Mario Rossi: "Dançando Conforme a Música", álbum de estreia
Resenha - Dançando Conforme a Música - Mario Rossi
Por Victor José
Postado em 22 de junho de 2012
Com esta crescente onda de one-man band por conta da tecnologia, muito do que se escuta desse tipo de artista autônomo são sons mais experimentais, híbridos, que só ganhariam vida de fato por meio de apenas uma cabeça comandando tudo. Mas Dançando Conforme a Música certamente segue na contramão disso.
Acima de tudo, pode-se dizer que este primeiro álbum de Mario Rossi é um registro cuidadoso, pois apesar de ter feito o que lhe deu na telha, das composições à produção, Rossi teve muita cautela ao valorizar a espontaneidade rústica do rock ‘n’ roll e do blues, detalhe que não é fácil de obter sozinho, sem uma banda de apoio.
Ao longo de mais ou menos um ano, Mario se dedicou a este projeto solitário de compor e gravar todos os instrumentos. Apenas em alguns poucos momentos há a participação de mais alguém nas faixas.
"Busquei fazer o que gosto de ouvir nos clássicos. O disco foi acontecendo naturalmente. Não me prendi na ideia de soar atual", comenta o músico. "Além disso, fui muito criterioso com tudo. Valorizei a música e a simplicidade na composição, das letras aos riffs de guitarra. Já na gravação, valorizei o instrumental despretensioso, natural e sem emendas – como todo disco de blues e rock ‘n’ roll deve ser", ressalta.
Dançando Conforme a Música é uma costura meticulosa de referências que pouco se encontra no atual rock. Nas faixas pode ser percebida a influência direta de bandas como The Rolling Stones, The Faces e Derek and The Dominos. "Também sou grande fã do rock nacional. Tutti Frutti, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Raul Seixas etc. O disco tem todas essas referências".
O álbum é sóbrio e divertido, um exemplo de como deve se construir um rock básico, orgânico e de fácil audição. Há equilibro na sonoridade, de forma que a crueza do álbum passa longe do saudosismo ao mesmo tempo em que não se assemelha com o contemporâneo.
O interessante trabalho de guitarras que passeia por todo o disco flui muito bem e em sutileza e dedicação é muito acima do que se encontra atualmente. Mario não faz restrições aos improvisos quando necessário e ao mesmo tempo não apela para um peso sem sentido. As sólidas bases de baixo e bateria, assim como as melodias, atingem rapidamente o ouvinte pela assimilação imediata e escancara a capacidade de Mario Rossi não só como guitarrista, mas como um músico de mão cheia e ainda com um longo caminho para explorar.
Abaixo, Mario comenta sobre as nove faixas de seu álbum de estreia:
"Tudo tem seu Preço"
"Essa eu fiz no final de 2008, melhor dizer que surgiu, pois em uns dez minutos a composição estava pronta. A letra é um ponto de vista bem parcial sobre ação e reação, em pensamento e atitude".
"Mesmo Distante"
"É a mais pop do álbum, mas embora tenha uma melodia mais comercial, fiz questão de deixá-la soando setentista o máximo que pudesse, como naquelas gravações ao vivo. Os hits dos álbuns do Peter Frampton foram grandes influências pra essa música em todos os sentidos".
"Dançando Conforme a Música"
"Eu tinha a letra praticamente toda pronta e o riff de guitarra. Não era o título inicial do álbum, mas como tudo foi acontecendo naturalmente, encaixou perfeitamente. Ela fala por sí. De uns tempos pra cá me dei conta que mudei nesse aspecto, digo, não temos controle das coisas, parei de planejar demais isso ou aquilo, então me dou por feliz em acordar e ter um bom som de blues pra ouvir".
"Quem me Escuta"
"Essa é um lado B do Barão Vermelho, uma música bem legal. A primeira vez que ouvi já tive vontade de tocá-la nessa pegada mais cadenciada. O Frejat me autorizou de primeira, fiquei muito feliz com isso. Há aquele trecho na letra, que é: ‘Eu tenho um plano e não canso de correr atrás, e essa espera tira a minha paz’. Claro que contraria o assunto de "Dançando Conforme a Música", mas essa contradição acabou caindo bem".
"Surreal"
"Uma das que mais gosto. Ela relata um amor platônico, mas de forma descontraída, sem sofrimento. A melodia e a parte instrumental são bem contagiantes, o que colabora pra essa qualidade. Os solos dividos de guitarra e piano dão aquele ar nostalgico de piano bar dos anos 1950, tipo aquele som das esquinas de Manhattan".
"Minha Rede Social"
"Essa fiquei em dúvida de colocar no álbum. Primeiro porque não sou fã dessas coisas de internet. Embora use, mas para contatos e o necessário somente. Enfim, ela poderia quebrar o contexto do restante do álbum por ser uma letra muito atual, temporal demais. É sobre esses casos de mudança de comportamento no mundo virtual, essa coisa de autopromoção, guerra de egos etc."
"Romance Indefinido"
"Foi a que deu mais trabalho. Primeiro surgiu o riff, eu adorei, tinha que fazer alguma coisa com ele. Eu tinha mais ou menos esse tema em uma ideia de letra e depois surgiu o estribilho. Levou um tempo pra adaptar letra e melodia".
"Ela Era só uma Garota Querendo Aprovação do Mundo"
"Blues nu e cru. Essa tambem é sobre comportamento. Foi inteira composta durante as gravações. Notava isso em uma garota em especial, tipo aquela coisa ‘acharam isso ou aquilo de mim’. Mas tem muito de outras pessoas que eu incluí tambem. Enfim, é aquela coisa básica de viver de aparência e não de essência, pose por status".
"Novos Ares"
"Outro riff que surgiu pra mim. Maravilhoso! Preferi deixar só voz e violão. Foi gravada ao vivo, da melhor forma. Dois takes e pronto. A letra é bem simples e introspectiva, é sobre aquela parte nossa que morre todo dia e nasce outra de acordo com experiências, aprendizados, mudanças".
O álbum está disponível na íntegra no site oficial de Mario Rossi:
http://www.mariorossi.com.br/
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
Justin Hawkins (The Darkness) considera história do Iron Maiden mais relevante que a do Oasis
Iron Maiden bate Linkin Park entre turnês de rock mais lucrativas de 2025; veja o top 10
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Ian Gillan atualiza status do próximo álbum do Deep Purple
Pink Floyd volta ao topo da parada britânica com "Wish You Were Here"
A banda de rock nacional que nunca foi gigante: "Se foi grande, cadê meu Honda Civic?"
A banda de rock que Rita Lee achava pura bosta: "Prefiro ouvir Ratos de Porão e Cólera"
O músico que atropelou o Aerosmith no palco; "Ele acabou com a gente"
Marilyn Manson: "perdi tudo por causa de Columbine"
Cinco bandas de heavy metal que possuem líderes incontestáveis
Os 10 melhores discos de metal progressivo lançados em 2025, segundo a Metal Hammer
James Hetfield e o fantástico álbum dos anos setenta "para o qual ele sempre retorna"
Scorpions: a história por trás da música "Wind of Change"
As aventuras de Raul Seixas na academia: "Sapato, meia social e bermuda agarradinha"

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



