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Resenha - Major Impacts - Steve Morse

Por Paulo Haroldo
Postado em 26 de setembro de 2000

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Meu nome é Steve, meu sobrenome é trabalho. Depois de lançar mais um álbum de sua banda do coração – Dixie Dregs, "California Streaming’ " – e de excursionar quase o ano todo com o Deep Purple, Mr. Morse ainda encontrou um tempinho para gravar um disco solo. Nesta empreitada estão junto a ele Dave LaRue, baixista e articulista da Bass Player Magazine, e antigo colaborador dos Dregs, além de Van Romaine na bateria, que acompanha Morse desde 1991, mas que começou tocando rap no grupo Naughty By Nature.

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Major Impacts, lançado pelo selo de rock progressivo Magna Carta, traz um apanhado das principais influências exercidas por guitarristas sobre o trabalho de Steve. E das 11 faixas, apenas duas não se referem explicitamente a músicos de rock. É um disco testamental, auto-referente, estilizado, e sobretudo divertido. Principalmente se você tiver o encarte em mãos. Sim, porque a cada faixa Steve comenta o tipo de influência que recebeu e dá títulos remissivos às músicas originais, através de frases-chaves. Assim, enquanto ouve um belo trabalho de guitarras, você aproveita para testar seus conhecimentos de rock!

Por exemplo, a primeira faixa tem o título de "Derailleur Gears", portanto é óbvio que alude a um dos principais trabalhos do Cream, "Disraeli Gears" – e à importância de Eric Clapton. Mas não se resume a isso, no mesmo comentário Steve cita ecos de Gentle Giant na construção da música. Já a segunda faixa, "Well, I Have" – uma das melhores do cd – refere-se ao final do verso da célebre canção de Jimi Hendrix: "Have you been experienced? Well, I have..." Só que aqui Steve chama a atenção, de modo inusitado, para o trabalho de guitarra-base de Jimi. No meio da música Steve recria os efeitos originais de Hendrix e emenda com um inspirado solo de wah-wah... uma delícia. Na 3ª faixa, "TruthOla", o homenageado é Jeff Beck, mas também Eric Johnson e Alex Lifeson, e a gravação foi feita de uma só vez, sem overdubs, como Beck e Clapton faziam no início de carreira. A 4ª faixa, "Migration", é a uma das únicas que fazem referência não a um guitarrista, mas a toda uma banda, no caso The Byrds. E a música seguinte, "Led On", como não poderia deixar de ser, remete de forma esplêndida a "Black Mountain Side", de Jimmy Page - com início acústico e centro pesado, além de ótimos licks. Em seguida a única faixa relacionada ao jazz-fusion – ironicamente o estilo praticado por Steve quando se formou em música na Universidade de Miami, e onde formou o Dixie Dregs – a delicada " The White Light", um primor de textura ao violão e piano, como fazia John McLaughlin na Mahavishnu Orchestra. Inclui um belo solo de LaRue no baixo fretless. Daí em diante seguem tributos justificados a Keith Richards, George Harrison, Leslie West (recriando estilizadamente a impagável "Mississippi Queen" – neste comentário Steve diz que sempre que tentava recriar o trabalho de mão esquerda de Ritchie Blackmore, acabava desembocando no som obtido por Leslie West...) e, logicamente, a Duane Allman. É nessa penúltima faixa que Steve faz sua homenagem mais derramada, pois há muita ligação entre seu trabalho e o do southern rock dos Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd (Steve já havia tocado em palco junto com o Skynyrd, na turnê de 1987 que resultou no cd "Southern By The Grace Of God"). A última música, "Prognosis", faz menção conjunta ao Kansas e ao Yes, notadamente à influência advinda de Steve Howe.

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O único defeito do cd é não haver nada no encarte sobre as guitarras que Steve utilizou na gravação (normalmente ele só usa guitarras da marca Ernie Ball), apesar das muitas citações sobre os instrumentos tocados por seus homenageados.
Quem puder adquirir o cd importado (não deve sair no Brasil) e souber um pouco de inglês, terá 50 minutos de diversão garantida.

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Sobre Paulo Haroldo

Ex-comerciante, casado com o rock e com a mulher mais linda do mundo. Preferências musicais: Hard Rock (principalmente anos 70), Blues, Heavy Metal sem podreira, Progressivo (não confundir com ProgMetal), e todo bom rock/pop feito sem samplers, computadores e outros artifícios eletrônicos que só servem para mascarar falsos músicos.
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