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Pentagram: Firmados sejam os alicerces do Doom Metal

Resenha - Pentagram - Pentagram

Por Bruno Rocha
Postado em 02 de fevereiro de 2017

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Em 1971 foi fundada no estado da Virginia, EUA, a banda PENTAGRAM através do vocalista Bobby Liebling e do baterista Geof O'Keefe. A banda surgiu como uma promessa de resposta americana aos ingleses do BLACK SABBATH, juntamente com os nova-iorquinos do SIR LORD BALTIMORE, e qualidade para tal posto a banda tinha de sobra. (Uma rápida pesquisada nos trabalhos setentistas do PENTAGRAM comprovam a veracidade deste fato. Tais trabalhos também se encontram nas compilações 'First Daze Here (The Vintage Collection)' (2002) e 'First Daze Here Too' (2006), ambas lançadas via Relapse Records).

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Entretanto, várias separações e mudanças de formação impediram a banda do guerreiro Bobby Liebling de alçar altos voos ainda nos anos 70, o que fez sua banda sempre permanecer no underground, enquanto a britânica supracitada alcançava a fama (desde a fundação até hoje, já passaram pelo PENTAGRAM 34 músicos!). A banda reformulou-se novamente em 1978, desta vez com o baterista Joe Hasselvander (RAVEN). Neste ínterim, em 1980 o guitarrista Victor Griffin e o baixista Lee Abney criaram o DEATH ROW, também com sonoridade fortemente influenciada pelo BLACK SABBATH. Griffin conheceu Hasselvander e resolveu mudar a sua banda para a região norte da Virginia, onde foi apresentado a Bobby Liebling. Com o ótimo entrosamento desenvolvido em apenas um ensaio, as duas bandas fundiram-se em uma só, permanecendo o nome da banda do guitarrista. Em pouco tempo, o baixista Lee Abney foi substituído por Martin Swaney, que já havia tocado no PENTAGRAM. Com a formação fixada em Liebling, Griffin, Swaney e Hasselvander, o DEATH ROW registrou a demo 'All Your Sins', lançada em janeiro de 1982. Este trabalho é de extrema relevância, pois é considerado uma das primeiras gravações do chamado Doom Metal, estilo que conquistou sua emancipação na década de 80 por meio de bandas como SAINT VITUS, TROUBLE, THE OBSESSED e WITCHFINDER GENERAL. Digo 'emancipação', pois o Heavy Metal nasceu sob o aspecto do Doom Metal. Ou vai dizer que os primeiros álbuns do BLACK SABBATH não são Doom?

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O grupo voltou a adotar o nome PENTAGRAM em 1983 e lançou o seu debut, autointitulado, em 1985. Mas o debut é exatamente a mesma demo 'All Your Sins', dos tempos de DEATH ROW, desta vez remixado e com a ordem das músicas alterada. Neste álbum, encontra-se a mais pura influência da banda de Tony Iommi, retratada pelos norte-americanos com competência pericial e peso absurdo. Ao longo de todo o álbum Victor Griffin destila todo o seu feeling com riffs pesadíssimos e levadas Doom (Griffin talvez seja o melhor aluno da escola de Tony Iommi), somados a solos bebidos direto das fontes do Blues. Hasselvander e Swaney formam uma cozinha precisa, conduzindo com destreza o ritmo lento do Doom e as incursões por passagens rápidas (lembrando que Hasselvander é baterista do RAVEN, então de ritmo rápido ele entende!). E o caricato Bobby Liebling entoa as letras das canções com a crueza e sujeira habituais da sua voz, sujeira essa oriunda de boas doses de poeiras alucinógenas. Digo isso sem demérito para o cantor de olhos esbugalhados; Liebling sempre foi um ótimo vocalista. Enfim, um álbum feito para bater cabeça; riffs e grooves andam de mãos dadas com perfeição.

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Dentre as onze faixas de 'Pentagram', pode-se destacar 'Relentless', que começa rápida e depois decai para um Doom cheio de groove, a animada 'Sign Of The Wolf', o Doomzão de 'All Your Sins' e o arrasa-quarteirão de 'Death Row'. Menções especiais também para o clima lúgubre de 'The Ghoul' e para a música '20 Buck Spin', que é exatamente a versão que aparece na demo 'Bias Recordings Studio', de 1973, e que mostra um soturno Rock setentista.

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A sonoridade suja do álbum nos entrega um clima pesado; uma aura sombria parece percorrer todos os 43 minutos do disco. Ajudam a formar este tempo carregado as letras que vão do ocultismo à licantropia e a capa, tão-somente um fundo preto com a logomarca da banda em roxo na parte inferior. Estavam finalmente firmadas as bases do Doom Metal.

Com este clássico o PENTAGRAM se consolidou como um dos pilares do gênero maldito, e desde então serve de influência para os novos representantes do estilo que começariam a surgir na segunda metade da década de 80 e agora para as novas bandas que estão trazendo o cheiro do incenso da atmosfera setentista de volta, como WITCHCRAFT, ORCHID, BLOOD CEREMONY e THE ORDER OF ISRAFEL, dentre várias outras.

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O debut foi relançado em 1993 com o nome 'Relentless', nome pelo qual o álbum é mais conhecido hoje, pela Peaceville Records, com nova capa e a mixagem e a ordem das músicas originais da demo 'All Your Sins'.

Depois de novas mudanças de formação e vários problemas pessoais de Bobby Liebling, hoje com 63 anos, a lenda PENTAGRAM continua até hoje firme e forte guerreando nos territórios do Doom. Além de Bobby e de seu fiel companheiro Victor Griffin, hoje com seu timbre mais pesado do que nunca, temos no baixo Greg Turley, sobrinho de Griffin, e 'Minessota' Pete Campbell na bateria.

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Maiores detalhes da época de 'Pentagram' podem ser encontrados no link abaixo (em inglês):

http://joehasselvander.blogspot.com.br/

Pentagram – Pentagram (Pentagram Records, 1985)

Line-up:
Bobby Liebling – vocais
Victor Griffin – guitarras
Martin Swaney – baixo
Joe Hasselvander – bateria

Track-list:
01. Relentless
02. Sign Of The Wolf (Pentagram)
03. All Your Sins
04. Run My Course
05. Death Row
06. Dying World
07. The Ghoul
08. You're Lost, I'm Free
09. The Deist
10. Sinister
11. 20 Buck Spin

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Sobre Bruno Rocha

Cearense de Caucaia, professor e estudante de Matemática, torcedor do Ferroviário e cafélotra. Entrou pelas veredas do Heavy Metal na adolescência e hoje é um aficionado e pesquisador de todos os gêneros mais tradicionais desta arte e de suas épocas. Tem como forte o Doom Metal, não obstante o sol de sua terra-natal.
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