Rick Rubin: Cinco álbuns que fizeram história
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 12 de setembro de 2016
Quando questionado sobre a diferença entre trabalhar durante dezessete anos com BOB ROCK e a empreita da qual resultou "Death Magnetic" de 2008 com RICK RUBIN, JAMES HETFIELD foi categórico: "é como comparar preto com branco ou água com óleo". Conhecido por uma política "laissez-faire" de trabalho, RUBIN é tão eclético em seus projetos, quanto excêntrico em sua ética "deixa rolar" de estúdio: "Eu nunca tive a sensação de ganhar um centavo trabalhando"- é uma de suas famosas frases - um neo-confucionismo que desperta sentimentos ambíguos a respeito do cara que já produziu das SPICE GIRLS ao SLAYER.
Entre felizes e furiosos, o toque de Midas de RUBIN o transformou - assim como DON WAS e GEORGE MARTIN - em um produtor analogamente galáctico aos artistas que requisitam seus serviços. Experimental e inventivo, RUBIN assimila o espírito da época (vide "American Recordings" com JOHNNY CASH), enquanto estimula os músicos a interiorizar, processar e conferir uma assinatura singular a seus registros: "Eu nunca decido se uma idéia é boa ou ruim até que eu tente. Muito do que atrapalha as coisas é pensar que sabemos por antecipação. E, quanto mais podemos remover qualquer bagagem que levamos conosco, estar no momento, usar os nossos ouvidos, prestar atenção ao que está acontecendo, e apenas ouvir a voz interior que nos dirige, melhor."
Dentro de uma discografia extensa- e me atendo ao universo do rock n´roll – escolhi cinco registros em ordem aleatória que foram fundamentais na carreira do produtor e, em alguns casos, definidores de uma sonoridade que se perpetuaria ao longo da carreira de algumas bandas:
1) "Electric" - THE CULT (1987)
Ainda conhecido como um produtor ligado umbilicalmente ao hip hop (mesmos já tendo trabalhado com o SLAYER), RUBIN mostrou ao CULT que o mundo era mais do que o gothic rock com testosterona. Contando com clássicos que reciclaram os riffs do AC/DC, como "Wild Flower," "Lil’ Devil" e "Love Removal Machine", os ingleses pavimentaram a estrada para o posto merecido no mainstream do hard rock oitentista.
2) "Blood Sugar Sex Magik" - RED HOT CHILI PEPPERS (1991)
"A guitarra de JOHN FRUSCIANTE é menos barulhenta, deixando espaço para diferentes texturas e linhas mais claras, enquanto a banda em geral é mais focada e menos indulgente. Liricamente, ANTHONY KIEDIS é focado em sexo como sempre, mas diversifica: ora invoca-o como a uma mulher lhe implorando pelo ato, ora o ostenta em grandes detalhes, como em "Give It Away" e "Suck My Kiss". A análise da ALLMUSIC deixa evidente a mudança nos rumos da banda que, a partir do full length, amansou o funk, arredondou as arestas sonoras e entrou de vez para o pódio dourado do rock n´roll.
3) "Reign In Blood" - SLAYER (1986)
"O álbum mais pesado de sempre", segundo a KERRANG!, foi o terceiro registro do SLAYER. Com uma diversidade lírica renovada, saindo da monotemática satanista, o quarteto teve o som robustecido (e, ao mesmo tempo mais clarificado e denso), mostrando um salto significativo com relação ao registro anterior, "Hell Awaits" o que, convenhamos, não é pouca coisa...
4) "Audioslave" - AUDIOSLAVE (2002)
Ok: o AUDIOSLAVE não inventou a roda quando uniu a pujança do RAGE com a veia "sabbathiana" de CHRIS CORNELL. Mas é válido lembrar que, em 2002, em meio à um indie esquálido e o nu metal (que a bem da verdade RUBIN também ajudou a fomentar), a banda representou uma lufada de ar renovado- quando era nítido que, no panorama geral, o estilo estava cambaleante em termos de criatividade.
5) "Death Magnetic" - METALLICA (2008)
EDUARDO RIVADAVIA, em resenha, declarou que "Death Magnetic", "consolidou a reputação de RUBIN como um salvador de carreiras". Em retrospecto, o episódio Napster e a trinca de álbuns de inéditas pós 1991, tinham sido, em um contexto geral, uma experiência bem mais do que amarga para o METALLICA. "Death" não cometeu o erro de querer voltar a 1986 - nem de repudiar os anos 2000. Antes de tudo, é um álbum equilibrado, muito bem direcionado musicalmente e dono de um poder virtuoso de ataque.
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