Hanoi Rocks: Back To The Mystery City é um álbum sincero
Resenha - Back To The Mystery City - Hanoi Rocks
Por Rafael Lemos
Postado em 17 de maio de 2019
Nota: 10
O Hanoi Rocks, um dos melhores produtos musicais da Finlândia, vinha produzindo trabalhos cada vez melhores. Porém, chega um ponto onde o nível de qualidade alcançado é tão alto que fica difícil ir além do que já se fez. A banda estava nessa posição, já que seus três trabalhos anteriores eram grandiosos e com músicas empolgantes.
Embora nao seja o mais vendido da carreira (posição atingida por "20 shots on the Rock", de 2002), "Back to the mystery city" conseguiu ser ainda melhor do que qualquer disco anterior. Com seu Rock sujo e descompromissado, o grupo finalmente atingiu o seu ápice criativo. Se trata de um álbum autêntico, sincero em reproduzir sonoramente o estilo de vida que os integrantes tinham na vida real. A musicalidade exala o clima de drogas e a decadência física decorrente do seu uso, o submundo noturno frequentado e o sexo que a banda estava vivendo. Assim como "Appetite for Destruction" do Guns and Roses (influenciados enormemente pelo Hanoi), é um dos discos mais verdadeiros que conheço. Só a capa, com Michael Monroe caracterizado como uma prostituta de subúrbio, já vale a pena (no Japão, saiu com outra capa, mostrando seu rosto).
A voz pouco técnica de Michael Monroe e o sax tocado por ele combinaram muito com as guitarras cheias de brilho de Andy McCoy e as bases sólidas de Nasty Suicide. A bateria do grande Razzle (aquele que faleceu no acidente provocado pelo vocalista do Motley Crue, Vince Neil) é marcante e dançante, entrando em uma sintonia perfeita com o baixo de Sam Yaffa.
Neste disco, consolidaram a busca de um estilo próprio, o que já vinha ocorrendo nos dois trabalhos anteriores. Se separaram da influência punk do primeiro disco e ressaltaram as influências dos Rolling Stones e do Aerosmith do início dos anos 70, o que acrescentou qualidade em todas as faixas. Andy McCoy assumiu a composição das letras e instrumental de todas as faixas, exceto "Beating gets faster", em conjunto com Monroe.
Após uma breve introdução, entra a dançante "Mallibu Beach Nightmare". De cara, notamos que a bateria é um diferencial neste disco, gravada bem mais forte do que nos anteriores. Um show de riffs onde também encontramos um ótimo som retirado do sax, tocado por Michael Monroe.
A grandiosa "Metal Beat" e o seu estilo de música de bad boy dos anos 50, vem em seguida. Um clássico, talvez a mais famosa da banda, que vem somente a comprovar como Razzle era um baterista que fazia o diferencial para o Hanoi Rocks. Embora seja a antítese da técnica, seu ritmo hipnotizante e sua batida forte e certeira são de impressionar. Os banking vocals harmoniosos se fundem com a voz meio que desleixada de Michael Monroe, soando de uma forma perfeita. Alguns efeitos de época na bateria dão um charme a mais.
A voz fica ainda mais descompromissada em "Tooting Bec Wreck", com seu baixo marcante, que logo abre espaço para a balada com letra romântica "Until I get you", bem ao estilo que remete aos anos 50, repaginado e com um clima um tanto quanto lisérgico e ebrio: uma das melhores da banda.
O estilo descontraído ressurge em "Sailing down the tears", onde temos algumas das melhores execuções de baixo ao longo de toda a música (prestem atenção).
"Lick summer love" é a única música regular do disco, um tanto quanto dissonante em relação às demais, mas o clima festivo e ébrio retorna com "Beating gets faster" e o seu inesquecível refrão.
O falso romantismo vem com "Ice cream summer" e sua metáfora sobre uma traição comparada com as estações do ano contada pela ingratidão amorosa de Rosalita, estupidamente chamada de "bitch" no início da canção.
E a faixa título encerra o álbum de forma genial, fundindo todos os elementos apresentados durante todo o álbum.
Que disco!
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