Resenha - Solitarily Speaking Of Theoretical Confinement - Ron Jarzombek
Por Thiago Sarkis
Postado em 22 de agosto de 2003
Nota: 10
Caso você venha a me perguntar quais os atributos que podemos dar ao segundo disco solo de Ron Jarzombek, serei breve e usarei apenas duas palavras: doentio e extraordinário. A primeira parte já era de se esperar vindo do guitarrista do WatchTower - legendária banda que abriu radicalmente os caminhos para o metal progressivo e técnico - e líder do Spastic Ink. Igualmente podemos falar sobre o segundo adjetivo usado, porém, desta vez, o disco como um todo foi além de qualquer engenhoca que se esperava deste cientista, monstro, etc.
Dê uma olhada na capa do álbum, em seu título, "Solitarily Speaking Of Theoretical Confinement", e esteja ciente de que estão presentes aqui quarenta e cinco faixas instrumentais, menos de cinqüenta minutos de música, e um alto teor de insanidade em técnica de composição, palhetadas alternadas, arpejos, riffs, e muito mais. Não pare de ler agora. O surpreendente vem exatamente no fato de, com este conteúdo, o trabalho ainda assim soar coeso, agradável ao extremo. É inconcebível compreender como Jarzombek conseguiu tirar de tudo isso algo que não soe chato, tedioso.
O primeiro mérito deste verdadeiro gênio foi não ter colocado qualquer espaçamento entre uma faixa e outra. Elas apenas se dividem e têm nomes diferentes, contudo soam como uma só composição, seguindo uma linha caracterizada por não se enquadrar em qualquer parâmetro, indo de alfabetos cromáticos e diatônicos (o braço da guitarra literalmente sendo usado para escritos e falas) a escalas rápidas, muito peso, variações nos tempos e passagens divertidíssimas, dignas de trilhas para desenhos animados.
O segundo maior responsável pelo sucesso vem no encarte, na explicação teórica de cada música, na história de como elas surgiram e sobre o que tratam, e também como veio a idéia da criação dos alfabetos utilizados aqui.
Agora fazendo referências musicais mais diretas, pense primeiramente no Beer For Dolphins de Mike Keneally ou em Steve Vai de "Flex-Able". Pronto, você já está de cara com "To B Or Not To B" (o primeiro tema usando apenas o Si, e o segundo com todas as outras notas, exceto o Si) e "Sex With Squeakie". Passe então às pancadarias propiciadas por Michael Romeo no Symphony X e aí vamos nós com "Dramatic Chromatic" e "Gimme 5".
Ron Jarzombek superou seu primeiro lançamento solo e segue ‘pintando seu próprio quadro’ na galeria dos grandes gênios da música contemporânea. Um estilo único, uma mente inacreditavelmente doente um milagre nesse disco que tinha tudo pra ser enfadonho, e que é, na verdade ‘somente’ esplêndido.
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