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Vinyl: uma passada geral na série da HBO

Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 06 de abril de 2016

Produzida pela dupla Mick Jagger e Martin Scorcese, Vinyl estreou mundialmente dia 14 de fevereiro com um épico episódio com 2 horas de duração. A trama conta a história de Richie Finestra, principal executivo da American Century, fictícia gravadora que atravessa um difícil momento financeiro. Ambientado no início da década de 1970, o seriado retrata o cotidiano do pessoal envolvido com música no período, sejam eles executivos, produtores ou os próprios músicos em si. Tudo, é claro, com o típico exagero da época, traduzido em doses generosas de sexo, drogas e rock and roll em cada episódio.

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Em relação ao casting, alguns nomes merecem destaque. Bobby Cannavale está ótimo no papel de Finestra, entregando uma atuação contagiante, que faz com que o espectador se identifique bastante com o personagem. Juno Temple, filha do diretor Julian Temple, também convence no papel de Jamie Vine, espécie de faz tudo da gravadora e uma ambiciosa garota que quer muito mais do que já conseguiu. E há Olivia Wilde, mais bela do que nunca e encantadora como sempre no papel de Devon Finestra, esposa de Richie. Temos ainda James Jagger, filho de Mick, como líder dos Nasty Beats, banda punk fictícia que faz parte da trama.

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É preciso mencionar também Ray Romano, que interpreta Zak Yankovich, um dos sócios de Finestra. Reconhecidamente um ator excelente, Romano passa a sensação de estar sendo mal aproveitado na trama, não tendo como assumir o protagonismo que um indivíduo com a sua história e talento naturalmente abocanha em projetos similares.

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Como já dito, Vinyl estreou com um grandioso episódio com quase 2 horas de duração, e onde ficou claro a fórmula que a série seguiria: uma banda/artista como pano de fundo em cada episódio, reconstituição primorosa da época (figurino, cenografia e fotografia exemplares neste aspecto), nudez onipresente (como em toda produção da HBO, diga-se de passagem) e consumo explícito de álcool e, principalmente, cocaína (seguindo a cartilha de Mad Men, apenas trocando o cigarro pelo pó).

Seguindo essa linha de raciocínio, tivemos a participação de fictícios New York Dolls e Led Zeppelin no primeiro episódio, Andy Warhol e o Velvet Underground no segundo, Alice Cooper no terceiro, o hipotético Hannibal no quarto e quinto episódios (um personagem que representa os grandes nomes do funk surgidos na época, e que é claramente inspirado em Sly Stone), David Bowie no sexto e Elvis Presley no sétimo. Além disso, nomes como Ramones, Neil Young, Mamas & Papas e outros surgem na tela como figurantes da trama. Esse costume de espalhar referências pelos episódios faz a alegria de nós, apaixonados por música, que identificamos os artistas retratados bem como as histórias e curiosidades vividas por eles. Além disso, cada episódio costuma trazer números musicais com canções do período, reinterpretadas por novos nomes em performances excelentes.

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O mesmo cuidado e apreço é verificado na trilha sonora de Vinyl, repleta de canções da época e também versões para antigos sucessos, em um trabalho de pesquisa e garimpo que faz a alegria de colecionadores. A estratégia para divulgação dessas faixas também é interessante, com um EP sendo liberado toda semana no perfil da série no Spotify, sempre com novas canções.

A trama, no entanto, merece alguns comentários à parte. Ainda que, como já dito, a série mostre a paixão pela música e seja claramente direcionada a um público que possui um grande conhecimento sobre o assunto (é claro que qualquer pessoa pode assistir, mas entender as inúmeras referências presentes em cada episódio é uma das partes mais legais da coisa toda), o enredo escorrega em diversos momentos. Os dois primeiros episódios são ótimos, com o primeiro apresentando o universo de maneira ostensiva e o segundo trazendo a melhor interpretação de Cannavale, totalmente enlouquecido após consumir doses industriais de cocaína. Entretanto, após esse início, a série cai em uma sequência irregular de episódios, que vão gradativamente tirando o foco da música e passando o protagonismo para os problemas que o vício de Finestra acarreta. Essa escolha revela-se cansativa, e passa a sensação de que a série não está indo para lugar algum. Vinyl retoma o rumo a partir do sexto episódio, e mantém a trajetória no sétimo.

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Apesar destes problemas e da necessidade de um foco maior em certos momentos, Vinyl é uma delícia pra quem vive a música de maneira intensa como a gente. Chegando próximo da conclusão de sua primeira temporada (são dez episódios), a série já foi renovada pela HBO para um segundo período, o que garante para os espectadores a transcrição para a tela de um momento importante do rock, com o nascimento do punk, a cena do CBGB, o pós-punk, a disco music e tudo que envolveu o cenário musical durante a década de 1970 (o fato de a American Century ter a sua sede em Nova York, cidade que viveu uma forte cena musical no período, é um grande acerto dos produtores).

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Gosta de música? Assista Vinyl. Ainda não assistiu? Então corra que ainda dá tempo. Vale muito a pena.

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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