Neil Young: seu melhor trabalho solo desde "Harvest Moon"
Resenha - Storytone - Neil Young
Por Rodrigo de Marqui
Postado em 19 de novembro de 2014
Nota: 9
NEIL YOUNG já experimentou de tudo na música. Agora, sua empreitada foi lançar um álbum duplo, sendo um disco contendo músicas solo e o outro com as mesmas composições, mas em versões orquestrais e com banda completa. O que esperar de um instituto do Rock que não tem mais nada a provar?
O álbum, lançado dia 4 de novembro, foi concebido em um momento delicado na carreira de NEIL YOUNG, tendo seu relacionamento conjugal terminado depois de mais de 3 décadas. É incrível que, mesmo com 50 anos de carreira (contabilizando os anos pelo Buffalo Springfield) Neil Young ainda seja capaz de nos brindar com comoventes e atemporais peças introspectivas, tão características em sua longeva e prolífica carreira. Saindo de um longo relacionamento com Pegi Young, Neil Young escancara de maneira aberta em "Storytone", sua fragilidade diante de um emocional ainda que sente o golpe, através de letras como "I was doin' well and I thought she liked my style", em uma clara alusão a sua ex-esposa. Mas também Young trata dos mesmos sonhos os quais alimentou desde sempre: a vontade de nunca desistir de um mundo melhor, de acreditar em um mundo mais suportável, chamando-nos a atenção para causas ecológicas que, queiram ou não, permanecem relevantes, sobretudo em uma época na qual causas ambientais têm sido alvo de preocupações em todo o mundo, com especulações sobre aquecimento global e escassez de recursos naturais.
É difícil citar algum destaque em particular neste álbum, tendo em vista que todas as músicas em "Storytone" possuem muita qualidade e a maioria delas está a altura de qualquer coisa que NEIL YOUNG tenha feito em sua carreira. As músicas mais notórias provavelmente são "Plastic Flowers" (a música que abre o álbum), "Tumbleweed" e "When I Watch You Sleeping"; estas duas últimas provavelmente as melhores composições acústicas de Young desde "Harvest Moon", de 1992.
"Storytone" é um passeio pelo folk e jazz (na versão com a banda completa) e com algumas pitadas de Blues em "I Want To Drive My Car" e "Say Hello To Chicago". Não esperem nada épico como o seu último álbum com os companheiros do Crazy Horse, o aclamado "Psychedelic Pill", de 2012. Esperem aqui um álbum com a mesma classe de álbuns como "Silver & Gold", de 2000, e "Comes A Time", álbum de 1978. O que engrandece "Storytone" é definitivamente a experimentação orquestral. Apesar de Young já ter experimentado tal incursão no álbum "Harvest", de 1972, e em "Harvest Moon", de 1992, definitivamente em "Storytone" o uso da orquestra é mais onipresente e definitivamente se encaixa com maestria na proposta de disponibilizar ao ouvinte duas versões de uma mesma música. Particularmente creio que a qualidade do primeiro disco, com as músicas em versão solo, convenceram-me mais. Mas é certo que a orquestra não baixou o nível das músicas, apenas deu uma outra cara, que algumas pessoas podem gostar, outras não.
Não é surpresa que, mesmo após todos esses anos, Neil Young ainda seja capaz de proporcionar momentos como este, nos quais introspecção e grandiosidade misturam-se perfeitamente neste belíssimo álbum duplo!
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