Moonspell: uma obra-prima com inspiração histórica
Resenha - 1755 - Moonspell
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 06 de julho de 2019
Já escrevi diversas vezes, mas vou deixar claro mais uma vez: é impossível ouvir todos os discos do mundo. Reitero isso como um pedido de desculpas por não ter incluído "1755", álbum mais recente do Moonspell, em minha lista de melhores de 2017. O disco passou batido pelos meus ouvidos, apesar dos inúmeros alertas que recebi de amigos e leitores. Só agora é que parei para ouvir com atenção o CD, que a Hellion Records lançou no Brasil e me enviou para avaliação. E aqui vai mais um chavão: antes tarde do que nunca.
"1755" é um álbum conceitual totalmente cantado em português, língua natal da banda, que foi criada em Portugal em 1992. O disco conta a história do terremoto, seguido por um tsunami, que devastou Lisboa no primeiro dia de novembro do ano de 1755. O terremoto é considerado um dos mais mortíferos da história, com a morte estimada de 10 mil pessoas. Além disso, foi também um dos mais fortes de todos os tempos, atingindo entre 8,7 e 9 graus na escala Richter.
Musicalmente, trata-se de um disco de metal com forte presença de elementos orquestrais, com canções climáticas que invariavelmente convergem em crescendos e refrãos cantados por coros. Tudo bem dramático e com um apelo operístico não no sentido dos vocais sopranos e clássicos, mas sim na concepção de contar uma história única tendo a música como fio condutor.
A escolha por cantar em português, além de soar pitoresca para o resto do mundo, aproxima o som do Moonspell dos ouvintes brasileiros e facilita a assimilação do que a banda está trazendo em todo o disco. E, ao contrário do que alguns insistem em pensar, o rock quando é bom combina com qualquer língua, e o português faz parte do pacote. A abertura com a climática "Em Nome do Medo", quase toda à capela em seus mais de cinco minutos, é de arrepiar e mostra que algo especial está para começar. E essa primeira canção realmente serve de cartão de visitas para o que o Moonspell preparou nas 11 faixas de "1755": muito provavelmente estamos diante do melhor trabalho do quinteto português.
O disco carrega uma profundidade lírica bastante clara, explorando de maneira inteligente letras muito bem escritas. A parte instrumental afasta a banda do black/death metal dos primeiros anos e traz uma sonoridade composta por diversos elementos dos mais variados gêneros do metal, tudo amarrado de maneira cirúrgica e resultando em uma música acessível para a maioria dos ouvidos.
A inclusão de uma releitura para "Lanterna dos Afogados", que já era uma música linda na versão original dos Paralamas, é outra bela surpresa. A versão do Moonspell é mais teatral e sombria, como era de se esperar, realçando ainda mais os aspectos melódicos e sentimentais da composição de Herbert Vianna. É algo tão bonito que só ouvindo para entender, em mais um acerto da banda.
"1755" é realmente um disco muito acima da média, um trabalho totalmente diferenciado do que o rock e o metal vem entregando nos anos recentes. Uma obra-prima desta já veterana banda portuguesa, que segue inquieta, criativa e relevante mesmo após 25 anos de carreira.
Absolutamente incrível!
Outras resenhas de 1755 - Moonspell
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



AC/DC anuncia show extra no Chile e encerra adição de datas na América do Sul
Como James Hetfield, do Metallica, ajudou a mudar a história do Faith No More
O guitarrista que é o melhor da história e supera Jimi Hendrix, segundo Steve Vai
Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
A melhor banda de metal de todos os tempos, segundo Scott Ian do Anthrax
A única música do "Somewhere in Time" do Iron Maiden que não usa sintetizadores
Os três melhores guitarristas base de todos os tempos, segundo Dave Mustaine
Os três clássicos do Iron Maiden que foram "copiados" do Michael Schenker Group
O álbum que rachou o Deep Purple: "O Jon gostou da ideia, mas o Ritchie não"
Os dois solos que, para Ritchie Blackmore, inauguraram a "guitarra elétrica inglesa"
A opinião de Rafael Bittencourt sobre bandas que ficam se apoiando no "Angraverso"
A maior lenda do rock de todos os tempos, segundo Geezer Butler do Black Sabbath
A música que encerrou todos os shows que o AC/DC fez no Brasil
A melhor música de cada disco do Metallica, segundo o Heavy Consequence
Cinco músicas totalmente excelentes lançadas em 2025

Os cinco anos de "1755", disco do Moonspell que narra a história uma grande tragédia
Sgt. Peppers: O mais importante disco da história?


