Punk: a energia crua e a manipulação dos anos iniciais
Resenha - Raw Energy - Early Years of Punk
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 21 de maio de 2016
O punk chocou muito pelos adereços como alfinetes, calças rasgadas e maquiagem pesada, além dos cabelos moicanos espetados. Não demorou para essa rebelião virar de butique e estilistas lançarem caras calças que já davam impressão de surradas.
No Brasil, a novela Champagne (1983-4) popularizou um penduricalho "punk". Metade dos jovens e adolescentes comprou um colar feito com fio de telefone e um cadeado como pingente, copiado da personagem Greg, filhinho de papai revoltado que passara anos em Londres e voltara punk. Quando se investiga qual era sua canção na trilha do folhetim, descobre-se que era All Night Long, do Lionel Ritchie. Realmente superpunk!
Se nos idos de 77, os jovens punks culpavam os hippies por sua "revolução" ter dado em nada, os filhotes dos anos 70 devem ter feito o mesmo. Modismo e consumo à parte, o punk mudou a música jovem, tirando-a do reino dos peritos pop stars para colocá-la nas mãos duma molecada que sequer sabia tocar.
Para dar uma sacada em parte dessa moçada, à época em que tudo fervia na Inglaterra, indispensável assistir a Raw Energy: The Early Years of Punk, produzido em 78. A proximidade com a explosão de 77 e a contemporaneidade das questões tratadas tornam-no inestimável.
Narradora muito discreta e entrevistas pincelam temas como a perseguição policial, proibição de se apresentar em muitos lugares na Inglaterra, o sensacionalismo dos tabloides, o costume punk de demonstrar apreciação nos shows com cusparadas de cerveja e, muito reveladoramente, o quanto de tudo isso não passava de moda, entretenimento, trollagem amplificada pela mídia sedenta de escândalos pra vender jornais.
Muita gente com cara colorida (o New Romantic canibalizaria essas maquiagens) e cabelo armado reclama de como os anos 70 eram entediantes até a chegada do punk. Não deixam de ter razão: nos shows prog, por exemplo, a plateia tendia a estar sentada, chapadamente escutando virtuosos.
Interessante escutar um executivo de grande corporação dizer que as letras rebeldes não ofereciam perigo; a "mensagem" era a própria música. Esses caras são espertos.
O muso glam Marc Bolan – já falecido quando o documentário foi lançado – vaticina: a explosão de 77 foi a ponta de lança, o melhor estava por vir com a irradiação do ideário punk pra outras áreas e seu esfacelamento em miríades de subgêneros. Antenado Bolan; Siouxsie and the Banshees, X Ray Specs, The Cure e tantos outros já faziam isso.
Também muito legal ver o pessoal todo muito jovenzinho, fresquinho. Siouxsie Sioux, Johnny Rotten e Billy Idol, que depois viraria pop star profissional, morando em Los Angeles.
Punk the Early Years está recheado de números ao vivo. Dá para ver como as meninas do The Slits eram mesmo toscas ao vivo (superpunk!), como Eddie and the Hot Rods era bem pouco punk; parecia algo dos anos 50 que tivesse tomado ácido; como o desgramado do Idol tinha carisma para estrela pop!
Os documentaristas seguiram a estética da colagem na edição e na confecção dos créditos, assim, o programa é formalmente fiel ao tema abordado.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
Dave Mustaine cutuca bandas que retomaram atividade após turnês de despedida
Os trabalhos do Guns N' Roses que Slash evita rever; "nem sei o que tem ali"
Wolfgang Van Halen diz que as pessoas estão começando a levar seu trabalho a sério
Motörhead "salvou" baterista do Faith No More de ter que ouvir Ted Nugent
A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
O que Max Cavalera não gostava sobre os mineiros, segundo ex-roadie do Sepultura
O padrão que une todos os solos da história do Iron Maiden, segundo Adrian Smith
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
O melhor álbum de thrash metal lançado em 2025, segundo o Loudwire
Clemente segue no CTI, informa novo boletim médico
A melhor música do AC/DC de todos os tempos, segundo o ator Jack Black
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Metal Hammer aponta "Satanized", do Ghost, como a melhor música de heavy metal de 2025
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
King Diamond: o "Rei Satânico"
A maior banda de Heavy Metal de todos os tempos para David Ellefson
Two and a Half Men: Participações de astros do rock

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
Coldplay: Eles já não são uma banda de rock há muito tempo



