Interpol: a banda mudou e quer continuar mudando
Resenha - Interpol - Interpol
Por Leonardo Baldessarelli
Postado em 13 de setembro de 2010
Nota: 9 ![]()
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Tudo indicava um momento perfeito para a banda nova-iorquina lançar um novo álbum: vários shows marcados como banda de abertura do U2 e um mercado precisando de novos clássicos para dar início a uma nova década, mas a saída de Carlos Dengler e a lesão de Bono Vox colocaram a banda numa suposta crise. E é isso que o Interpol vem mostrar afinal, há uma crise ou não?

O Interpol surgiu para o mundo em 2002 como um dos primeiros a relembrar do pós-punk em seu estilo musical, o que ajudou a banda a conquistar vários fãs com "saudades" dos anos 80 e a serem considerados uma das grandes bandas do pós-punk revival, essa característica, com o apoio da boa aceitação da crítica, fez com que "Turn On The Bright Lights" se tornasse um clássico. Isso fez com que seus sucessores, "Antics" e "Our Love To Admire" fossem comparados ao debut, fazendo com que perdessem espaço, já que não chegavam perto do primeiro disco em qualidade e/ou impacto.
Mas o que tudo isso tem a ver com o novo álbum? Justamente essas comparações que enfraqueceram a recepção dos dois últimos trabalhos da bandas já não estão presentes, a época do pós-punk revival passou, e tudo o que se deseja na música atual é algo de novo, e é isso que o Interpol nos proporciona.
A primeira faixa, "Success", já começa com um baque filosófico: "dreams of long life, what safety can you find?", ao contrário de outras letras de Paul Banks, parece que dessa vez ele está sendo direto. A faixa também deixa a impressão de que eles estão mais musicalmente desenvolvidos, e as aventuras de Carlos Dengler nos teclados já aparecem dando outro nível à música que talvez parecesse simplória apenas com os instrumentos básicos. "Memory Serves" se mostra uma faixa dificil de engolir no começo, mas com boa paciência é possível gostar dela, e bastante.
O baixo, que já hávia chamado a atenção de leve na segunda faixa, aparece de vez em "Summer Well", e ela pode ser a última grande obra de Carlos tocando seu instrumento, além disso, a música possui forte presença de teclados, que começam a ser característicos do disco. "Lights", o primeiro single, é talvez a melhor música "sozinha" do álbum, muito por que ela funciona bem sem a companhia da outra e acaba se apagando em audições desatentas. "Barricade", o segundo single, vem sem a presença dos teclados, mas vem como o único possível hit, no mais ela parece ter sido feita só para isso mesmo, mas eu os entendo.
A sexta faixa foi chocante para mim. Ela possuia o melhor nome, "Always Malaise (The Man I Am)", o que fazia dela uma boa esperança, mas o desabafo de Paul Banks ("I'll act in a certain way, i control what i can, that's the man I am") não funciona bem depois de "Barricade", ela não toma nenhuma direção de melodia e chega a ser entediante, única real decepção do álbum, pois depois dela vem a melhor parte.
Sim, "Safe Without" é uma das melhores coisas que o Interpol já fez, e ela se encaixa perfeitamente no início do fim do trabalho. Paul Banks simplesmente cospe que consegue ter segurança sem algo indefinido, vamos dizer, e a música se apresenta como melhor trabalho do apagado guitarrista Daniel Kessler e do cada dia melhor baterista Sam Fogarino, enfim, ela é o topo técnico do álbum.
Depois de dada a introdução para o fim do álbum temos "Try It On", faixa tão díficil quanto "Memory Serves" e "Always Malaise (The Man I Am)", mas diria que, além de melhor posicionada, ela acaba passando rápido, sem ser chateante e também contando com bom versos de Paul e com um piano viciante (as vezes tenho vontade de ouvir a música só para ouvir o piano), ela acaba com uma introdução à próxima faixa, "All Of The Ways", talvez a faixa mais "apocalíptica" que o Interpol já tenha feito, caso sinta uma semelhança com "The Lighthouse", do "Our Love To Admire", procure pela letra de "All Of The Ways" e se lembre que "The Lighthouse" foi a melhor música do seu álbum, isso é o suficiente para perceber que a nona faixa do "Interpol" é, além de linda, um anúncio de que algo bom virá no fim do caminho.
O álbum acaba com "The Undoing", uma música que provavelmente é a coisa mais estranha que o Interpol já fez, mas não é difícil de gostá-la, o refrão em espanhol e o contrabaixo ajudam, e mesmo não sendo melhor tecnicamente que "Safe Without" na minha opinião, ela supera a sétima faixa no resto dos aspéctos, desde inovação até impacto, ela sim é a melhor música do "Interpol", assim encerrando o álbum com chave de ouro.
Após variás audições o trabalho acaba entrando na cabeça de quem o ouve, e o fato de não seguir o caminho minimalista do "Our Love To Admire" mostra que a banda mudou e quer continuar mudando. Eu posso confessar que lamentei a saída de Carlos Dengler, mas após ouvir o "Interpol", o que se sente é que a banda deve estar no caminho certo agora como um trio, e que se há uma crise, ela não está aparente.
Mesmo que não faça o menor sucesso, o "Interpol" vai ficar gravado na cabeça de quem ouví-lo com atenção, pois ele tem muito o que mostrar.
Tracklist:
01. Success
02. Memory Serves
03. Summer Well
04. Lights
05. Barricade
06. Always Malaise (The Man I Am)
07. Safe Without
08. Try It On
09. All Of The Ways
10. The Undoing
Matador Records, 2010.
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