Ikarian: O Que Aconteceu, Mr. Allin?
Resenha - Phantom Minds - Ikarian
Por José Sinésio Rorigues
Postado em 03 de agosto de 2019
Nota: 2
Conheci o trampo do estadunidense James Allin quando ele era o único membro do VISIONAIRE. Tornei-me fã da música do cara. Depois, ele participou do projeto CENTURY SLEEPER, ao lado do britânico Ian Arkley (do ASHEN MORTALITY e MY SILENT WAKE), o que resultou em um magnífico álbum, e montou o IKARIAN. Na verdade, como ele continuou sendo o único integrante no IKARIAN, digamos que o VISIONAIRE só mudou de nome. Mas se espera algo como o que o VISIONAIRE fazia, se prepare para a decepção. O cara fez caca, mergulhou numa espécie de espiral autodestrutiva e a coisa começou a pifar, a desandar, a decair, a degringolar, a... Ouça este álbum, de nome Phantom Minds, lançado em 2007, e veja do que estou falando.
O álbum anima no início, com a faixa-título, que abre o trabalho. Não é música excelente, mas é "ouvível", com guitarra pesada e teclado bem tocado. O vocal não é uma maravilha, mas dá para curtir de boa. O problema é que a faixa é relativamente boa e você fica achando que a coisa vai melhorar. Só que a partir daí tudo cai de vez. "Temple Nine" começa de modo interessante, com guitarra pesada, mas o vocal sussurrado e a bateria eletrônica, põem tudo a perder. No meio da faixa, o teclado proporciona uns momentos interessantes, mas não é o bastante. Em "Under Sacred Waters" tudo piora ainda mais e não há nada capaz de salvá-la. O vocal é sussurrado, desidratado, meio bobo. O solinho de guitarra, até minha filhinha, aos três anos, faria. Tudo mergulha num goticozinho atmosférico, que tenta – mas não consegue – ser viajante. "Crossed The Sun", com um chatíssimo vocal grave e sussurrado, beira o new age, com umas horríveis batidas tecno-pop, um verdadeiro atentado musical dotado de alto grau de ignomínia. Ai, ai, ai... "Firesign" melhora os ânimos um pouquinho..., mas só um pouquinho não é suficiente. "Dark City", com guitarra pesada, é marginalmente melhor que a faixa anterior. Avança por momentos meio bons e meio ruins. Pena que meio bom e meio ruim são exatamente a mesma coisa. Resumindo: é mediana, apenas. Tudo melhora com "Shadows Decending", relativamente boa, teclado se arrastando no começo, evoluindo para um som mais pesado, e devo sinceramente dizer que ouço esta faixa, de vez em quando, mesmo que o vocal de Allin também seja meio enjoativo aqui. O refrãozinho é legalzinho e tem guitarrinha bem tocadinha... "Externalize" tem musicalidade cigana (algo já explorado no VISIONAIRE), mas a bateria eletrônica estraga tudo, o vocal é sombrio, decaindo a sussurros que não agradam, a coisa não decola e, por mais de longos cinco minutos (!), fica na mesma. "Pure Encarnation Lustre" é só um som de teclado muito chato – chatíssimo! – com um interminável minuto inteiro. Socorro! "Dire Invitation" vem com vocal tentando ser sombrio, arrastado, chato, mas surge uma guitarra pesada, que até empolga. O problema é que música precisa de algo mais para ser boa; e esta faixa não tem este algo. "Vandalisdrum" vai na mesma, moribunda, sem nada que a torne minimamente interessante. Como se não bastasse, tem mais de oito minutos!!!... Ao fim, temos "Fevered In Emptiness", com piano e vocal sussurrado. Tudo degringola quando vem a bateria eletrônica. Pior, a música não tem refrão! É de doer. E como dói! Mr. Allin definitivamente errou a mão neste trampo que, para ser ruim, teria de melhorar muito. É de dar sono...
Neste trampo, os vocais death, comuns no primeiro álbum do grupo, estão completamente ausentes. Há teclados às toneladas, um negócio que vai na direção do new age, batidas tecno-pop e percussões eletrônicas medíocres, horrendas e sofríveis. De doer. Tão chato que faz o JALDABOATH e o EWIGKEIT parecerem o KRISIUN. Chato como assistir televisão aos domingos. Mamãe já dizia: "Heavy Metal não é para qualquer um". Pelo jeito, fazê-lo também não.
Formação do IKARIAN:
*James Allin – vocal e todos os instrumentos (além de compor e produzir todas as faixas)
Track List do álbum Phantom Minds:
01 – Phantom Minds
02 – Temple Nine
03 – Under Sacred Waters
04 – Crossed The Sun
05 – Firesing
06 – Dark City
07 – Shadows Descending
08 – Externalize
09 – Pure Incarnation Lustre
10 – Dire Invitation
11 – Vindalisdrum
12 – Fevered In Emptiness
Bandas similares:
LUNATICA, da Suíça
IN GREY, da Suécia (mas sem o mesmo peso)
TO/DIE/FOR, da França (sem o mesmo peso)
THROES OF DAWN, da Finlândia (sem o mesmo peso)
THE GATHERING, da Holanda
SPELLGATE, do Canadá
SAVIOUR MACHINE, dos Estados Unidos
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps