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Exorddium: Heavy Metal Clássico no sentido mais estrito do termo

Resenha - Leviatã - Exorddium

Por Bruno Rocha
Postado em 18 de julho de 2017

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Heavy Metal!

Clássico. Tradicional. Sem denominações, subgêneros ou rodeios. O mais puro Heavy Metal é o que a banda EXORDDIUM, de Contagem, pratica e faz questão de enaltecer em suas letras. Fundado em 2004, o grupo mineiro lançou seu primeiro álbum de estúdio, "Sangue Ou Glória", no ano de 2013. E agora em 2017 o quinteto chega em seu segundo full-length, intitulado "Leviatã", com a mesma proposta, simples e honesta: honrar o Metal em suas letras e músicas.

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Mesmo que você consiga catar alguma referência ao Metal do SAXON, por exemplo, o EXORDDIUM traz em seu sangue o puro DNA do Metal brasileiro; aquele tipo de musicalidade da qual, numa primeira audição, você já arrisca dizer que a banda é brasileira, algo que sentimos genuinamente em nomes como ETERNA e TROPA DE SHOCK. As letras em português só reforçam esta sensação, que é boa! É ótimo você perceber que o Metal feito em seu país é genuíno, peculiar e com uma sonoridade só nossa. Tanto no lado Extremo, em que Minas Gerais é referência mundial, como no lado tradicional e melódico.

Voltando a falar do novo álbum do EXORDDIUM, ele começa com um instrumental acústico, "Oceano Das Almas Perdidas", muito belo, sob responsabilidade do guitarrista Fernando Amaral. Passada esta intro, o Metal chega para tomar o seu lugar com a faixa-título, que já mostra um som pesado e bem-produzido do grupo. Os arranjos compostos por dobras de guitarra, executados em acordes com belas notas dissonantes, fazem o som do EXORDDIUM ser emoldurado em muito bom-gosto e peso, além de atestar a qualidade técnica da dupla de guitarristas, que também é formada por Paulo César.

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O vocalista Eduardo Bisnik tem o timbre perfeito para cantar este tipo de Heavy Metal, com uma ótima impostação de voz, e sabendo domar seus vibratos e agudos com parcimônia. Suas letras, como já foi dito, tem a simples e nobre intenção de enaltecer nosso estilo musical amado, conclamando a todos os bangers a cantarem junto e curtir uma diversão ao som do mais puro Rock Pesado. Vide as faixas "Hail", "Irmãos No Metal" (pesadíssima, e que conta com a participação do guitarrista Tom Leandro) e "Brinde À Vida".

A música "Coração De Aço" é uma ode às motocicletas. Sua estrutura é simples, porém eficiente, ainda, seu ritmo cadenciado favorece a voz de Eduardo e o baixo gorduroso e bem tocado de Nícolas Cortelete. Uma cadência safada e contagiante guia a música "Filhos Da Noite". Já um ritmo acelerado e frenético dá início à faixa "Dama Das Sombras", que depois decai para o Doom maldoso, tão maldoso quanto a ação das bruxas que enfeitiçam os frágeis homens, de acordo com a letra.

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Todas as faixas aqui apresentadas trazem uma competente condução por parte da cozinha composta pelo baixista Nícolas Cortelete e pelo baterista Jailson Douglas. O trabalho de guitarras é primoroso, com solos rápidos e técnicos, porém executados no limite da sensatez, carregados por bases firmes e pesadas.

Nada desta ótima sonoridade seria derramada neste disco se não fosse pelo ótimo trabalho do produtor André Cabelo, que comandou o EXORDDIUM no Estúdio Engenho e conseguiu extrair o melhor da performance da banda, além de deixar a sonoridade de "Leviatã" com uma qualidade impecável: crua, orgânica, limpa e com todos os instrumentos destacados. O elemento também registrou as trilhas de teclado presentes na faixa-título e em "Dama Das Sombras".

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Destaque para a arte de capa. Que trabalho primoroso este que o senhor Marcel Briani retratou! A proeminente cor dourada enaltece o poder das composições do EXORDDIUM, enquanto o gigante monstro bíblico Leviatã trata de por em prática sua hecatombe contra a indefesa nau retratada na capa. Falando no tal do Leviatã, o cantor Bisnik não escreve letras só sobre o Metal não. Basta ler suas letras sobre o Leviatã na faixa-título. Recomendo que ele se arrisque mais fora de sua zona de conforto e varie mais nas temáticas líricas. A faixa-título e "Dama Das Sombras" são amostas cabais do dom de composição do vocalista.

Como foi dito no começo deste texto, a banda não traz nada de inovador. Se esta é a intenção do EXORDDIUM, ok, é deveras nobilíssima! Mas o grupo precisa ainda desenvolver melhor uma identidade, conceder aos ouvintes algo que faça seu som ser diferenciado das demais bandas. Não precisa reinventar a roda; basta agregar algo a mais em suas composições. Talento, todos os cinco integrantes têm. Basta quebrar a cabeça e botar a criatividade para rodar, que é certeza este intuito dar certo.

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Um adendo que gostaria de destacar, antes de finalizar: o álbum "Leviatã" foi custeado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura da cidade de Contagem. Bom seria se esta iniciativa reverberasse em todas as cidades brasileiras a fim de apoiar a cultura local, ao invés de tais instituições gastarem oceanos de dinheiro em artistas abastados e de qualidade musical duvidosa. O bom e maroto pão-e-circo. Parabéns à Prefeitura de Contagem!

Este álbum é altamente recomendado para quem quer, tão-somente, curtir o bom e velho Heavy Metal!

Leviatã - Exoddium (Roadie Metal, 2017)

Tracklist:
01. Oceano Das Almas Perdidas
02. Leviatã
03. Hail
04. Irmãos No Metal
05. Coração De Aço
06. Brinde À Vida
07. Filhos Da Noite
08. Dama Das Sombras

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Line-up:
Eduardo Bisnik - vocais
Paulo César - guitarras
Fernando Amaral - guitarras
Nícolas Cortelete - contrabaixo
Jailson Douglas - bateria

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Sobre Bruno Rocha

Cearense de Caucaia, professor e estudante de Matemática, torcedor do Ferroviário e cafélotra. Entrou pelas veredas do Heavy Metal na adolescência e hoje é um aficionado e pesquisador de todos os gêneros mais tradicionais desta arte e de suas épocas. Tem como forte o Doom Metal, não obstante o sol de sua terra-natal.
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