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Resenha - Perto do Amanhecer - Apocalypse

Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 18 de abril de 2002

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Talvez possa parecer estranho que um álbum de uma banda brasileira, lançado originalmente em 1995, e cuja qualidade artística seja tão boa, esteja sendo resenhado agora; entretanto, por incrível que pareça, esta é a primeira vez em que ele é editado aqui no Brasil!

Para entender melhor a situação, precisamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao ano de 1991, quando o grupo gaúcho, na época um power trio, contando com Chico Casara (vocal, guitarra e baixo), Chico Fasoli (bateria) e Eloy Fritsch (teclados), registrou seu auto-intitulado álbum de estréia, distribuído apenas regionalmente, e que fez um bom sucesso local, levando o conjunto a tentar uma gravadora maior, que pudesse divulgá-los de maneira mais eficaz.

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Entretanto, apesar de terem sido feitos vários contatos, nenhuma gravadora brasileira demonstrou interesse (pasme!); foi necessária a intervenção de um fã, que os colocou em contato com a Musea, gravadora francesa especializada em progressivo, para onde foram enviadas algumas cópias do LP, e mais tarde uma demo-tape com três músicas inéditas.

O resultado? Eis as palavras de Marcos C.de Oliveira (Metamúsica nrº 3): "Quando o material bateu na mão dos executivos da Musea, foi um 'corre-corre'; os franceses queriam enviar até um emissário para negociar o contrato, pois em nenhuma hipótese queriam perder a oportunidade de ter a banda em seu cast".

Pois é, a surdez dos empresários ligados à música em nosso país acabou fazendo com que o Apocalypse assinasse contrato com a gravadora francesa, pelo qual acabariam saindo seus trabalhos durante cinco anos; com isso, por mais paradoxal que possa parecer, nós aqui no Brasil não tínhamos acesso fácil aos trabalhos do grupo.

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Finalmente este verdadeiro absurdo está sendo sanado, com o lançamento em edição nacional do "Perto do Amanhecer" através da gravadora Rock Symphony, de propriedade do Leonardo Nahoum (autor do livro "Enciclopédia do Rock Progressivo"), e que já havia lançado anteriormente o "Live in USA", que registra a apresentação feita no Progday99.

Assim como no primeiro álbum, o grupo não nega suas influências neo-progressivas, com uma sonoridade ligeiramente calcada nos primeiros trabalhos do Marillion; entretanto, cumpre deixar claro que não se trata de um mero clone marilliano, pois uma audição atenta nos revela uma vasta gama de influências, principalmente das bandas sinfônicas dos anos 70 (Yes, Camel e o Genesis de Peter Gabriel, que por sinal foi a principal inspiração do Marillion...) e com alguns temas que lembram também os dois primeiros trabalhos do Sagrado Coração da Terra.

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Na época em que foi lançado originalmente (1995), o guitarrista Ruy Fritsch já estava de volta ao grupo (ele havia saído em 1986), e com isto o som se tornou mais "encorpado"; sem contar que a produção esmerada (foram mais de dois anos acertando todos os detalhes, desde mixagem até parte gráfica), resultou num produto final que não perde em nada comparado com os que são lançados por "grandes" bandas, inclusive lá fora.

As letras (em português) versam sobre temas místicos e esotéricos, porém abordados de forma lúcida e sem descambar para o delírio puro e simples, mas sim conclamando os ouvintes à uma reflexão mais profunda; diga-se de passagem que se trata daqueles trabalhos que, quanto mais ouvimos, mais detalhes e nuances percebemos.

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Sem querer parecer exagerado: este foi, sem sombra de dúvida um dos grandes lançamentos do progressivo brazuca dos anos 90, que com certeza vai agradar até mesmo aqueles ouvintes mais conservadores ou radicais que não gostam de neo-prog, pois ao contrário de muitos lançamentos do gênero, não possui aquela característica chamada desdenhosamente pelos detratores de "neo-prog-alegre"...

Faixas:

Ao cair no espaço
Terra azul
Magia
Fantasia mística
Notredame
Nascente
Na Terra onde as folhas caem
Lágrimas
Corta
A paz da solidão
Limites de vento
Sob a luz de um olhar

total time: 67:20

Formação:

Chico Casara: vocal, baixo
Eloy Fritsch: sintetizadores, backing vocal
Chico Fasoli: bateria
Ruy Fritsch: guitarra

site: www.apocalypsebr.cjb.net

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Sobre Marcos A. M. Cruz

Fanático por rock setentista.
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