Gentle Giant: Entre o real e o fictício
Resenha - Power and the Glory - Gentle Giant
Por Thiago Rabay
Postado em 09 de agosto de 2012
O conhecimento dos irmão Shumann e do resto da banda vai além de música popular e clássica, vai além de instrumentos elétricos e acústicos, este é um daqueles discos invejáveis por fãs de rock, jazz, música clássica, atonal, funk, soul...
The Power and the Glory lançado em 1974 foi o seu sexto disco. Com o tema Poder e Glória, todas as músicas falam de uma monarquia social e sentimental, sem deixar claro se é algo real ou fictício. Faixa a faixa buscarei apresentar os pontos de maior destaque, discorrendo sobre as músicas como se as tivesse ouvindo temporalmente.
Com uma letra falando de um poder que está prestes a cair, o álbum abre com "Proclamation", bem funkeada pelo baixo e pela bateria e tensa pela harmonia e pela voz, encontra seu ápice no solo de teclado ao ir mudando de compasso a cada 4 frases chegando a um coro atonal. O tema remontado dividi-se entre teclado, guitarra e baixo para voltar a última estrofe.
A atonal So Sincere é uma contradição em letra e instrumentação. Inicia com Cello e Violino, e após a 1ª estrofe torna-se fortemente convencionada pela parte elétrica do grupo. A letra a cada estrofe nega a afirmação apresentada na anterior, sendo colocadas simultâneas na última.
A linha progressiva de desenvolvimento do baixo é mostrada sobre o tema de "Playing the Game", o solo de órgão ao estilo Jon Lord dá um caráter mais rock a canção, por exceção dos trítonos acentuados. Sua letra fala de um jogo que está prestes a começar, cujo personagem, narrado em 1ª pessoa, tem uma visão privilegiada dos fatos, e a luta nunca perde.
A pluralidade idiomática da banda como um todo, soando um arabesco sonoro, não raro a obra deles, é claramente explorada em "Cogs in Cogs" e em "The Face". Na 1ª, há três frases simultâneas na introdução, que deixa bem claro o título, engrenagens em engrenagens, sobre a estrofe, a música torna-se convencionada, a voz quase sempre é solo, quando outra surge com um novo texto, dificulta a compreensão. Antes do solo ocorre o mesmo, porém com um acompanhamento mais constante que o resto da música. Em "The Face" isto é tão claro a ponto de remeter-nos à música eletrônica, mas nesta o solo de violino e depois guitarra, é mais trabalhado, sobre uma base singelamente tercinada. Sua letra também agressiva fala de pagar o preço por uma decisão, e mostrar a cara.
As baladas "Aspiration" e "No God’s a Man" chamam a atenção pelo trabalho contrapontístico. "Aspiration" fala de esperança e sonhos, "No God’s Man" à visão do povo sobre um homem que se torna Deus, mas a beleza desta esta nas vozes sobre o mesmo texto com rítimos diferentes, sendo quase um cânone, nesta está também um dos melhores solos de guitarra do disco.
Valedictory, a única em que é cantada aos gritos, penúltima do disco, tem clima tenso e retoma temas já tocados, como o solo de "Proclamation", fala: os tempos difíceis voltaram e ficarão assim mesmo.
"The Power and The Glory" encerra o álbum e é a música mais facilmente aceitável a ouvidos alheios, tal como sua letra e o refrão: the power and the glory is over(...), mesmo assim não a torna menos interessante que as outras músicas.
Todos os elementos sonoros e temáticos são trabalhados no disco como um todo e individualmente em cada música, claramente cada instrumento e suas possibilidades são vistos como um todo e não colocados após uma gravação de voz e violão. O que se apresenta a uma audição final é a retomada de um poder estabelecido, sendo ele um monarca ou um aristocrata, e até isso é representado musicalmente.
The Power and The Glory 1974
1-Proclamation
2-So Sincere
3-Aspirations
4-Playing the Game
5-Cogs in Cogs
6-No God's a Man
7 The Face
8-Valedictory
9-The Power and The Glory
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