Muse: com o terceiro disco, uma banda para multidões
Resenha - Absolution - Muse
Por Hugo Alves
Postado em 17 de novembro de 2015
Nota: 9
Pouco mais de dois anos após chutar muitas portas ao redor do mundo com seu excelente segundo disco, o MUSE retornou em 2003 com um disco que, se não fala tão alto quanto seu antecessor, com certeza berrou o suficiente para catapultar a banda rumo aos seus primeiros shows em grandes arenas ao redor do mundo e participações de maior relevância em festivais de renome, como o Glastonbury, por exemplo. Falo de "Absolution", que foi lançado em 21 de Setembro de 2003 na Europa e um pouco mais tarde (23 de Março de 2004) nos Estados Unidos, tendo sido o primeiro disco da banda a lançar sucessos em terras norte-americanas.
O disco começa com uma introdução não muito expressiva, mas bem curta, o que dá lugar para uma das canções mais carregadas da banda, "Apocalypse Please", uma canção que inicia a bolacha de forma bastante catastrófica. Quem ouviu e se lembra de "Megalomania", última faixa do disco anterior, com certeza verá a primeira faixa deste terceiro disco como uma continuação natural – e melhor – da última do disco anterior. De fato, é deveras interessante notar como a última faixa de um disco acabava anunciando o que viria no próximo no início da carreira do MUSE, acidentalmente (ou não?). O instrumental dessa canção é digno da trilha sonora de qualquer grande filme de terror, e especialmente o piano da canção é de fazer arrepiar a espinha de qualquer um.
O disco segue com "Time is Running out", o segundo single do disco (primeiro em mídia física), uma canção com grande apelo comercial, mas nem por isso menos que excelente. Com esta canção, o MUSE inaugurou seu curto, porém expressivo catálogo de canções perfeitas para sessões de striptease ou noitadas regadas a muito sexo. O baixo da canção, as nuances de piano e os falsetes de Matthew Bellamy são certeiros! A canção se tornou o primeiro grande sucesso da banda nos EUA e hoje, naturalmente, é clássico na discografia regular da banda.
A canção que quase intitula o disco é "Sing for Absolution", uma canção maravilhosa o suficiente para cortar o coração de qualquer um que a ouça com a mente e o peito abertos. Mas o mesmo coração é praticamente estraçalhado por "Stockholme Syndrome" – MUSE fazendo Heavy Metal, não tem como descrever de outra forma! O tema da canção é um show à parte, fazendo referência a reféns de ladrões que acabaram por se apaixonar pelos meliantes e até mesmo defendê-los (!). Até agora, todas as canções citadas acabaram se tornando singles, em mídias físicas ou através de downloads, e os lucros obtidos com os singles digitais "Apocalypse Please" e "Stockholme Syndrome" foram revertidos para instituições de caridade.
A canção que continua o disco é "Falling Away with You", única que a banda nunca tocou ao vivo, o que é perfeitamente compreensível, visto que é "filler" pura. Temos uma nova introdução antes de uma canção, a simplória (e desnecessária) "Interlude", que dá lugar a "Hysteria", esta sim, essencial para a história da banda, tendo sido o segundo grande sucesso do grupo nos Estados Unidos – sim, este com certeza foi o disco que fez com que a bandeira do MUSE fosse cravada em terras estadunidenses. A canção é outro hit bastante radiofônico, com o baixo de Chris Wolstenholme ditando as regras do jogo, mas sendo perfeitamente suportado pela bateria com andamento quase Disco executada por Dominic Howard. O refrão é bem pra cima, digno de qualquer estádio, arena ou festival. Uma "irmã" perfeita para "Plug in Baby", o grande trunfo comercial do disco anterior.
Já "Blackout", que apresenta grandes influências de música clássica, é bem parecida com aquelas canções que tocam quando já rolam os créditos finais de filmes cult. Bonita apenas para se ouvir num final de tarde quente no jardim tomando chá no melhor estilo Inglês – ou seja, provavelmente um saco de se ver/ ouvir num show. A seguir, "Butterflies and Hurricanes" aparece com suas nuances de música sinfônica, uma letra arrebatadora e motivacional, uma pegada bem "anos 1990" misturada com um quêzinho de Heavy Metal, um deleite aos ouvidos e, certamente, uma das canções mais fortes do disco e de toda a carreira da banda, introspectiva e arrasadora! "The Small Print" é uma canção que poderia facilmente ter saído do primeiro disco da banda, e certamente foi a última da carreira deles que mostrou alguma influência de Nirvana, banda da qual o trio foi muito fã na época escolar, bem como foi a última coisa realmente simples que eles fizeram até hoje. Vale dizer que existe uma canção que foi incluída somente na versão japonesa do disco, chamada "Fury", mas que não entrou na tracklist regular por insistência de Chris e Dom, que preferiram "The Small Print", contrariando a vontade de Matt.
A trinca final inicia ruim, com "Endlessly" (MALDITOS "FILLERS"!!!), mas ainda tem "Thoughts of a Dying Atheist", e há de se prestar atenção ao simples, mas belo trabalho feito na guitarra desta canção – e procure a letra desta obra, você vai ficar assustado e maravilhado ao mesmo tempo! A bolacha fecha com "Ruled by Secrecy", uma canção não mais que boa, um singelo fim para um disco sensacional e que só não se mostrou perfeito porque pecou pelo excesso e veio com "fillers" bastante desnecessários. Pela primeira vez, não deu pra imaginar o que viria a seguir.
Pode-se dizer que "Absolution" seguiu uma fórmula muito similar ao "Origin of Symmetry", disco anterior, mas com uma pegada mais comercial, visando o disputadíssimo mercado estadunidense. De fato, eles alcançaram seu objetivo: o disco alcançou o primeiro lugar nas paradas por lá, bem como na Inglaterra, além de diversas boas colocações em vários países europeus, transitando entre segundo e sétimo lugar. A turnê foi sensacional, com seu pico no festival de Glastonbury – a banda ainda mantém essa ocasião como uma das mais especiais em sua história, principalmente porque o pai do baterista Dominic Howard morreu logo após ver a banda de seu filho detonar no festival.
Mas eles ainda não haviam mostrado todo o poder que tinham...
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