Whitesnake: objetivo de fazer jus ao passado de Coverdale
Resenha - Good To Be Bad - Whitesnake
Por Fábio Cavalcanti
Postado em 14 de dezembro de 2008
Nota: 9
Mais de dez anos se passaram desde o último álbum de estúdio do Whitesnake (o equivocado "Restless Heart", de 1997). Neste período, a "banda do David Coverdale" retornou ao palco com uma nova formação e começou a se preparar para um possível novo álbum de estúdio, o qual poderia dar continuidade à sua discografia ou fechar o catálogo do Whitesnake de uma forma muito mais digna à essência da banda. De qualquer forma, o jogo já estaria ganho se a banda não se preocupasse com modismos ou inovações. Partindo desse princípio, e com o objetivo de ter algo que fizesse jus ao que Coverdale fez de melhor no passado (com a sua querida banda, claro!), foi lançado em 2008 o mais novo álbum do Whitesnake: "Good To Be Bad".
Se ainda havia alguma dúvida de que uma banda formada por um veterano do hard rock, poderia lançar um material novo com o mesmo peso e energia dos seus tempos áureos, tal dúvida é logo esclarecida nos primeiros segundos da faixa "Best Years", que funciona como uma verdadeira homenagem aos fãs da banda, tanto nas letras quanto nos arranjos. Ao longo do álbum, temos mais rocks poderosos como a boa "Call on Me" e a excelente "Good to Be Bad", que mostram como o Whitesnake ainda sabe utilizar bem os "grooves" de um hard mais dançante. Sem esquecer do lado mais "basicão" do estilo, temos a melódica e competente "All for Love", e a acelerada "Got What You Need", que funcionaria muito bem nos shows da banda.
Na excelente e pegajosa "Lay Down Your Love", e na ótima "A Fool in Love", é impossível não lembrar de certas passagens de "Still Of The Night" e "Crying In The Rain". Mas as semelhanças não prejudicam, visto que as duas novas músicas não devem muito aos citados clássicos. Já a razoável "Can You Hear the Wind Blow" tenta trazer uma batida diferente em cima da boa fórmula hard rock, mas falha um pouco ao estender muito suas marcações.
E quanto às baladas? Certamente, o mesmo Whitesnake de algumas das baladas mais clássicas do hard rock está aqui, e mostrando muita inspiração na bela "All I Want All I Need" (que poderia virar um hit radiofônico se tivesse sido lançada nos anos 80) e na melancólica e acústica "'Til the End of Time" (que soa bastante setentista). Por outro lado, é neste setor que temos a pior faixa do álbum: a sem graça, irritante e pouco criativa "Summer Rain". Se Coverdale tem algum sentimento especial em relação a essa música, poderia muito bem guardá-la para um possível álbum solo no futuro.
Após ouvir "Good To Be Bad", é impossível conter a empolgação por ver no Whitesnake uma das poucas bandas que, após tantos anos de carreira, conseguiram lançar um novo álbum tão fiel à sua essência, e com tantos pontos positivos. Muitas pessoas dizem que artistas realmente bons são aqueles ousados o suficiente para esquecer o passado e tentar inovar a cada álbum. Mas, essas mesmas pessoas esquecem do enorme desafio que um artista pode ter ao optar por seguir o caminho oposto, retornando ao mesmo estilo dos seus tempos de glória. David Coverdale disse "dane-se", lembrou do quanto é divertido tocar hard rock com sua banda, e lançou este que poderá ser considerado por muitos fãs como um dos melhores álbuns do Whitesnake.
1. Best Years
2. Can You Hear the Wind Blow
3. Call on Me
4. All I Want All I Need
5. Good to Be Bad
6. All for Love
7. Summer Rain
8. Lay Down Your Love
9. A Fool in Love
10. Got What You Need
11. 'Til the End of Time
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