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Triumvirat: "Spartacus", a força superior da Alemanha

Resenha - Spartacus - Triumvirat

Por Rafael Lemos
Postado em 10 de março de 2016

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Após uma bem sucedida tour pelos Estados Unidos, o Triumvirat decidiu voltar ao estúdio, entre fevereiro e março de 1975, para dar continuidade ao trabalho deles. Desta vez, as gravações não ocorreriam na Alemanha, mas nos Estados Unidos. Ao irem por lá durante a primeira tour, notaram que a condições americanas de gravações e tecnologia eram superiores às quais estavam acostumados na Alemanha. Jürgen Fritz chegou a se mudar para Los Angeles, seguido do baterista Hans Bathelt. Ambos conheceram e se casaram com suas esposas e viveram por muitos anos nos Estados Unidos, mais especificamente até o final da tour do álbum seguinte, "Old loves die hard", quando regressaram à Alemanha para resolver problemas sobre a banda.

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"Spartacus" consagrou o sucesso do grupo nos Estados Unidos, estando entre os 30 álbuns mais vendidos naquele país no ano de 1975. Isso se deu devido a dois fatores importantes: o primeiro diz respeito à qualidade, pois a banda manteve a mesma formação do disco anterior (Jürgen Fritz no órgão e piano, Hans Bathelt na bateria e Helmut Köllen no baixo e vocal), o que aumentou a interação entre todos eles e fez com que se focassem somente nas novas composições, não sendo preciso com que novos integrantes aprendessem a tocar as músicas antigas. O segundo fator se refere à popularidade. Trata se de uma de uma estratégia pensada pelos integrantes da banda: eles passaram, com "Spartacus", a fazer músicas mais curtas, sem perder a criatividade, intensidade e progressividade, objetivando com que as mesmas fossem tocadas nas rádios, atingindo o maior número de pessoas.

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O Triumvirat decidiu fazer um álbum conceitual com temas históricos, ampliando a ideia que havia começado em seu primeiro disco, "Mediterranean Tales". Naquele trabalho, somente a primeira música abordava o tema central. Já no segundo disco, todas as músicas contavam uma mesma história. E neste terceiro, uniram ambas as ideias: contar de forma cronológica a história do escravo e gladiador romano Espártaco em todas as suas canções. E o resultado foi belíssimo, uma verdadeira viagem histórica da qual o ouvinte não quer retornar, embalada pelas melodias criativas que lhe prendem do começo ao fim.

Espártaco foi um prisioneiro de guerra que nasceu na Trácia em 108 antes de Cristo e morreu em Roma em 71 antes de Cristo, aos 38 anos de idade. A Trácia havia sido conquistada pelos romanos na época da chamada Grande Expansão, quando o império conquistou a maior parte do mundo conhecido naqueles tempos. Spártaco, inicialmente, havia sido designado a defender o exército romano, mas acabou se revoltando e instigando os soldados a se voltarem contra o imperador. Com isso, perdeu o seu posto e foi transformado em escravo. Nessas condições, e ainda com ideias de liberdade, liderou um grupo enorme de escravos que tentaram se libertar do poder de Roma. A banda teve o cuidado de utilizar escalas que eram populares na Roma antiga, trazendo a sensação sonora daqueles tempos para os ouvintes atuais, em especial nas canções instrumentais.

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O disco se inicia com o som fantástico e psicodélico do órgão em "The capital of Power", uma introdução bem agradável onde se imagina o poder em que o império Romano foi em épocas passadas.Em seguida, temos "The school of instant pain", uma pequena suíte dividida em três estágios, onde é descrito o cotidiano da escola de gladiadores, onde os escravos eram treinados para lutarem. Essa escola residia em Cápua, na Itália e era comandada por Lêntulo Batiato, que também se sustentava através da compra de escravos, dos quais eram revendidos em Roma para fazerem quaisquer funções de difícil realização. Espártaco agradou pelo seu vigor físico e, então Lêntulo decidiu o colocar em sua escola de gladiadores, onde se tornou um dos mais fortes e profissionais nessa atividade. As músicas são narradas em primeira pessoa, no caso, pelo próprio Espártaco, que descreve o seu treinamento: era obrigado a matar o oponente com armas ou com as mão, assim como os animais. Um escravo tido como gladiador não podia mudar de função, e Espártaco, assim como os demais, sabia que estava condenado a lutar para sempre. Cada trecho da suíte abrange um ritmo onde se imagina os acontecimentos, desde os ensinamentos na escola de gladiadores até o momento da batalha. As linhas de voz e interpretações de Helmut Köllen são de impressionar e a bateria de Hans Bathelt cria um suspense geral. No início da canção, Jürgen Fritz mescla piano e órgão em uma perfeita simbiose.

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"The walls of doom" é uma intrumental que se desenvolve em cima de duas melodias, uma mais calma e a outra semelhante a um clamor de batalha. Representam o momento em que os gladiadores são guardados na cela, onde precisam esperar até o amanhecer, onde novamente serão treinados a lutar.

"The deadly dream of freedom" é uma música do Triumvirat que pode facilmente entrar na lista das cinco mais belas canções da banda. Ela é lenta e cheia de melodias, um dos poucos momentos onde se tem um violão, tocado por Köllen. A música é também embalada pela sua voz, assim como por um piano, com alguns trechos de órgão. Nela, é contado os anseios de Espártaco, que compartilha com os demais escravos em sua cela a esperança de um futuro onde possam se ver livres da situação de escravidão. Essas ideias ecoaram entre todos eles, que rapidamente fizeram um levante contra os romanos opressores, imaginando que um novo futuro era possível.

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"The hazy shades of dawn" é uma instrumental onde se imagina os primeiros feitos dos escravos ao lutar pela liberdade: assassinaram os guardiões da escola de gladiadores e tomaram as suas armas para poder lutar contra o exército romano. A música possui um ritmo de marcha, dando a sensação da luta iniciada por eles.

"The burning sword of Capua" narra a primeira luta dos homens comandados por Espártaco contra um número pequeno de soldados do exército da cidade de Cápua, que foram enviados para acabar com a situação. Espártaco ganha esse combate e consegue mais armas para os seus homens. É outra música instrumental, porém, bem mais sombria do que a anterior, representando o perigo iminente pelo qual os escravos estão por passar. Ela é conduzida pelo órgão tocado por Fritz e por belas variações na base feita pó Köllen e Bathelt.

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"The sweetest sound of liberty" mostra que uma pequena parcela da população passou a aderir às causas dos escravos. Espártaco diz para o povo sobre liberdade e isso representou perigo à Roma, que enviou o seu exército para reprimir os escravos e mata-lo. É uma música ritmada, até mesmo simples para o nível do Triumvirat, mas é com certeza uma das que possui um dos mais bonitos refrão, seja na linha de voz ou em suas palavras: "Sonhar sobre liberdade é fácil fazer. Você precisa lutar e ganhar, nunca perder".

"The march of eternal city" é uma suíte dividida em três partes. Se trata da maior música do álbum, com pouco mais de oito minutos somente, o que é bem pouco se comparado com canções de álbuns anteriores. É uma música que se desenvolve, inicialmente, sobre uma base simples semelhante a um blues, e que vai se tornando mais complexa em seu desenrolar. Tem um dos melhores solo de órgão do disco, além de trechos onde se usa muita sincopa. Nela, os homens de Espártaco marcham em direção à Roma, onde entram em contato com uma parte relativamente grande do exército. Espártaco acaba vencendo essa batalha e a esperança de liberdade aumenta no coração dos gladiadores.

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O disco se encerra com a melhor música deste trabalho, a faixa título "Spartacus". Nela, Marcus Crasso é designado para liderar o exército romano e exterminar a vida dos escravos. Nisso, outro general romano, Pompeu, estava retornando de outra batalha e também é ordenado a mata-los. Temendo que a fama fosse dada a Pompeu, Crasso intensifica o ataque. Não havia escolha para Espártaco a não ser lutar até a morte. A forma como a letra da música aborda as batalhas e os valores dos ideais de Espártaco são de um sentimento inigualável. O destino aos escravos eram dois: ou seriam crucificados ou devorados por leões. O instrumental da música e as melodias de voz traduzem todos esses momentos de sangue, luta, desespero e dor, em ritmos de guerra feitos por Hans Bathelt em sua bateria em conjunto com o baixo de Köllen. Encerra-se com uma melodia instrumental muito bem composta por Jürgen Fritz em seu órgão, que demonstra as glórias da vitória romana.

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O encarte, assim como os demais, possui fotos e textos.

A edição em CD remasterizada em 2002 consta com duas bônus. Uma é uma relíquia,a versão ao vivo de "The capital of power". Essa música fez parte de um show nos Estados Unidos em 1975 e saiu em um dos poucos bootlegs da banda, "Live tour 74-75". Ela, também sairia em um single. Músicas ao vivo do Triumvirat são difíceis demais de se achar. A outra é "Showstopper", nunca lançada.

Existe, também, uma edição deluxe de "Spartacus", importada, onde se tem outras músicas que fazem parte desse bootleg: "The deadly dream of freedom" (que ficou muito boa ao vivo) e "The march to the eternal city", mas os grandes destaques dessa edição são as músicas inéditas "Late again" e "Take a break today" cantada por Köllen. Essa canção sairia em um ep, mas com a voz do próximo vocalista, Barry Palmer, sendo até então inédita. Köllen havia adquirido depressão e deixara a banda. Foi fazer parte do Jail, onde tocou guitarra e gravou o álbum "You can help me", onde também cantou na faixa "Julie". Porém, as amizades com Fritz e Bathelt continuaram.

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Köllen gravou seu grandioso álbum solo "You won’t see me" e eles participaram deles. Ele veio a falecer pouco antes desse lançamento, em março de 1977, aos 27 anos. Mas vamos deixar essa análise para a resenha de seu disco solo.

O autor escreveu sobre os fatos históricos contados nas letras se baseando em uma resenha que se encontra neste link:
http://progresenhas.blogspot.com/2011/10/triumvirat-spartacus.html

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Tracklist:

01- The Capital of Power
02- The school of instant pain
A- Proclamation
B- The gladiator’s song
C- Roman entertainment
D- The battle
03- The walls of doom
04- The deadle dream of freedom
05- The hazy shades of dawn
06- The burning sword of Capua
07- The sweetest sound of liberty
08- The march to the eternal city
A- Dusty road
B- Italian improvisation
C- First success
09- Spartacus
A- The superior force of Rome
B- A broken dream
C- The finale
Bonus:
10- The capital of power (live)
11- Showstopper

Bonus (deluxe edition)
10. The Capital of Power (Live)
11. The Deadly Dream of Freedom (Live)
12. The March to the Eternal City: Dusty Road / Italian Improvization / First Success (Live)
13. Late Again
14. Take A Break Today (Köllen voices)

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Sobre Rafael Lemos

Rafael Lemos começou a gostar de Heavy Metal, Hard Rock e Progressivo em 1991, sem influência de ninguém, realizando pesquisas sobre as bandas.
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