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Grave Digger: Novo álbum revisita o passado glorioso dos alemães

Resenha - Return Of The Reaper - Grave Digger

Por Felipe Cipriani Ávila
Postado em 19 de setembro de 2014

Com quase trinta e cinco anos de estrada, eis que a instituição germânica Grave Digger retorna com um novo álbum, que pode ser considerado o décimo oitavo de estúdio (contando com "Stronger Than Ever", gravado sob o nome Digger e "Symphony Of Death", que apesar de ser considerado um EP por muitos, é categorizado no site oficial como álbum completo), com uma regularidade de lançamentos bastante elogiável. "Return Of The Reaper", diferentemente dos seus predecessores, não é conceitual e soa bem mais agressivo, tradicional e direto, se aproximando das raízes do grupo.

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Lançado no dia 11 de julho via Napalm Records e disponibilizado para o Brasil através do selo Die Hard Records, "Return Of The Reaper" apresenta um Grave Digger mais básico e sedento por peso. Afora a introdução homônima e uma balada, "Nothing To Believe", todos os temas são diretos, pesados e com uma roupagem que nos remete prontamente ao passado da banda. O trabalho em questão comprova o quão benéfica foi a adição de Axel Ritt, presente em concertos desde 2009 e efetivado no ano seguinte, apresentando uma atuação bastante expressiva em sua terceira participação em estúdio. Após vários discos conceituais, desta vez a parte lírica versa sobre diversos assuntos, o que certamente contribuiu para o direcionamento mais agressivo das composições. A sonoridade do disco soa bem orgânica e "ao vivo", com todos os instrumentos em evidência, e até mesmo a sua duração nos remete aos tempos áureos do conjunto e do Heavy Metal clássico. E o que dizer sobre a bela arte de capa, com a mascote "The Reaper" bem à mostra, de autoria do húngaro Gyula Havancsák (Annihilator, Destruction, Týr), responsável por elas desde "The Last Supper", lançado em janeiro de 2005? Simplesmente incrível!

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O trabalho como um todo soa bem homogêneo e a audição integral é mais do que simplesmente aprazível, logo dando vontade de apertar o "repeat" do aparelho de som. Após uma breve introdução homônima, logo somos bombardeados pelo primeiro single e videoclipe, "Hell Funeral", que apresenta tudo o que fez a banda conquistar uma legião de seguidores. Com início enérgico, refrão forte, direto e atuação soberba do vocalista Chris Boltendahl, membro fundador e único presente em todas as formações e álbuns, temos aqui um tema irrepreensível e que seguramente atrairá os fãs de imediato. É Heavy Metal executado com garra, amor e suor, sem maiores firulas e experimentalismos. As faixas seguintes apenas reforçam essa afirmação, apresentando ao ouvinte tudo o que ele espera ouvir de uma banda do porte e calibre do Grave Digger, mantendo o pique em alta. Os refrães são um espetáculo à parte e se destacam por serem eficientes, de fácil assimilação e memorização. "War God" não deixa nada a dever a sua antecessora, soando pungente e imponente desde o seu início. Os riffs de guitarra de Axel Ritt merecem menção e atenção especial, assim como o solo melódico, que vai "crescendo" e ficando cada vez mais rápido no seu desenvolvimento, mostrando o quão integrado ao grupo ele está. Essa é daquelas canções que provavelmente soará muito bem ao vivo, com a plateia cantando a sua letra em uníssono e a "plenos pulmões". Com excelentes riffs de guitarra de entrada e com uma bela parede sonora, temos "Tattooed Rider". A ponte e o refrão desta já são mais melódicos, e nem por isso menos intensos. Sem dúvida, uma música que Chris Boltendahl "tira de letra", provando ser uma das vozes mais marcantes e singulares do gênero. Outra que já começa bem encorpada e fica ainda mais vigorosa no seu transcorrer é a "Ressurrection Day". Note, prezado (a) leitor (a), que este já é o quinto tema do disco e o peso continua a imperar e impactar, de forma muito natural e genuína. A ponte e o refrão vão "direto ao ponto" e foram muito bem compostos. O solo de guitarra é preciso, versátil e sem exageros, complementando muito bem a atmosfera da canção. Numa verve mais sombria e, como o próprio título dá a entender, discorrendo sobre bruxas, temos "Season Of The Witch". Com introdução acústica, logo fica mais pesada, com ponte e refrão novamente memoráveis. Há um trecho no qual o coro impera, soando de modo bem marcante e arrepiante. A sétima faixa, "Road Rage Killer" é outro peso pesado, não perdendo o pique e a energia em momento algum. O vocal eloquente e magnificente de Chris Boltendahl aliado a ótimos riffs de guitarra e cozinha extremamente precisa e entrosada não poderiam gerar resultado mais satisfatório. Seguindo um direcionamento bem pesado e agressivo, "Grave Desecrator" é outra pérola, com solo de guitarra bem criativo e diferenciado, fugindo do que se convenciona chamar de "lugar comum". Para quem é fã do Motörhead, certamente uma grande influência para os alemães desde os seus primórdios, "Satan’s Host" soará perfeita e intensa! Breve, rápida e enérgica, tem outro excelente desempenho de Axel Ritt, que nos brinda com um ótimo solo de guitarra. Principiando com riffs de guitarra bem altivos, com refrão irrepreensível e sem rodeios, "Dia De Los Muertos" conclama o ouvinte a "chacoalhar os ossos" e cantar junto, mostrando que muitas vezes "menos é mais". Com introdução com ótimas camadas de teclado de Hans Peter "H.P." Katzenburg", "Death Smiles At All Of Us" logo dá lugar para o mais puro Heavy Metal. Contendo um dos refrães mais inesquecíveis e épicos de todo o trabalho, conta também com ótimo solo de guitarra, ficando mais rápido no seu "crescimento" e decorrer, e nem por isso se tornando enjoativo ou exagerado. Eis que chegamos à última faixa da audição regular do play. "Nothing To Believe" é a única balada e encerra o álbum com "chave de ouro", com o perdão da expressão batida. Como é comumente na carreira dos germânicos, outra bela balada, com atuação magistral e emocionante de Chris Boltendahl, que atinge o seu ápice no refrão bem bonito e épico, seguido de um tocante solo de guitarra.

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A versão nacional conta com duas faixas bônus que poderiam facilmente ter figurado no repertório principal do álbum. "The Emperors Death" tem introdução sinfônica envolvente, porém logo fica bem enérgica e explosiva. Conta com outro refrão direto, marcante, simples e eficiente. "Rebel Of Damnation" é outro tema bem básico e tradicional, mostrando todo o poder e singularidade vocal de Chris Boltendahl. A letra é uma clara homenagem ao Heavy Metal e a toda fidelidade dos seus seguidores. Emocionante! Há uma passagem breve que nos remete prontamente ao clássico "Paranoid", faixa-título do segundo álbum de estúdio do Black Sabbath, lançado em setembro de 1970.

"Return Of The Reaper" é um trabalho honesto, gratificante e que emocionará os seguidores e admiradores mais próximos do conjunto germânico. As composições são sólidas, pesadas e mostram uma banda que respeita as suas origens e essência, mas que ao mesmo tempo procura sempre "olhar para frente", mostrando-se relevante e com sonoridade e identidade próprias mesmo depois de mais de três décadas de atividade. E que venham mais dez, quinze, vinte anos pela frente! Não perca mais tempo e adquira logo a sua cópia!

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Confira o videoclipe oficial de "Hell Funeral":

Formação atual:
Chris Boltendahl – Vocal
Axel Ritt – Guitarra
Jens Becker – Contrabaixo
Hans Peter "H.P." Katzenburg – Teclado
Stefan Arnold – Bateria

Faixas:
1 – Return Of The Reaper
2 – Hell Funeral
3 – War God
4 – Tattooed Rider
5 – Resurrection Day
6 – Season Of The Witch
7 – Road Rage Killer
8 – Grave Desecrator
9 – Satan’s Host
10 – Dia De Los Muertos
11 – Death Smiles At All Of Us
12 – Nothing To Believe
13 – The Emperors Death (Bonus Track)
14 – Rebel Of Damnation (Bonus Track)

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Sobre Felipe Cipriani Ávila

Headbanger convicto e fanático, jornalista (graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas), colecionador compulsivo de discos, não vive, de modo algum, sem música. Procura, sempre, se aprofundar no melhor gênero de música do mundo, o Heavy Metal, assim como no Rock'n'Roll, de um modo geral, passando pelo clássico, pelo progressivo, pelo Hard setentista e oitentista, e não se esquecendo do Blues. Play It Loud!
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