Legs McNeil: o jornalista que popularizou o termo "Punk"
Por Pedro Zambarda de Araújo
Fonte: Bola da Foca
Postado em 02 de março de 2009
"Holmstron queria que a revista fosse uma combinação de tudo em que a gente se ligava - reprises de televisão, beber cerveja, trepar, cheeseburguers, quadrinhos, filmes B e aquele rock´n´roll esquisito que ninguém além de nós parecia gostar: Velvets, Stooges, New York Dolls e agora os Dictators.
Então eu achei que a revista deveria ser feita pra outros fodidos como nós. Garotos que cresceram acreditando só nos Três Patetas. Garotos que faziam festas quando os pais não estavam e destruíam a casa. Sabe como é, garotos que roubavam carros para se divertir.
Então eu disse: 'Por que a gente não chama de Punk?
A palavra "punk" pareceu ser o fio que conectava tudo o que a gente gostava - bebedeira, antipatia, esperteza sem pretensão, absurdo, diversão, ironia e coisas com um apelo mais sombrio".
O jornalista Legs McNeil (que no começo não escrevia muita coisa, mas conseguia material para a revista a partir de depoimentos orais) disse essas frases em 1975, quando os Ramones buscavam sucesso em clubes do underground novaiorquino, como o CBGB. Esse nome com definição degradante para uma revista, "Punk" (que significa, na tradução literal, "lixo" para pessoas), foi o fio condutor de uma revolução no rock´n´roll e na indústria fonográfica causada, principalmente, pelos Sex Pistols em 1977, 78 e 79.
McNeil esteve no centro desse movimento, entrevistando pessoas como Lou Reed, que foi capa da primeira edição, o frontman dos Stooges, Iggy Pop e inúmeros músicos que fugiam dos padrões impostos por bandas de rock progressivo e pelas evoluções técnicas. Muitos desses heróis subiam ao palco apenas com o protesto e a presença de palco, sendo registrados pelos artigos de Legs McNeil, que iam para um lado cômico, sem muito comprometimento além do gosto pela contra-cultura local.
Quando a trupe do empresário Malcolm McLaren - Johnny Rotten, Sid Vicious e companhia, os Sex Pistols - chegou a Nova Iorque, todo um movimento descontrolado pregando a anarquia, a violência e a revolta pura e simples impregnou nas apresentações. Nada disso foi gratuíto, principalmente depois de uma experiência bem-sucedida na Inglaterra, país de origem dos Pistols (que gerou um verdadeiro movimento operário no país).
"Após quatro anos fazendo a revista Punk, e praticamente me divertindo com isso, de repente tudo era "punk". Então eu sai da revista" confessou, mostrando como o descontrole do fenômeno o fez se afastar desse meio. Somente a overdose de Vicious, em 1979, daria um fim a essa febre de "faça você mesmo", que tornou músicos sem nenhuma habilidade ou técnica verdadeiros mitos em um palco.
McNeil trabalhou, posteriormente, na revista Spin, concorrente no jornalismo musical da bem-sucedida Rolling Stone, durante os anos 1980. Nessa revista de renome, Legs McNeil foi editor-chefe. Além disso, também foi fundador e editor da revista Nerve, criada em 1992.
Mas o reconhecimento como "escritor de seu tempo" veio muito depois de seu envolvimento como jornalista em todos os grandes acontecimentos do rock pós-Beatles. McNeil é reconhecido pela coletânea de depoimentos orais, que editou com o jornalista Gillian McCain, chamada "Mate-me Por Favor: a história oral sem censura do Punk". A obra se transformou em um clássico para quem pretende se aprofundar em conhecimentos musicais e históricos do punk rock.
Legs McNeil também, como todos aqueles que se envolveram com o chamado "movimento punk", também teve conhecimento da produção erótica e pornô que predominava nos subúrbios novaiorquinos de 1970 e 80. Outro livro, chamado "The Other Hollywood: The Uncensored Oral History of the Porn Film Industry" (ainda sem tradução), conta os bastidores dessas produções que têm um mercado. Jennifer Osbourne e Peter Paiva foram os co-autores que ajudaram McNeil nessa obra em específico.
Para as pessoas que esperam encontrar histórias underground de jornalistas e sobre jornalistas, Legs McNeil é um bom autor para ser aprofundado. Não há muitas traduções dele no Brasil, mas ele é, sem dúvida alguma, um ícone norte-americano único.
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