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Tumulto: regravação de split mostra banda mais afiada que nunca

Resenha - Conflitos Sociais - Tumulto

Por Bruno Rocha
Postado em 14 de julho de 2017

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

A banda TUMULTO foi fundada em 1991 na belíssima cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Na época, o grupo se propunha e executar um Punk/Hardcore enérgico e pesado. Com pouco tempo de existência, o grupo lançou um split ao lado da banda de Morthal, que praticava um Death/Thrash Metal. O TUMULTO ocupou todo o Lado A daquele split com seis composições próprias, batizando seu lado de "Conflitos Sociais", enquanto o MORTHAL chamou o seu de "Scar In Flesh". Com o passar dos anos, o grupo foi mudando de formação e também de sonoridade, colocando um pezão no Thrash Metal, mas sem perder a essência pujante do Hardcore, tendo inclusive lançado um álbum de estúdio no ano de 2007, intitulado "Fight".

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Hoje, apenas o baterista Márcio Duarte permanece da formação que gravou "Conflitos Sociais". Com a formação em power-trio atualmente composta por Germano Duarte (guitarras, vocais) e Rafael Feldman (baixo), o TUMULTO resolveu regravar o seu lado daquele split, e relança-lo 25 anos depois, em 2017.

Com todas as facilidades que a modernidade e a tecnologia de hoje oferecem, a versão atual de "Conflitos Sociais" ficou, logicamente, bastante superior a original de 1992 no que concerne a qualidade sonora. Além disso, as músicas ganharam novas roupagens, graças aos tons mais baixos, que ofereceu um peso maior às músicas, e as timbragens Thrash das quais o TUMULTO se alimenta faz muito tempo, deixando as músicas de "Conflitos Sociais" dentro de uma interseção de conjuntos de Heavy Metal, Thrash e Hardcore. Em certos momentos, algumas músicas nos redirecionam ao Heavy Metal típico do MOTÖRHEAD, exemplificadamente, as músicas "Massacrados" e a faixa-título.

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Germano Duarte é dono de berros poderosos que são tão agressivos quanto as timbragens Thrash da banda. Porém, sua abordagem Thrash não encaixa tão bem assim com a pegada Hardcore que rege este trabalho. Outrossim, seus solos de guitarra possuem um feeling diferente dentro do Hardcore, o que confere um diferencial a veterana banda. Arranjos bem-construídos e criativos são inerentes à música "Corruptos", enquanto o sentimento de revolta é o conteúdo da pesada "Humanidade Desumana", sentimento este que é reforçado pelos coros do refrão. Já as músicas "Realidade" e "Sociedade É Uma Prisão", respectivamente começo e fim do álbum, trazem melodias arranjos pesados e enérgicos, que enaltecem a luta e a garra do guerreiro brasileiro.

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As músicas fortes refletem o sentimento das letras que, como é de praxe no Hardcore, expressam revolta e raiva contra as ilicitudes e as injustiças em que nós vivemos. Mas é impossível não detalhar que essas letras foram escritas no começo dos anos 90 e ainda assim continuam em voga até hoje, descrevendo certeiramente a atual situação do Brasil.

O baixista Rafael Feldman dá uma aula de como fazer um contrabaixo soar e trabalhar com perfeição e destaque. O estalado de seu timbre é controlado, o que dá à competência do baixista mais um ponto. D.D. Verni e Jack Gibson deveriam ouvi-lo para aprender a esconder ao menos um pouco suas irritantes sujeiras em seus timbres de contrabaixo. Márcio Duarte também é um destaque com seu toque forte, conduções precisas de bateria e influência nítida da pegada de Lars Ulrich, baterista daquela banda (bateristas, sosseguem o faxo! Lars Ulrich pode não ser um primor em se tratando de técnica, mas possui algo essencial para qualquer músico: identidade! Então, tê-lo como inspiração é uma atitude digna de aplausos). A competência do trio é reforçada ao se constatar as versões de "Meu Filho" (CÂMBIO NEGRO HC), "Desconstrução" (AÇÃO DIRETA) e "Medo" (CÓLERA), todas com a identidade do TUMULTO, sem alterar a características originais.

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O som muito bem-acabado teve o comando de Emerson Pereira e mixagem de Anderson Vieira, que fizeram um trabalho perfeito em deixar o TUMULTO soando moderno (não "modernoso"), com pegada, cru na medida certa e com os instrumentos e vozes com o merecido destaque. O artista Elielcio Dreher reformulou a imagem original da capa de "Conflitos Sociais", espelhando o clima pesado que a banda cria em suas composições.

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Caminhando para os trinta anos de história, esta banda de Foz do Iguaçu continua causando tumulto e movimento, se mantendo relevante para a cena underground brasileira. Aguardemos o que o trio anda preparando com relação a músicas inéditas, pois esta regravação de "Conflitos Sociais" foi uma grande ideia e foi muito importante no sentido de manter a banda relevante. Que o TUMULTO ainda cause muito alvoroço.

Conflitos Sociais – Tumulto (independente, 2017)

Tracklist:
01. Realidade
02. Massacrados
03. Corruptos
04. Conflitos Sociais
05. Humanidade Desumana
06. Sociedade É Uma Prisão
07. Meu Filho (Câmbio Negro HC)
08. Desconstrução (Ação Direta)
09. Medo (Cólera)

Line-up:
Germano Duarte – vocais, guitarras
Rafael Feldman – contrabaixo
Márcio Duarte - bateria

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Sobre Bruno Rocha

Cearense de Caucaia, professor e estudante de Matemática, torcedor do Ferroviário e cafélotra. Entrou pelas veredas do Heavy Metal na adolescência e hoje é um aficionado e pesquisador de todos os gêneros mais tradicionais desta arte e de suas épocas. Tem como forte o Doom Metal, não obstante o sol de sua terra-natal.
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