Korn: "MTV Unplugged" é pouco para a história deles
Resenha - MTV Unplugged - Korn
Por Ricardo Seelig
Postado em 28 de março de 2007
Nota: 5
Quando surgiu, o projeto MTV Unplugged era bastante original. A proposta de colocar artistas executando suas músicas no formato acústico mostrava uma visão refrescante e diferente da carreira de grandes mitos (e outros nem tanto) do pop e do rock mundiais.
Com o passar dos anos, o que era original passou a ser mais uma ferramenta para alavancar carreiras em decadência. Talvez o primeiro grande nome a se valer disso foi o inglês Eric Clapton, que voltou a ficar em evidência após lançar o seu "acústico MTV" e abocanhar diversos prêmios Grammy. No Brasil então, a coisa desgringolou de vez, e hoje faz parte do manual de sobrevivência de qualquer grupo gravar um acústico recheado de antigos sucessos para a outrora Music Television, que serve para apresentar a sua obra para as novas gerações e garantir exposição na mídia em diversos programas de auditório com credibilidade altíssima …
Dito isso, vamos falar do que interessa. O Korn, um dos grupos mais originais dos últimos anos, acaba de colocar no mercado o seu "MTV Unplugged". O problema é que o som dos caras, que sempre primou pela experimentação, percorrendo novos caminhos, descobrindo novas sonoridades, ao ser desplugado perdeu muito da sua força. A razão é simples: a música do Korn é, quase que em sua totalidade, calcada em efeitos, acordes e nuances que levam a "eletricidade" próxima do seu limite. O desenvolvimento de novas afinações de guitarra, o baixo sempre em evidência, características marcantes do som do grupo, não existem no formato acústico, e isso faz com que canções familiares soem estranhas.
Quer dizer então que o CD é ruim? Não, não é ruim. Em alguns momentos essas perdas são compensadas com o surgimento de outras características. É o caso de "Love Song", aqui muito melhor que sua versão original, com um clima absolutamente desesperador. Outras canções que ficaram bem no formato foram "Twisted Transistor", "Coming Undone" e "Blind". Merece destaque também a medley com "Make Me Bad/In Between Days", onde o dono do Cure Robert Smith divide os vocais com Jonathan Davis, deixando evidente a proximidade entre a música dos dois grupos, e também a versão para "Creep", do Radiohead, que aqui ganhou um clima bastante sombrio e mais adequado a sua letra, o que o grupo de Tom Yorke nunca conseguiu fazer.
Mas têm momentos em que as coisas simplesmente não funcionam. Canções como "Hollow Life", "Falling Away From Me" e "Got The Life" não conseguem prender a atenção do ouvinte, e soam chatas. Mas o ápice negativo do disco acaba sendo a versão de "Freak On A Leash" com a participação da queridinha Amy Lee nos vocais. Suas intervenções são irritantes, e jogam uma das melhores composições da carreira do Korn no lixo, sem dó.
Resumindo, "MTV Unplugged" é um registro que não deve agradar nem mesmo aos fãs do grupo americano. O que é uma pena, porque o Korn sempre mostrou originalidade e talento para nadar contra a maré, construindo a sua música como sempre quis, mas neste CD preferiu se juntar a multidão e acabou fazendo um disco que é mais do mesmo.
O que, convenhamos, é muito pouco para um grupo com a história do Korn.
Decepcionante.
Faixas:
1. Blind
2. Hollow Life
3. Freak On A Leash
4. Falling Away From Me
5. Creep
6. Love Song
7. Got The Life
8. Twisted Transistor
9. Coming Undone
10. Make Me Bad/In Between Days
11. Throw Me Away
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