Steel Phanther: peso, laquê, batom e calças apertadinhas
Resenha - Feel the Steel - Steel Panther
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 01 de julho de 2010
Nota: 9
Antes de qualquer coisa, dizer que o Steel Panther é o "Massacration gringo" é, além de uma afirmação preguiçosa, um erro conceitual. O Massacration é um projeto musical que surgiu a partir de uma piada de um grupo de humoristas televisivos, sendo que alguns deles também são fãs de heavy metal. No caso do Steel Panther (que anteriormente atendeu por nomes como Danger Kitty, Metal Shop e Metal Skool), estamos falando de músicos por natureza, que atuaram ou atuam em diversas bandas da Sunset Strip, que fazem parte de uma cena e resolveram tirar um barato de si mesmos e também de todos os amigos ao seu redor.
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O resultado é um hard rock com sabores nítidos da década de 80, com peso, laquê, lenços, batom e calças apertadinhas com estampas animais. As letras, obviamente, são uma metralhadora de piadas sexuais de duplo sentido e referências claras ao "sexo, drogas e rock ‘n roll" do dia a dia de Poison, Mötley Crüe, Skid Row e toda aquela galera. Seu segundo disco, "Feel the Steel", o primeiro com o nome definitivo do grupo, consolidou sua sonoridade e tornou a piada ainda mais divertida. E a música muito melhor, claro. Até os mal-humorados que não gostam deste tipo de sátira desde a época do Spinal Tap vão ter que engolir: independentemente da piada, a música é muito boa. Mesmo.
O vocalista Ralph Saenz, que no Steel Panther atende pelo nome de Michael Starr, já fez parte de uma famosa banda tributo ao Van Halen da era David Lee Roth, o Atomic Punks. Mais tarde, no EP "Wasted", chegou inclusive a assumir os vocais do LA Guns. Já o guitarrista Russ Parrish também toca em seu projeto próprio, The Thornbirds, e na banda Electric Fence, do guitarrista Paul Gilbert (Mr.Big/Racer X). E estas são apenas algumas das credenciais do quarteto que abre o álbum "Feel the Steel" em altíssima octanagem, com a poderosa "Death to All But Metal", o primeiro single.
O título da canção já entrega: trata-se de uma exaltação daquelas ao metal, com muitas frases de efeito Manowar-style e as devidas sacanagens reservadas para nomes como Britney Spears, Madonna, Mariah Carey, Blink 182, Goo Goo Dolls, Eminem e ainda para as gravadoras e para a MTV.
Claro, é preciso que se diga: o humor dos caras é muito bom, mas não preza exatamente pela sutileza. O que eles sugerem que 50 Cent e Kanye West façam entre si está longe de ser gracioso. Estamos falando de uma veia satírica mais próxima daquelas comédias norte-americanas cheias de piadas escrotas (uma versão metálica de "Se Beber Não Case", sacou?) do que para o non-sense inglês do Monty Python. Mas, de vez em quando, bem que a gente precisa de um tempinho para deixar o cérebro do lado de fora e relaxar com fartas doses de besteirol. E, de preferência, não infectado pela sempre vigilante patrulha do politicamente correto.
O tema preferido dos rapazes, obviamente, é o sexo. Em "Asian Hooker", com participação de Scott Ian, guitarrista do Anthrax, eles relembram as peripécias de uma prostituta oriental. Já em "Fat Girl", Starr relata toda a sua paixão, em um refrão com um daqueles coraizinhos cheios de "ô ô ô ô", por uma garotona acima do peso. A baladinha de inspiração country "Girl from Oklahoma" é o retrato de uma groupie que adentrou o ônibus da banda e mostrou que era muito mais do que uma menina do interior. E na ótima "Eatin' Ain't Cheatin", os músicos tentam convencer suas parceiras de que, durante as turnês, um pouco de sexo oral nos bastidores não pode ser considerado traição, não é mesmo?
Justin Hawkins, ex-vocalista do The Darkness e atualmente no Hot Leg, traz seus agudos para reforçar ainda mais o clima festivo de "Party All Day", canção de pegada sobre o que rola nos camarins do rock de Hollywood com um refrão simplesmente irresistível e que ecoa os mascarados do Kiss – só que um pouco mais mal-educados, por assim dizer. O melhor momento de "Feel the Steel", no entanto, fica reservado para a power ballad "Community Property". Todo romântico, Starr emula o estilão do Bon Jovi na maior cara de pau, se derretendo em uma declaração de amor rasgada a sua amada. Mas ele deixa bem claro: "posso ser todo seu, mas minhas partes baixas são de domínio público". Meninos do tal happy rock: é assim que se faz uma canção apaixonada de verdade. :-)
Com o riff furioso e a levada Mötley Crüe de "Hell's On Fire", o disco se encerra em altíssimo nível, tão bom quanto começou. E provando, mais uma vez, aos fundamentalistas xiitas que uma coleção de boas canções de heavy metal podem ser ao mesmo tempo pesadas e divertidas. Bater cabeça e dar risada são coisas que combinam bastante – porque, afinal de contas, vamos combinar: ninguém agüenta mais esta sua cara de malvadão, escondida por trás dos cabelos compridos. Deixe um sorriso aparecer no seu rosto. O Steel Panther pode fazer isso por você.
Line-Up
Michael Starr (Ralph Saenz) – Vocal
Satchel (Russ Parrish) - Guitarra
Lexxi Foxxx (Travis Haley) - Baixo
Stix Zadinia (Darren Leader) – Bateria
Tracklist
1- Death to All But Metal (com Corey Taylor, do Slipknot)
2- Asian Hooker (com Corey Taylor, do Slipknot, e Scott Ian, do Anthrax)
3- Community Property
4- Eyes Of A Panther (com Corey Taylor, do Slipknot)
5- Fat Girl (Thar She Blows)
6- Eatin' Ain't Cheatin'
7- Party All Day (Fuck All Night) (com Justin Hawkins, do Hot Leg)
8- Turn Out the Lights (com M. Shadows, do Avenged Sevenfold)
9- Stripper Girl
10- The Shocker
11- Girl From Oklahoma
12- Hell's On Fire
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