Resenha - Ashes Are Burning - Renaissance
Por Raul Branco
Postado em 29 de julho de 2000
Um dos marcos da música progressiva dos anos 70 foi o disco de uma banda que, até então, gozava de certo prestígio apenas pela pequena parcela do público que a conhecia. Retrato de sua época, o grupo inglês produziu uma jóia que alcançaria as paradas de sucesso de todo o mundo, inclusive o Brasil, fazendo com que seus discos anteriores fossem "descobertos" pelos fãs e garantindo uma legião de admiradores fiéis através dos anos.

"Ashes Are Burning", o quarto trabalho do Renaissance (segundo de sua formação clássica), apesar de progressivo, segue a vertente conhecida como classic(al) rock; é um disco suave, sem grandes temas instrumentais desenvolvidos até a exaustão, como seus contemporâneos. Com as participações especiais de Michael Dunford no violão (que viria a ser incorporado ao grupo no álbum seguinte, "A Song For All Seasons") e Andy Powell, do Wishbone Ash, tocando guitarra na faixa-título, seus integrantes John Tout (teclados e vocais), John Camp (baixo e vocais), Terence Sullivan (bateria, percussão e vocais) e Annie Haslam (vocal principal) gravaram 40’44’’ de música, divididas em 6 faixas (três de cada lado) de rara beleza, todas compostas pela dupla Michael Dunford/Betty Thatcher, com arranjos criados para valorizar a voz de soprano de Annie, que rivalizava com Maddy Prior (Steeleye Span) e Sandy Denny (Fairport Convention), pelo título de melhor cantora inglesa dos anos 70.
Sua capa, que trazia uma foto muito granulada dos quatro componentes (Haslam e Tout na frente, Camp e Sullivan no verso), foi lançada em duas versões para o mercado americano e europeu: numa, Annie Haslam está sorrindo, enquanto na outra seu rosto está sério e pensativo. As roupas também são diferentes, mas a disposição dos componentes, tratamento da foto e o cenário são idênticos.
A primeira faixa, "Can You Understand?", de 9’51’’, abre o disco com o toque de um gongo chinês, acompanhado do piano de Tout e do baixo Rickenbacker de Camp. Com a bateria, cria-se o clima que vai render uma excelente peça, onde você já tem uma demonstração da excelência dos vocais de Annie Haslam, que a interpreta sem o menor esforço. Com uma letra que incita a expansão da mente, tema muito apreciado pela banda, "Can You Understand?" conta com a participação de uma orquestra completa. Uma curiosidade: a parte instrumental central da música, embora não creditada, é "Tonya Comes To Varykino", música de Maurice Jarre para a trilha sonora do filme "Dr. Jivago", inclusive com um arranjo muito parecido, onde os guizos do trenó foram mantidos. O mesmo piano, secundado pela voz de Annie, que alcança registros inacreditáveis, inicia o maior sucesso da carreira do grupo, a romântica "Let It Grow". Sem guitarras com pedais de efeitos nem registros mirabolantes, "Let It Grow" traz apenas piano, baixo e bateria e vocais num hino ao amor. O lado A fechava com os 4’54" de "On The Frontier", onde Annie Haslam divide os vocais principais com John Tout e há um belo dueto piano/baixo.
"Carpet Of The Sun", com uma letra ecológica e holística, inicia o outro lado. Mais outra vez, o destaque é o trabalho primoroso da vocalista, complementado por um arranjo de cordas. Foi o segundo hit deste disco.
A música seguinte, "On The Harbour", a melhor e mais emocionante letra do disco, com um clima pesado e andamento arrastado, descrevia a angústia das moradoras de uma vila à beira-mar, esperando no porto pela volta de seus maridos, pais ou filhos marinheiros, provavelmente afogados no mar. Os acordes pesados de Tout dão a tônica da música. Depois, o fechamento com a faixa-título de longos 11"24", que parecem ser menores ao ouvinte que se deixa abraçar pelo clima. O solo final de Andy Powell, que em uma pequena passagem remete a "The King Will Come", do Wishbone Ash, é uma síntese do disco: sem grandes efeitos, timbres bizarros nem truques de estúdio. Apenas música tocada com sentimento.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
Sharon explica o que a fez desistir de pacto firmado com Ozzy
Testament, Overkill e Destruction confirmam turnê conjunta em 2026
Rafael Bittencourt explica por que Fabio Lione saiu do Angra
Rafael Bittencourt explica atual relação com Edu Falaschi e possibilidade de novos shows
Jimmy Page faz post e comenta atual opinião sobre show do Led Zeppelin em 2007
Lynyrd Skynyrd fará shows em Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre
Por que Angra escolheu Alírio Netto como vocalista, segundo Rafael Bittencourt
A resposta de Rafael Bittencourt sobre possibilidade de Bruno Valverde deixar a banda
O dia que Rob Halford viu Ozzy Osbourne peladão e curtindo a vida adoidado
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
As duas músicas do Iron Maiden que nunca foram tocadas no Brasil - e podem estrear em 2026
Steve Harris não descarta um grandioso show de despedida do Iron Maiden
Os ícones do heavy metal que são os heróis de Chuck Billy, vocalista do Testament
A primeira banda de rock dos anos 1960 que acertou em cheio, segundo Robert Plant


Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional
Legião Urbana: O discurso de tristeza e morte no álbum A Tempestade
Em 1977 o Pink Floyd convenceu-se de que poderia voltar a ousar


