Spacegoat: Mistura de Black Sabbath com Flower Travellin' Band
Resenha - Superstition - Spacegoat
Por Ricardo Cunha
Fonte: Esteriltipo
Postado em 22 de setembro de 2017
Nota: 9
Fundada em 2010, no México, pelos irmãos Miguel (guitarra) e Gina Ríos (vocal e guitarra), a banda, complementada por Rey Fraga (bateria) e Rigo Vigil (baixo) faz uma mistura de rock clássico cujas principais influências vão de Black Sabbath até os desconhecidos do Flower Travellin' Band. A discografia da banda consta de um EP auto-intitulado (2012) e do full length Superstition (2016), do qual agora falaremos.
Antes de falar do disco, uma curiosidade: por motivos financeiros, a banda recorreu ao "Kickstarter" para, mediante financiamento coletivo, lançar o seu álbum de estreia. No que foi bem sucedida!
Agora vamos ao que importa: Creio que ouvir um disco que prenda a atenção da primeira a última faixa é um desafio a que muitos se propõem sem, contudo, encontrar satisfação plena. Bem, neste caso e, para este que vos escreve, foi diferente. Já na primeira faixa, Doomensional o exercício começou a valer a pena. Seguindo para Transmuta (cantada na língua materna) até As we Land já me sentia parcialmente desconectado de tudo ao redor. Em Superstition comecei a experimentar uma sensação de relaxamento que mais tarde foi se tornando incômoda. Como se uma ferida já cicatrizada estivesse sendo aberta, e era estranho porquê, ao mesmo tempo que incomodava, gerava alívio. Na sequência, em Purple Sand, a sensação era de estar sendo jogado de lado para outro sem que houvesse algo em que pudesse me agarrar para então, encontrar o equilíbrio por conta própria.
Em Astral o que parecia ser uma trégua, foi mais um turbilhão de sentimentos. Gina Ríos canta com o coração, sendo por isto, a maior responsável pela angústia (no bom sentido) que as canções provocavam à medida que avançava na audição. The Wooden Path, trouxe paz ainda que de forma melancólica. Erase The Sun se introduz como o próprio "Doom", mas se transforma numa canção potencialmente destruídora (tente "não sentir" ouvindo-a!). Sacred Montain é uma das mais "Stoner" do disco e dá uma pausa no fluxo de sentimentalismos. Finalmente, Sleeping Hours e, com ela, um misto de euforia e inconformismo. Ao término da audição, a sensação era a de como se estivesse em transe e me recusasse a acordar.
Para concluir resta externar que passo a gostar menos do termo Stoner, por considerá-lo limitativo. Quanto ao disco, "Superstition" é daqueles capaz de despertar no ouvinte a sensação de uma viagem sem fronteiras. Levando-o a transpor-se para espaços imaginários sem necessariamente sair da origem. As canções parecem compor um jogo de temas psicológicos anexados a elementos de desgraças as quais o mundo sempre esteve submetido, acrescidos (ainda) de um toque de melancolia. O que, na minha opinião, equivale a dizer que este é um dos melhores lançamentos do gênero no ano de 2016.
Referências: Desert Psychlist, Spacegoat Facebook, Spacegoat BandCamp, Spirit of Metal.
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