Scarlett Johansson: interpretando Tom Waits
Resenha - Anywhere I Lay My Head - Scarlett Johansson
Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 27 de maio de 2008
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
"Anywhere I Lay My Head", provavelmente, é um dos álbuns/projeto mais curiosos do ano: cultuada atriz de Hollywood resolve fazer sua primeira incursão efetiva no mundo musical através de releituras de um dos mais herméticos compositores do século XX.

Scarlett Johansson, parece-me, quer mesmo tornar-se um dos ícones culturais deste início de milênio. Habitué nos filmes de Woody Allen (já são três longas com o diretor), trabalhou também com outros nomes tipicamente "cult’s", como Sofia Coppola e Brian DePalma, além de ser considerada uma das mulheres mais sexy do mundo. Carreira já consolidada e promissora, portanto. Na música, havia aparecido em vídeos de Bob Dylan e subido ao palco para cantar "Just Like Honey" com o Jesus & Mary Chain no último festival Coachella.
Mas a surpresa maior está no desafio que ela mesma se impôs. Além de se atrever à cantora, a escolha de Tom Waits para interpretar revela uma coragem admirável. Compositor dos mais criativos, ousados e difíceis da música estadunidense, Waits construiu uma carreira que trafega com competência pelo rock, blues, jazz, folk, country, punk e o que mais ele inventasse. Possuindo uma voz única e letrista que beira o poético, o non-sense, a quebra de convenções, a celebração dos cantos mais escuros da personalidade humana. Trovador, cronista, poeta, filósofo, artista. Dono de uma discografia indefinível e indescritível e com uma extensa participação no cinema – coincidência nada gratuita.
Ou seja, Scarlett fez uma das opções mais difíceis e desafiadoras que poderia, provando que não se trata de oportunismo puro e simples. Para tanto, recrutou o produtor David Sitek, também guitarrista do TV On The Radio, uma das bandas mais relevantes da cena – e uma das mais cerebrais também. Fica evidente o dedo de Sitek no trabalho, construindo bases e sobreposições efetivas para disfarçar os momentos em que a voz de Johansson não é suficiente, bem como agregando valor em programações bem criadas e releituras cuidadosas dos climas originais. Cada música de Waits é uma estória com vida e identidade própria, tanto no aspecto sonoro quanto lírico, e a dobradinha David-Scarlett soube recriar isso muito bem.
A voz de contralto da moça é respaldada pelos tons peculiares à que teve de se reportar. "Fawn" é uma introdução instrumental colocada meio que de propósito, de sadismo, para aumentar a expectativa e a curiosidade, preparando o terreno, gradativamente, e de forma tensa e fúnebre, para o que virá a seguir. E em "Town With No Cheer" temos a oportunidade de "ver" uma atriz se transformar em cantora bem diante de nossos ouvidos. Daí em diante ganhamos uma companhia agradável, sombria, cativante e envolvente, ancorada pelo polivalente (e esperto, num sentido bem próprio) trabalho de Sitek.
Sobressai-se a maravilhosa "Falling Down", praticamente feita para embalar noites introspectivas e estranhas, onde o escuro passa a tomar forma e uma sensação de vazio e abandono ganha eco na mente do ouvinte. Assim como "Fannin’ Street" (com os backings monstruosos de David Bowie) é marcha para o fim do mundo...em contraposição à "canção de ninar" que é "I Wish I Was In New Orleans". Ninar, aliás, é uma boa ligação para a releitura do hit "I Don’t Want To Grow Up", deliciosa na voz de Scarlett. Experimente não ficar arrepiado na parte sussurrada ou não se deixar envolver pelas programações pop propositadamente datadas de fundo. "Song For Jo", a única autoral, também não faz feio, a exemplo da faixa-título, sem esquecer da fantasmagórica "Green Grass".
"Anywhere I Lay My Head" impõe-se como uma obra coesa e corajosa, sendo um dos melhores álbuns de canções do ano. Não ficando apenas no quesito "curiosidade" levantado pela sua concepção e por quem foi feito, mas fazendo valer, e muito, a experiência. Vários motivos para contar com a benção de Waits.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Trivium agradece Greyson Nekrutman e anuncia novo baterista
A canção do ZZ Top que, para Mark Knopfler, resume "o que importa" na música
As 10 melhores músicas do Iron Maiden, de acordo com o Loudwire
O melhor disco do Kiss, de acordo com a Classic Rock
Site americano elege melhores guitarristas do metal progressivo de todos os tempos
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
As 15 bandas mais influentes do metal de todos os tempos, segundo o Metalverse
Dave Grohl elege o maior compositor de "nossa geração"; "ele foi abençoado com um dom"
Rush confirma primeiros shows da turnê de reunião na América Latina
Após fim do Black Sabbath, Tony Iommi volta aos palcos e ganha homenagem de Brian May
O rockstar dos anos 1970 que voltará ao Brasil após 34 anos: "Show longo e pesado"
A banda em que Iron Maiden se inspirou para figurino na época do "Piece of Mind"
Soulfly lança "Chama", seu novo - e aguardado - disco de estúdio
O megahit dos Beatles que Mick Jagger acha bobo: "Ele dizia que Stones não fariam"
A clássica canção do Queen que Elton John detestou e achou o título "absolutamente ridículo"
Dave Mustaine cantarola Jorge Ben Jor e diz que não conhece nenhuma música do Sepultura
Antes de morrer, John Lennon contou para Pelé que não sabia quanto tempo de vida tinha
O curioso setlist do primeiro show de Bruce Dickinson com o Iron Maiden

Quando o Megadeth deixou o thrash metal de lado e assumiu um risco muito alto
"Hollywood Vampires", o clássico esquecido, mas indispensável, do L.A. Guns
"Hall Of Gods" celebra os deuses da música em um álbum épico e inovador
Nirvana - 32 anos de "In Utero"
Perfect Plan - "Heart Of a Lion" é a força do AOR em sua melhor forma
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental



