Megadeth: Countdown to Extinction, o disco que não envelhece
Resenha - Countdown to Extinction - Megadeth
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 06 de julho de 2019
Quinto álbum do Megadeth, "Countdown to Extinction" foi lançado em 14 de julho de 1992 e forma o trio dourado da discografia da banda norte-americana ao lado de seu antecessor, "Rust in Peace" (1990), e de seu sucessor, "Youthanasia" (1994). Com estes três discos, o Megadeth assumiu uma sonoridade mais madura e palatável ao grande público e se transformou em uma das maiores bandas de metal dos anos 1990 e além.
"Countdown to Extinction" foi também o segundo trabalho com o quarteto mágico do grupo: Dave Mustaine (vocal e guitarra), Marty Friedman (guitarra), David Ellefson (baixo) e Nick Menza (bateria). Este time gravaria ao todo quatro álbuns, se desfazendo após "Cryptic Writings" (1997). Nick deixou a banda em 1998 e foi substituído por Jimmy DeGrasso. Já Marty permaneceria até 2000 e deixaria o grupo após a turnê de "Risk" (1999), sendo substituído por Al Pitrelli.
Um dos discos mais políticos do Megadeth, "Countdown to Extinction" se destacou por este aspecto e por trazer uma abordagem mais concisa em relação tanto aos três primeiros álbuns – "Killing is My Business ... and Business is Good!" (1985), "Peace Sells ... But Who’s Buying?" (1986) e "So Far, So Good ... So What!" (1988) – quanto se comparado com "Rust in Peace". Um ponto crucial para essa variação foi a participação ativa do restante dos músicos no processo de composição, antes centrado quase exclusivamente em Mustaine, e o conceito trazido pelo produtor Max Norman, que queria descomplicar a música da banda.
Não se pode menosprezar também outro fator fundamental: o sucesso estrondoso alcançado pelo Metallica com "Black Album", lançado um ano antes, abriu os olhos de milhares de músicos de metal em todo o planeta, mostrando que era possível tocar o estilo e alcançar plateias gigantescas e fora do próprio nicho. Isso também aconteceu com o Megadeth, como os próprios músicos já declararam várias vezes. Um exemplo está no maior hit de "Countdown to Extinction", "Symphony of Destruction", que em sua concepção original passava dos seis minutos de duração e contava literalmente com uma mini sinfonia tocada por instrumentos clássicos, além de diversas dinâmicas que se alternavam durante o desenrolar da canção. O resultado final que entrou no álbum e se transformou na música mais conhecida da carreira do Megadeth só veio ao mundo devido ao descontentamento de Norman, que após a banda gravar se trancou sozinho no estúdio e montou a versão final cortando os trechos que julgava desnecessários e enxugando a faixa à sua essência.
Além de "Symphony of Destruction", estão em "Countdown to Extinction" outras canções que marcaram a carreira do Megadeth como "Skin o’ My Teeth" (que abre o álbum de maneira brilhante e fala de forma sutil sobre suicídio), "Foreclosure of a Dream" (com samples de um polêmico discurso do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush), "Sweating Bullets" e a música título, cuja letra expõe a preocupação sobre o futuro do planeta e foi inspirada em um artigo da revista Time sobre o assunto, dando ao grupo o Humane Society Genesis Award. Outra curiosidade é que "Psychotron" foi inspirada em personagem da Marvel, o ciborgue Deathlok.
"Countdown to Extinction" estreou no segundo posto da Billboard 2000, ficando atrás apenas de "Some Gave All", do astro country Billy Ray Cyrus. O disco alcançou altas colocações também em países como Inglaterra (5º lugar), Japão (6º), Nova Zelândia (5º) e Noruega (9º). Só no mercado norte-americano o álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias e rendeu ao quarteto uma indicação ao Grammy de Best Metal Performance em 1993, prêmio que o Megadeth só iria vencer em 2017 com a canção título de "Dystopia" (2016).
Outro ponto de destaque em "Countdown to Extinction" é a capa, criada pelo artista canadense Hugh Syme. Trazendo um realismo perturbador, a arte expressa com precisão o discurso presente no álbum, sem meias palavras e de maneira até mesmo chocante. Syme possui uma longa colaboração com inúmeras bandas e assinou capas para discos de nomes como Rush, Whitesnake, Bon Jovi, Aerosmith e outros, e trabalharia novamente com o Megadeth em "Youthanasia", "Cryptic Writings" e "The World Needs a Hero" (2001). É de Syme também outra capa famosa pelo seu tom realista: a de "The X Factor", álbum lançado pelo Iron Maiden em 1995.
"Countdown to Extinction" faz parte daquela categoria de discos que o tempo não consegue atingir. Tanto musicalmente quanto em relação às letras, ele segue soando atual. Responsável por fazer o Megadeth subir vários degraus rumo ao topo da música pesada, é também um álbum que figura entre os mais importantes, influentes e essenciais trabalhos da história do metal.
Obrigatório em qualquer coleção. De preferência merecendo audições constantes e em alto e bom som.
Outras resenhas de Countdown to Extinction - Megadeth
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
Iron Maiden confirma segundo show da "Run For Your Lives Tour" em São Paulo
O melhor compositor de letras de todos os tempos, segundo Axl Rose do Guns N' Roses
Regis Tadeu explica se reunião do Barão Vermelho terá tanto sucesso como a dos Titãs
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
O álbum conceitual do Angra inspirado no fim do casamento de Rafael Bittencourt
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
O disco que os Beatles chamaram de o maior álbum já feito; "imbatível em muitos sentidos"
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Thor da Marvel tenta tocar bateria com banda estourada de metalcore e dá ruim
Moonspell celebrará 30 anos de "Wolfheart" com show especial no Brasil
A banda clássica de rock em que Ozzy Osbourne era viciado: "Eles são como carne e batata"
Como um telefonema permitiu a participação do Twisted Sister no Bangers Open Air
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
De Tony Iommi a Jim Martin, os guitarristas que Max Cavalera admira

A "música da vida" de Kiko Loureiro, que foi inspiração para duas bandas que ele integrou
Dave Mustaine escolhe o guitarrista melhor do que qualquer shredder que existe por aí
O que James Hetfield realmente pensa sobre o Megadeth; "uma bagunça triangulada"
Cinco grandes bandas de heavy metal que passarão pelo Brasil em 2026
Dave Mustaine revela motivo de não haver reunião de ex-membros durante turnê de despedida
Como e por que Dave Mustaine decidiu encerrar o Megadeth, segundo ele mesmo
Dave Mustaine acha que continuará fazendo música após o fim do Megadeth
A melhor música que David Ellefson ouviu em 2016, segundo o próprio


