howe: "Ele é medalha de ouro"
Sharon Osbourne revela o valor real arrecadado pelo Back to the Beginning
Os três álbuns mais essenciais da história, segundo Dave Grohl
A banda que Alice Cooper recomenda a todos os jovens músicos
Divulgados os valores dos ingressos para o Monsters of Rock 2026
O guitarrista que fundou duas bandas lendárias do rock nacional dos anos 1980
O disco do Queensryche que foi muito marcante para Kiko Loureiro e para o Angra
Quem são os músicos que estão na formação do AC/DC que vem ao Brasil
Kerry King coloca uma pá de cal no assunto e define quem é melhor, Metallica ou Megadeth
Esposa e filho homenageiam David Coverdale após anúncio de aposentadoria
A opinião de Tobias Sammet sobre a proliferação de tributos a Andre Matos no Brasil
O pior disco do Led Zeppelin, de acordo com o Ultimate Classic Rock
It's All Red lança single com primeira incursão de Humberto Gessinger no heavy metal
O elogio do genro sueco que fez Humberto Gessinger refletir sobre traço do Brasil
Os 50 anos de "Journey To The Centre of The Earth", de Rick Wakeman


