Resenha - Brothers In Arms - Dire Straits
Por Raul Branco
Postado em 12 de dezembro de 2000
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
"Now look at them yo-yo’s that’s the way you do it / You play the guitar on the MTV / That ain’t workin’ that’s the way you do it / Money for nothin’and chicks for free"... Com estes versos estourou, por todo o planeta, o primeiro hit de um disco que seria um marco na história do rock. Suas nove faixas, quase todas, uma após outra, alcançaram as paradas de sucesso de todo o mundo, e o tornaram o álbum mais vendido da história da música no Reino Unido. E, falando em Grã-Bretanha, estamos falando do palco natural de artistas como The Beatles, Led Zeppelin, The Rolling Stones, Oasis, The Who, The Police e muitos outros competidores de respeito e altas vendagens. Ainda assim, apesar de toda essa história de recordes e rendas, "Brothers In Arms" abriu seu espaço justamente por ser descompromissado com o mercado da época (1985), lotado de grupos onde os fatores fundamentais para o sucesso eram a quantidade de laquê gasto nos penteados e o quanto justa a calça de couro de seu guitarrista conseguia ser.

O principal responsável por isso foi um guitarrista escocês, dono de uma técnica singular, chamado Mark Knopfler, que compôs todas as músicas, sendo que Money For Nothing teve o auxílio, na composição e vocais, de Sting, ainda componente do The Police. Mark Knopfler conseguiu criar um clima triste e intimista – porém envolvente e cativante - por todo o disco, somente permitindo a uma música romper esta barreira: a animada e vibrante "Walk Of Life", um dos maiores hits de "Brothers In Arms" e da carreira do Dire Straits. Curiosamente, Neil Dorsman, que co-produziu o disco com Knopfler, queria deixar esta música fora do álbum, mas foi impedido por toda a banda, que no final provou ter tomado a decisão certa.
Para abrir o álbum foi escolhida "So Far Away", outro grande hit, com versos apaixonados e doloridos como "I’m tired of being in love and being all alone". Essa tristeza (blue, em inglês) ao mesmo tempo romântica, sonhadora e esperançosa, é traduzida pela inesquecível capa azul celeste, com a foto de um violão de aço National (parecido com o nosso violão dinâmico) alçando vôo entre nuvens levemente escuras num céu azul intenso, quase violeta. Para seguir a faixa que foi o primeiro single retirado do disco, uma música que, se não é triste, mostra desprezo e frustração, "Money For Nothing". Mais tarde Mark Knopfler citaria sua musa inspiradora: dois carregadores de uma loja falando mal dele ao verem um clip do Dire Straits na MTV. O vídeo-clip feito para essa música foi marcante na época, por ter sido um dos pioneiros em usar animação computadorizada.
Um pouco mais de vibração surge na celebração à vida (simbolizada no clip pelo esporte) em "Walk Of Life" e, para contrastar, a boêmia "Your Latest Trick", com sua inesquecível frase no saxofone.
Um convite à solidariedade e a amizade sincera, numa das mais belas baladas do grupo, "Why Worry" tem uma letra terna sem cair na pieguice, permitindo a Mark Knopfler explorar seu dedilhado, com o contraponto do piano. Já "Ride Across The River" é uma das músicas do disco que tem como tema o soldado e a guerra, no caso tanto os "partisans" que se julgam imbuídos da causa mais justa quanto os mercenários que não se importam nem com a razão do combate, pois é tudo, para eles, a mesma velha história: matar ou morrer. A guitarra lembra, em determinadas passagens, a de Carlos Santana, e o sopro ainda reforça a idéia, sem que o arranjo se banalize e descambe para o óbvio, abusando da percussão.
Com o mesmo tema – o soldado, desta vez o que volta para casa e não se adapta, tornando-se um criminoso aos olhos da sociedade – temos a música mais contrastante e impactante do disco, "The Man’s Too Strong", que principia com o violão dedilhado e a voz de Mark, antes que a banda, que vem surgindo do nada, exploda vigorosamente ao mesmo tempo em que é cantado seu refrão: "The man’s too big / the man’s too strong".
"One World", um blues, é a mais urbana e pop de todo o álbum, onde a guitarra é tão elétrica quanto pode ser, com seu velho parceiro John Illsley slapeando no baixo. Essa música relativamente pequena (3min40s), descontrai o ouvinte para o que se segue: a faixa-título, "Brothers In Arms", que nos pega de surpresa, desde seu clima inicial, com ruídos de batalha. Este hino anti-belicista, onde a guitarra de Mark Knopfler volta a apresentar todas as características que o fizeram famoso e respeitado, combinando notas rápidas, curtas e abafadas com outras longas em belos "bendings", foi guardado propositalmente para fechar o disco. A cama feita pelo órgão é comovente e a cozinha (baixo e bateria) econômica e correta. Mais um hit e mais um clip famoso, com outra técnica de animação, onde até fotocópias foram usadas.
"Brothers In Arms" marca a vitória da emoção e inspiração sobre o modismo e o sucesso pré-fabricado.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Kerry King coloca uma pá de cal no assunto e define quem é melhor, Metallica ou Megadeth
Robert Plant tem show anunciado no Brasil para 2026
Dave Mustaine lamenta o estado atual do metal e do rock
A mensagem de Donald Trump para a família de Ozzy, e a reação de Sharon
Lynyrd Skynyrd é confirmado como uma das atrações do Monsters of Rock
Divulgados os valores dos ingressos para o Monsters of Rock 2026
Por que o Kid Abelha não deve voltar como os Titãs, segundo Paula Toller
O desabafo dos Osbourne contra Roger Waters; "Merda faz flores crescerem"
O guitarrista que, segundo Slash, "ninguém mais chegou perto de igualar"
A banda lendária que apresentou Tom Morello ao "Espírito Santo do rock and roll"
Raven grava versão de "Metal Militia", do Metallica
Ozzy Osbourne foi secretamente hospitalizado duas semanas antes do último show
It's All Red lança single com primeira incursão de Humberto Gessinger no heavy metal
A banda que arruinou o show do Creedence em Woodstock, de acordo com John Fogerty

A canção do ZZ Top que, para Mark Knopfler, resume "o que importa" na música
Mark Knopfler elege o maior álbum do Dire Straits; "é o melhor em muitos aspectos"
É de tirar o pó da vitrola: 5 relançamentos imperdíveis para fãs de rock clássico
O único motivo que fez Mark Knopfler sobreviver ao rock; "Eu teria morrido", admite
Os 50 anos de "Journey To The Centre of The Earth", de Rick Wakeman


