Queen: Ao vivo de 1974 mostra um diamante em fase de lapidação
Resenha - Live At The Rainbow 74 - Queen
Por Doctor Robert
Postado em 16 de setembro de 2014
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Imagine-se há quarenta anos atrás, na cena rockeira de Londres em 1974. A era "paz e amor" já havia ficado para trás há um bom tempo. Os Beatles já não existiam mais. Seus contemporâneos Rolling Stones e The Who ainda eram gigantes, mas já apresentavam sinais de declínio em seus novos trabalhos. Quem davam as cartas na ocasião eram os três grandes pilares do rock pesado britânico: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. David Bowie havia lançado dois anos antes sua obra mais conhecida, "Ziggy Stardust" e rivalizava o topo das paradas com essa trindade, abrindo caminho para uma leva de novas bandas glam-rock. Já o cenário do rock progressivo contava com os últimos dias de Peter Gabriel junto ao Genesis, e Yes e Pink Floyd ainda reinavam soberanos.
Em meio a todo este caldeirão efervescente do rock inglês, havia o Queen, uma banda surgida poucos anos antes das cinzas do power trio Smile, mesclando um pouco de tudo o que foi citado anteriormente para criar um estilo próprio e praticamente impossível de ser rotulado. Na bagagem, já possuíam três álbuns de estúdio e uma certa legião de seguidores já formada. Mas longe ainda de ser aquele Queen que dominaria o mundo anos depois, como os demais acima já haviam feito. Um diamante em fase de lapidação.
Naquele longínquo 1974, Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon registraram duas de suas apresentações no famoso Teatro Rainbow de Londres: uma em março, ainda na turnê do álbum "Queen II", e outra em novembro, quando já havia sido lançado "Sheer Heart Attack" – momento em que o quarteto começava a apresentar vendas mais expressivas e com um single de sucesso rodando nas rádios no famoso programa de TV "Top Of The Pops" da BBC ("Killer Queen").
Registro não apenas em áudio, mas também filmado, itens que durante muito tempo eram apenas para os colecionadores de "bootlegs" (parte do vídeo da apresentação de novembro era o único registro lançado oficialmente até então, ainda em VHS, como parte da "Box Of Flix" lançada em 1991). Eis que finalmente, 40 anos depois, finalmente tais gravações viram a luz do dia de forma digna, para deleite dos fãs que já não aguentam mais as diversas versões de "Live At Wembley" que a banda e as gravadoras teimavam em relançar...
A versão em CD duplo traz ambos os concertos na íntegra. No primeiro CD, o que se ouve é uma banda com todo o ímpeto e arrogância (no bom sentido) característicos de artistas iniciantes que querem mexer com o cenário musical e aparecerem para o mundo. Canções intrincadas são executadas com perfeição e visivelmente muito bem ensaiadas – "The Fairy Feller's Master-Stroke" e "Seven Seas of Rhye" são exemplos perfeitos disso. Se a banda a princípio parece um pouco tensa com a gravação do show em "Father to Son", logo vão se soltando e demonstrando toda sua exuberância: "White Queen (As It Began)" é de arrepiar, "Keep Yourself Alive", primeira faixa do grupo a fazer sucesso, empolga desde sempre...
E ainda há pérolas que o Queen acabou deixando de fora de seu repertório, à medida em que os hits mundiais foram aparecendo: Brian May "encarnando" Tony Iommi no riff nervoso de "Son and Daughter"; a fúria de "Great King Rat" e "Modern Times Rock ‘n’ Roll" (aqui com Freddie nos vocais); o blues "See What a Fool I’ve Been"; as clássicas "Ogre Battle" e "Liar" e a já citada "Fairy Feller’s" – momentos que deixaram muita saudade. Sem falar nas tradicionais covers de clássicos das origens do rock: aqui com a tríade "Jailhouse Rock - Stupid Cupid - Be Bop A Lula".
No segundo CD, o Queen já era bem conhecido e havia se tornado atração principal em suas turnês (até então, fora alguns shows esporádicos, era banda de abertura disputada pelos grandes nomes da época). E essa posição de destaque fica evidente na autoconfiança transmitida nos palcos. Freddie Mercury mais solto, interagindo melhor com o público e uma parte instrumental ainda mais afiada, além dos trabalhos vocais, marca registrada do grupo.
Se várias faixas se repetem no repertório, outras são apresentadas pela primeira vez (como a atemporal "Now I’m Here"), assim como o "medley" que se tornaria característico dos shows do grupo a partir de então, mesclando músicas de vários discos: aqui temos "In The Lap Of The Gods" (e os agudos indefectíveis de Roger Taylor), "Killer Queen", "The March Of The Black Queen" e uma versão instrumental de "Bring Back That Leroy Brown", com sua levada jazz/ragtime/cabaré.
"Flick Of The Wrist", irmã mais velha de "Death On Two Legs", não deixa pedra sobre pedra, assim como o heavy metal de "Stone Cold Crazy". A primeira parte do set é encerrada com "In The Lap Of The Gods (Revisited)", e no bis, ainda sobra tempo para duas covers ("Big Spender" e "Jailhouse Rock"), entremeadas por "Modern Times Rock ‘n’ Roll" numa versão ainda mais frenética.
A versão em vídeo (DVD e SD Blu-Ray – ou seja, não é em alta resolução) contém o show de novembro e como bônus algumas faixas da apresentação de março – não se sabe ao certo se realmente não existe a filmagem completa deste show ou se a qualidade ficou comprometida demais para ser lançada. Foram lançadas também versões do DVD ou Blu-Ray com um CD bônus (do show de novembro), versão em vinil (4 discos), e ainda um Box que foge totalmente da realidade financeira dos fãs brasileiros, trazendo em seu conteúdo camiseta, programa da turnê, reprodução de cartaz e ingresso...
Os fãs de longa data comemoram, pois parece que finalmente o Queen resolveu fazer justiça com seu catálogo e retirar do fundo do baú os diversos shows fantásticos apenas disponíveis em versões piratas – que venham "Hammersmith", "Hyde Park", "Earl’s Court", "Houston", "Kampuchea"...
Sorry U2, vocês bem que tentaram roubar a cena, mas este aqui é o melhor lançamento do ano até agora...
Queen – Live At The Rainbow ‘74
• Freddie Mercury – vocais, piano
• Brian May – guitarra, vocais, ukulele em "Bring Back That Leroy Brown"
• Roger Taylor – bateria, percussão, vocais
• John Deacon – baixo, vocais, triângulo em "Killer Queen"
CD (Versão dupla):
CD 1 (março de 1974):
1. "Procession"
2. "Father to Son"
3. "Ogre Battle"
4. "Son and Daughter"
5. "Guitar Solo"
6. "Son and Daughter (Reprise)"
7. "White Queen (As It Began)"
8. "Great King Rat"
9. "The Fairy Feller's Master-Stroke"
10. "Keep Yourself Alive"
11. "Drum Solo"
12. "Keep Yourself Alive (Reprise)"
13. "Seven Seas of Rhye"
14. "Modern Times Rock ’n’ Roll"
15. "Jailhouse Rock"/"Stupid Cupid"/"Be Bop A Lula" (Medley)
16. "Liar"
17. "See What a Fool I’ve Been
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
CD 2 (novembro de 1974):
1. "Procession"
2. "Now I'm Here"
3. "Ogre Battle"
4. "Father to Son"
5. "White Queen (As It Began)"
6. "Flick of the Wrist"
7. "In the Lap of the Gods"
8. "Killer Queen"
9. "The March of the Black Queen"
10. "Bring Back That Leroy Brown"
11. "Son and Daughter"
12. "Guitar Solo"
13. "Son and Daughter (Reprise)"
14. "Keep Yourself Alive"
15. "Drum Solo"
16. "Keep Yourself Alive (Reprise)"
17. "Seven Seas of Rhye"
18. "Stone Cold Crazy"
19. "Liar"
20. "In the Lap of the Gods... Revisited"
21. "Big Spender"
22. "Modern Times Rock 'n' Roll"
23. "Jailhouse Rock"
24. "God Save the Queen"
DVD e SD Blu-Ray (novembro de 1974):
1. "Procession"
2. "Now I'm Here"
3. "Ogre Battle"
4. "Father to Son"
5. "White Queen (As It Began)"
6. "Flick of the Wrist"
7. "In the Lap of the Gods"
8. "Killer Queen"
9. "The March of the Black Queen"
10. "Bring Back That Leroy Brown"
11. "Son and Daughter"
12. "Guitar Solo"
13. "Son and Daughter (Reprise)"
14. "Keep Yourself Alive"
15. "Drum Solo"
16. "Keep Yourself Alive (Reprise)"
17. "Seven Seas of Rhye"
18. "Stone Cold Crazy"
19. "Liar"
20. "In the Lap of the Gods... Revisited"
21. "Big Spender"
22. "Modern Times Rock 'n' Roll"
23. "Jailhouse Rock"
24. "God Save the Queen"
Bônus (março de 1974):
1. "Son and Daughter"
2. "Guitar Solo"
3. "Son and Daughter (Reprise)"
4. "Modern Times Rock 'n' Roll"
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
A banda fenômeno do rock americano que fez história e depois todos passaram a se odiar
Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
Cinco bandas que, sem querer, deram origem a subgêneros do rock e do metal
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
Os 50 melhores álbuns de 2025 segundo a Metal Hammer
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Novo álbum do Violator é eleito um dos melhores discos de thrash metal de 2025 pelo Loudwire
A banda de rock que Rita Lee achava pura bosta: "Prefiro ouvir Ratos de Porão e Cólera"
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
Os 10 melhores álbuns de death metal lançados em 2025, segundo a Metal Hammer
O melhor álbum de thrash metal lançado em 2025, segundo o Loudwire
Como Steve Harris barrou tentativa de Bruce Dickinson de mudar som do Iron Maiden
Kurt Cobain conta sobre a banda que fez com que ele sonhasse ser um rockstar

O rockstar que Brian May sempre quis conhecer, mas não deu tempo: "alma parecida com a minha"
A performance vocal de Freddie Mercury que Brian May diz que pouca gente valoriza
Os cinco maiores bateristas de todos os tempos, segundo Brian May do Queen
Queen oferece presente de Natal aos fãs com a faixa inédita "Polar Bear"
Brian May dá presente de Natal especial a Tony Iommi: réplica da Red Special para canhoto
O megavocalista que Axl Rose teve como seu maior professor; "eu não sei onde eu estaria"
Os 20 álbuns de classic rock mais vendidos em 2025, segundo a Billboard
A banda de rock que todo mundo que não gosta de música adora, de acordo com André Barcinski

