Pato Fu: A seriedade de sua música de brinquedo
Resenha - Música de Brinquedo - Pato Fu
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 18 de dezembro de 2018
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Em 2010, a banda mineira Pato Fu lançou álbum de covers. Nada demais se não houvesse detalhe muito especial: é tudo tocado com instrumentos de brinquedo ou brinquedos infantis. Daí o nome do álbum, Música de Brinquedo.
Brincadeira que resultou em trabalho que é a essência do espírito pop: irreverente, divertido, criativo, alegre, grudento e antropofágico. Pop é assim mesmo, que nem Pac Man, vai comendo tudo o que vê pela frente, sem medo de misturar Beethoven com Donna Summer, Shakespeare com biscoito verde de monstrinho. Afinal, nós que temos abaixo de 50 geralmente crescemos expostos a tudo, de Mazzaroppi a Monet; aquela coisa Beatles que misturava Bach com blues. E acabamos gostando de tudo um pouco.
O Brasil é macaco velho nessa mistureba de chiclete com banana, vide a Antropofagia Modernista, a Tropicália, o Mangue Beat, o trabalho dos contemporâneos como Zeca Balero, que citam com desenvoltura/desinibição Cartola e hip hop.
Música de Brinquedo é essa mistureba criativa. Os músicos escolheram repertório que vai de Love me Tender, de Elvis Presley, a Pelo Interfone, sucesso oitentista de Ritchie. Tem desde a cafonice gostosa de Rock and Roll Lullaby aos descolados japas do Pizzicato Five. Mas, o P5 era descolado justamente porque havia boa dose de glamour kitsch em sua mistureba! A seleção de canções reflete muito bem nossa geração de 50tões, que curte tanto My Girl quanto o Frevo Mulher, da Amelinha.
Os arranjos seguem o mais perto possível os versões, mas a criatividade está em fazê-los soar bem com mini-instrumentos e toda sorte de bonequinhos e bugigangas que fazem barulhinho. São bichos de borracha que apitam, os sons do Genius, xilofones, cornetinhas de plástico e tantas coisas mais.
Além de criativo, Música de Brinquedo arranca gargalhadas, basta comparar os sax ensandecidos da versão original de Ska, dos Paralamas, com os da versão do Pato Fu. Mas, não é piada que perde a graça passada a primeira audição. Cada ouvida traz á tona um detalhe e as canções se sustentam depois que perdem a graça, por um motivo simples: os arranjos são criativos, os instrumentos bem tocados e a voz de Fernanda Takai continua etérea, puro twee pop.
Mistura de público também é a tônica do CD. Porque, se a abordagem é infantil e há delicioso acompanhamento de duas crianças fazendo backing vocal, o repertório não é "infantil’. Fernanda contou que uma das crianças perguntou o que significava o verso "outonos caindo secos na palma da minha mão" . A vocalista respondeu: "não se preocupe, a gente também não entende o que quer dizer". Quem entende? Quem se importa? A gente curte Frevo Mulher desde 1979 e nunca se preocupou mesmo em querer saber o significado da letra. A música é delícia e pronto.
Mas, então, o álbum é para crianças ou adultos? Música de Brinquedo é para todo mundo que curta pop de verdade, independentemente de idade. Outro grande mérito do Pato: criar um álbum que pode ser curtido por pais e filhos, tios e sobrinhos. Pop ousado, criativo e ainda assim, acessível.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Metal Hammer aponta "Satanized", do Ghost, como a melhor música de heavy metal de 2025
A música do Motörhead que marcou Derrick Green, vocalista do Sepultura
Novo álbum do Violator é eleito um dos melhores discos de thrash metal de 2025 pelo Loudwire
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
Os 50 melhores álbuns de 2025 segundo a Metal Hammer
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
Guitarrista do Megadeth homenageia o falecido Alexi Laiho; "Serei eternamente grato"
Rob Halford acha que Lemmy Kilmister era um compositor brilhante

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional


