Resenha - Devil's Hall of Fame - Beyond Twilight
Por Leandro Testa
Postado em 20 de outubro de 2002
Nota: 8
Imaginem um tecladista dinamarquês que resolveu dar uma de andarilho e foi para a África, para o deserto do Saara e para as montanhas Atlas (Marrocos) a fim de buscar a inspiração que lhe faltava e compor canções baseadas num livro de contos bem doido que escrevera pouco antes. Esse isolamento do resto do mundo e de qualquer tipo de civilização lhe fez bem, deu-lhe a paz que precisava, afinal basta ver o título de suas músicas para deduzir que Finn Zierler não estava bem (ou melhor, podemos dizer que a sua personagem não estava nada bem).
Agora visualizem o David Coverdale pedindo uma forcinha para o Ronnie James Dio, e tal dupla cantando um som progressivo por vezes arrastado, na linha "doom". Desta mistura resulta Jörn Lande no "Beyond Twilight", vocalista norueguês que já mostrou ao mundo seu poderio em trabalhos com o "Snakes" de Bernie Marsden e Micky Moody (ambos ex-Whitesnake), com o seu maravilhoso conterrâneo ARK ou mais recentemente com uma participação na ópera-rock Nikolo Kotzev's Nostradamus, junto a Joe Lynn Turner, Glenn Hughes e Doogie White. Na verdade, eu justamente pedi este CD para resenhar, pois sempre adorei seus trabalhos prévios, acredito muito que ele fará miséria no Masterplan (banda dos ex-Helloween, Roland Grapow e Uli Kusch), mas confesso que de início não gostei muito do som do "Beyond Twilight". Não porque é ruim, mas por ser bastante diferente de tudo aquilo que ele já fez (assim como Zierler nunca fizera com o "Twilight", embrião desta nova empreitada), e pelo abuso da agressividade em seus vocais (mas eu sei porque: sua parte foi incidentalmente deletada e ele teve que gravar tudo de novo, he he). O empresário de Zierler lhe fornecera dezenas de gravações de metal para que ele pudesse escolher um cantor que mais se encaixasse à sua banda. Ao ouvir Jörn ele teve certeza que não precisava mais perder mais tempo, pois essa era a pessoa certa, também pudera, sua performance sempre foi invejável, um camaleão musical, e ele encarna muito bem o sofrimento do homem descrito em "The Devil’s Hall of Fame".
Numa dessas suas andanças, Zierler deve ter dado um tempo para descansar e entrou num circo. "The Devil’s Waltz", uma das duas excelentes instrumentais, já tem um clima ‘mezzo’ picadeiro, ‘mezzo’ valsa, logo no seu começo, mas ao entrar aquele som característico de quando os palhaços estão fazendo baderna, você tem certeza que isso daria inveja ao supra-sumo dos "malucos beleza". "Closing the Circle", por outro lado, é bem curtinha, mas mostra como se deve tocar um piano/teclado, algo que André Andersen do Royal Hunt deveria se esforçar em aprender.
"Crying" é sublime e por si só já vale a aquisição do disco. Começa como uma balada, tem uma reviravolta e seu instrumental fica pesado, muito bom, retornando depois à parte calma de seu início. A performance de Jörn é belíssima e talvez seja a que mais lembre o ARK, e a que contenha mais cacoetes a la Coverdale, assim como no ‘bridge’ de "Shadowland", uma música bastante cadenciada, tendo nessa parte e no estribilho os seus momentos mais inesperados e encantadores. À exceção de "Godless and Wicked", também uma das melhores, que imprime uma maior velocidade, as três faixas adicionais seguem nesse esquema pesado/rastejado. Diferentemente de "Hellfire" e "Perfect Dark", a faixa-título é um ponto obscuro na obra, por ser muito longa, lenta, e conter poucas alternâncias musicais, o que a torna cansativa em um determinado momento, deixando-me impaciente. Todavia, existe nela um coral em latim bastante interessante, mas multiplique a sua qualidade por dois e você terá um muito melhor (em inglês) na faixa que fecha brilhantemente o CD.
Em suma, vale a pena dar uma conferida, e somente não leva uma nota maior devido ao problema que acabo de relatar. A capa lindíssima e os músicos que os acompanham também são outro destaque, sendo eles, Tomas Fredén (baterista), Anders Ericson Kragh (talentoso guitarrista sueco de apenas 21 anos) e Anders Lindgren (baixista), dignos de uma honrada menção.
Duração – 45:50 (8 faixas)
Produzido por Tommy Hansen (Helloween, ARK, Pretty Maids)
Lançado originalmente em 23 de julho de 2001
Site Oficial: www.beyondtwilight.dk
Material cedido por:
Hellion Records – www.hellionrecords.com
Rua 24 de Maio, 62 – Lojas 280 / 282 / 308 – Centro
São Paulo – SP – BRASIL
CEP: 01041-900
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OBS: Caso queira saber o teor de toda essa insanidade cyber-futurística, propus-me a traduzir a nota inserida no encarte do CD. Do contrário, favor ignorar a parte final desta resenha.
"O livro de contos "The Devil’s Hall of Fame" é daqueles que possui uma história de reviravoltas, que toma forma e se locomove em quatro dimensões.
Ela lida com a personalidade de um humano adentrando, através de um computador, a sua própria mente e tudo aquilo que ele vivencia nesta jornada é descoberto no fundo de seu sub-consciente.
Alguém implantara um chip em seu cérebro e ele percebe que alguns dos arquivos estão corrompidos, ao passo que outros foram apagados. Adentrando mais profundamente no seu próprio cérebro, ele aos poucos recupera partes e fragmentos da sua memória desaparecida e o homem inicia uma aventurosa viagem através do tempo.
Revive situações do passado e do futuro de sua vida, tal como o próprio funeral – sem que estivesse morto – se apaixonando e desapaixonando pela mesma mulher em diferentes eras. Eles se encontram em diversas ocasiões no decorrer da história, vivenciando a paixão, ansiedade, o medo, ódio e a dor. Descobre a chave-secreta para o mais forte e passional amor da natureza humana no sadomasoquismo... (Ui !!!) ...E juntos vivem seus sonhos mais intensos, pois foram feitos um para o outro.
Outra parte do livreto focaliza a filosofia e a religião. Seria a religião apenas uma filosofia? Seria a religião algo que a raça humana criou para cobrir a necessidade básica de se ter "em algo para acreditar"? Desde os primórdios, a raça humana acreditava nos Deuses do Sol, da Chuva, etc. A história e a ciência nos ensinaram que sem uma forte crença, algo para se apegar, ela, bem provavelmente, estaria extinta. Ao mesmo tempo, estamos cientes de que há muito mais entre o Céu e a Terra do que sabemos. Há tantas coisas que a ciência simplesmente não consegue explicar. Existe um Deus?
A religião é uma filosofia, ficção ou uma realidade? Existem mais verdades? Que verdade é para valer?
Ele começa a se questionar se tudo o que nos cerca é meramente uma grande ilusão. Fora ela criada por outros seres inteligentes do qual o próprio homem faz parte – somos nós uma outra forma de vida, será que tudo é controlado por máquinas, teria a tecnologia assumido nosso lugar, estariam os computador guiando a todos nós? ... Ele aos poucos começa a enxergar a realidade diferentemente do resto da civilização. Ele indaga o quão importante os bens materiais são para as pessoas e o quão em moda eles estão para serem vitais. Isso praticamente se tornou um decreto e não há tempo para se importar com nada, exceto consigo mesmo. Tudo é como uma grande sociedade formigo-robótica. Por que todos estão agindo assim? Todos estão seguindo as normas e as regras. Por que eles não param por um minuto e pensam?
O que é a verdade? À medida que ele viaja mais fundo na sua própria mente, mais e mais coisas obscuras vêm à tona. Ele finalmente encontra a chave-secreta para a verdade e ao mesmo tempo descobre que a verdade é auto-destrutiva. Ao contá-la para outras pessoas, elas morrem instantaneamente. Ele agora percebe que está sozinho – completamente só. Mas por que ele, como o único que detém a chave secreta para a verdade, sabe dela e ainda assim não morre?
Essa é uma breve explicação do conceito lírico do álbum – há muito mais detalhes para serem descobertos nas letras. Trata-se de um livreto que transcende os limites da realidade, experiências pessoais e da ficção. Ou ela realmente é uma ficção? Tente compreendê-la."
(Nota do resenhador: Pura maluquice...)
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