A Bolha: clima descontraído remetendo aos anos 70
Resenha - É Só Curtir - A Bolha
Por Rodrigo Werneck
Postado em 12 de maio de 2008
Nota: 7
Na atual onda "revival" de bandas dos anos 70, até mesmo aqui no Brasil o movimento vem se consolidando, o que permite a muitos fãs de rock clássico assistirem a artistas dos quais só haviam ouvido falar, ou escutado os discos. Entre tais artistas, está A Bolha, cujas origens datam de 1965(!!).
Entre idas e vindas, trocas de integrantes e afins, o grupo só veio a lançar seu disco de estréia em 1973 (o aclamado "Um Passo à Frente", com influências progressivas), embora tenha gravado alguns compactos antes disso. Já o segundo LP, chamado "É Proibido Fumar" (1977), seguiu uma linha menos progressiva e mais pesada.
A banda sempre girou em torno do guitarrista, tecladista e vocalista Renato Ladeira (filho da atriz Renata Fronzi, recém-falecida). Os músicos que passaram pelo grupo transitaram pelas bandas de apoio de artistas como Erasmo Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso e Raul Seixas. Com o fim da Bolha, no final dos anos 70, seus ex-integrantes seguiram para outros novos projetos, como A Cor do Som, Herva Doce (que abriu shows do Kiss e Van Halen no Brasil) e Hanói-Hanói.
Finalmente em 2006, quatro antigos integrantes do grupo se reuniram para gravar algumas músicas para o filme "1972", de José Emilio Rondeau e Ana Maria Bahiana. Daí surgiu a idéia de montar um disco completo, e ainda fazer alguns shows. Além de Ladeira, se reuniram Pedro Lima (guitarra, vocal), Arnaldo Brandão (baixo, vocal) e Gustavo Schroeter (bateria, vocal).
"É Só Curtir" é o resultado. A nostalgia e o clima descontraído permeiam toda a bolacha, em músicas descompromissadas, mantendo um certo ar que nos remete aos bons anos 70, inclusive a capa e a estória em quadrinhos do encarte (totalmente sem pé nem cabeça). As letras, recheadas de referências "engraçadinhas" e trocadilhos cujo principal objetivo na época era o de burlar a (hoje) anacrônica censura (brr!). As composições são, em sua grande maioria, de mais de 30 anos atrás, e agora registradas pela Bolha pela primeira vez em um álbum.
Estão presentes antigos sucessos de Raul Seixas ("Não Pare Na Pista"), Caetano Veloso/Gal Costa ("Cinema Olímpia"), e Erasmo Carlos ("Você Me Acende"). O "Tremendão", por sinal, faz participação especial e divide os vocais com Ladeira nessa versão.
Não espere grandes momentos virtuosísticos, mas sim um hard rock básico, divertido e legítimo. Schroeter é o maior destaque, com uma bateria pesada e variada. Os demais estão bem também, mas sem brilhar muito, com solos corretos porém contidos. Bons hardões podem ser encontrados na forma de "Rosas", "É Só Curtir" e "Não Sei". "Sub Entendido" tem uma levada bem Rolling Stones, enquanto "Matermatéria" está mais para Beatles.
A última do disco, a psicodélica "Desligaram Os Meus Controles" e seus mais de 11 minutos de duração, é uma clara homenagem (vou evitar a palavra "plágio", pois creio que a referência foi totalmente intencional) ao Pink Floyd e a sua "Set The Controls To The Heart of The Sun". Sonzeira espacial, sem pressa de concluir as idéias, a banda se divertindo junto de seus ouvintes. "Desligaram meus controles... controles...".
Tracklist:
1. É Só Curtir
2. Não Sei
3. Cinema Olímpia
4. Sem Nada
5. Sub Entendido
6. Não Pare Na Pista
7. Matermatéria
8. Cecília
9. Você Me Acende
10. Rosas
11. Desligaram Os Meus Controles
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