Avec Tristesse: Tristeza transformada em beleza
Resenha - How Innocence Dies - Avec Tristesse
Por José Sinésio Rorigues
Postado em 15 de agosto de 2019
Nota: 8
Anos atrás, o metal nacional deu um salto, quantitativa e qualitativamente. Até hoje, bandas excelentes pululam por todo o Brasil (DOMINUS PRAELII e SEVEN ANGELS, aqui no Paraná, DISTRAUGHT e HANGAR, no Rio Grande do Sul, TUATHA DE DANANN e DYNASTY, em Minas Gerais, KORZUS e ETERNA, em São Paulo, AMOS, no Mato Grosso do Sul, GLORY OPERA, no Amazonas, HEAVEN´S CAVALRY, no Acre, FAR FROM ALASKA, no Piauí, entre muitas outras). Eu achava injusto que as rádios não executassem nada destes grupos, nada de Heavy Metal. Tomei então uma decisão radical: fui a uma emissora de rádio e me ofereci para apresentar um programa de Heavy Metal, mesmo sem ganhar salário. Não me deram um programa, claro; mas me deram um quadro, dentro de um programa, onde eu podia rolar três sons, todo sábado à noite, e ainda comentá-los. E as primeiras músicas que levei ao ar foram ''Trova Di Danu'', do TUATHA DE DANANN, e ''Escapism'', da excelente banda fluminense AVEC TRISTESSE (a terceira música, foi ''A Lament Of Misery'', da banda espanhola DARK MOOR).
Não foi por acaso que eu escolhi AVEC TRISTESSE entre aquelas bandas: este grupo de Dark Metal/Death Metal me impressionou desde a primeira vez que o ouvi. Aliás, aqui vai outra curiosidade: comprei o CD How Innocence Dies mesmo sem conhecer a banda, apenas baseado nos comentários que eu ouvira e reviews de revistas e sites. Apesar da temerária decisão, não me arrependi de nada. Que lançamento bom! É daqueles lançamentos que você nem acredita.
How Innocence Dies começa com ''I Am But One'', que nunca será a música favorita de alguém: parece uma vinheta, com apenas dois minutos de duração e letra muito curta. Já ''All Love Is Gone'' é pesada, vocais guturais poderosos, uma das melhores músicas já gravadas pela banda, resumindo toda a sua proposta. Heavy Metal cabeça, a letra ainda apresenta trechos do poema "She Walks In Beauty", de Lord Byron. A coisa melhora com ''A View Of The End'', com boas variações, pesada em alguns momentos, mais light em outros, os vocais de Pedro Salles e Nathan Thral de limpos e guturais, instrumental detonando, um dos melhores momentos da banda.
O que vem a seguir é o ponto alto do álbum: a já citada ''Escapism'', indubitavelmente aquela que é, simplesmente, a melhor música já criada pela banda. Começa com instrumental detonando, vocal gutural atacando, teclado em seu melhor momento. Tem variações perfeitas, intercalando momentos de vocal nervoso e vocal limpo; musicalidade mais tranquila e som complexo e pesado. Destaco ainda a barulheira de ''Lost In Your Complexity'', som que mantém a linha de vocal gutural mesclado com vocal limpo e instrumental que detona sem dó nem piedade. Profissionalismo! ''Of Emotions'' é complexa, bem trabalhada, instrumental impecável por toda a música. ''As Years Pass By'', a seguir, mantém a linha das demais composições, mas com teclado magnificamente tocado, vocalzão gutural com vocal limpo. Difícil até descrever esta faixa, tantas são as variações, em tempo relativamente curto, tamanha é a complexidade. Aqui, o baterista Nathan mostra que é um dos grandes músicos do Heavy Metal nacional. Também aparece o vocal feérico e angelical de Raquel Antunes, o que dá à faixa um toque viajante.
''Avant Les Ténèbres'', em francês, tem sonoridade que remete à musicalidade francesa, acústica. O vocal é baixo, sussurrado. Então, temos os primeiros acordes da música ''Angel After Dark'' (algo a ver com a atriz pornô Angel Dark?). Mais de cinco minutos de duração, muitas variações, os vocais indo de limpos a guturais. Não é ruim, mas agora, após coisas melhores neste álbum, ela soa morna – mas não ruim, volto a dizer – e deslocada. A última faixa, ''Septical And Gone'', é meio teatral, sei lá, niilística, volátil. Por mais de oito minutos, se arrasta por momentos de silêncio, barulhos estranhos, e um vocalzinho feminino. O enigma: por que uma banda tão excelente coloca uma faixa destas num trabalho que, até aqui, estava tão bom? Após tecer comentários tão positivos em torno deste trabalho, é justamente por causa desta faixa (e de ''I Am But One'', que não me empolgou muito) que o AVEC TRISTESSE perdeu a chance de ganhar, aqui, uma nota 10 neste lançamento. Mas How Innocence Dies é muito bom, quase – e enfatizo aqui a palavra "quase" – perfeito. Se o vir pela frente, adquira-o sem medo, mesmo que você não seja exatamente fã do tipo de som executado pelo AVEC TRISTESSE.
Formação do AVEC TRISTESSE na época do álbum How Innocence Dies:
*Rafael Gama – Baixo
*Nathan Thrall – Bateria e vocal gutural
*Pedro Salles – Guitarra, vocal limpo, vocal gutural e teclado
Track List do álbum How Innocence Dies:
01. I Am But One 02:02
02. All love Is Gone 04:47
03. A View Of The End 04:37
04. Escapism 07:50
05. Through My Eyes 01:32
06. Presence Ignored 01:55
07. Lost In Your Complexity 04:47
08. Of Emotions 06:00
09. As Years Pass By 08:59
10. Avant Les Ténèbres 02:01
11. Angel After Dark 05:13
12. Sceptical And Gone 08:27
Bandas similares:
THROES Of DOWN, da Finlândia
TYPE O NEGATIVE, dos Estados Unidos (no instrumental)
ANAEMIA, da Suécia
DARK TRANQUILITY, da Suécia
VISIONAIRE, dos Estados Unidos
IKARIAN, dos Estados Unidos
MY SILENT WAKE, da Inglaterra
CENTURY SLEEPER (Estados Unidos/Inglaterra)
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