Festival Índigo cumpre a promessa em apostar no Alternativo
Resenha - Festival Índigo (São Paulo, Parque Ibirapuera, 02/11/2025)
Por Bianca Matz
Postado em 20 de novembro de 2025
A produtora 30e trouxe mais uma novidade aos fãs de música: a experiência Índigo, reunindo diversas bandas com gêneros diferentes para performar no domingo (02/11), na plateia externa, do Parque Ibirapuera, em São Paulo. O festival teve a presença do podcast "Vamos Falar sobre Música?" e de DJs que agitaram a pista, enquanto os outros shows não ocorriam.
Em parceria com o app Deezer, os espectadores podiam acessar as canções relacionadas com os estilos tocados no dia, e nos sets exclusivos das DJs Linda Green, Djulia, Brenda Ramos e Sophia.
É importante ressaltar que o dia havia amanhecido com uma leve garoa em São Paulo. que ora ficava mais forte e ora mais fraca. No entanto, por mais com esse tempo nada propenso à festival, os fãs estiveram muito presentes desde a primeira apresentação.
O grupo feminino de punk rock Otoboke Beaver (おとぼけビ~バ~) foi o responsável por abrir alas com a sequência de "Yakitori", "Akimahenka" e "Don't light my fire". Com tom hardcore no vocal, a banda contrasta com as vestimentas escolhidas, que trazem tons radiantes e fluorescentes, junto à maquiagem de algumas integrantes que remetem ao teatro Kabuki.
"Datsu. Hikage no Onna", "I won't dish out saladas" e "S'il vous plaît" estiveram presentes no repertório que foi encurtado em comparação ao sideshow que aconteceu no Cine Joia (31/10). Porém, não perdeu nenhum pouco a essência da banda, que soube muito bem como passear por diferentes ritmos, transitando por sons mais contemporâneos, assim como por algo que remete à música tradicional japonesa.
A apresentação foi concluída com "PARDON?", "First-class-side-guy" e "Anata Watashi Daita Ato Yome No Meshi". Até para as pessoas que não conheciam nada sobre o grupo, acaba ficando impressionado com o caótico, porém canções ritmadas que entram em harmonia com a proposta das integrantes. E faz sentido com o próprio padrão nipônico (em propagandas, filmes ou teatro), que mistura linguagens e padrões visuais.
Na segunda apresentação do dia, a primeira canção "AngelinA" é introduzida ao público de forma totalmente teatral. Cantada por Judeline, ela surge sozinha ao palco trajada em tons acinzentados, que à primeira instância, temos a impressão dela ser tímida, mas ela deixa todos boquiabertos ao começar a dançar e interagir com seu dançarino: de moicano, sem camisa, piercing no umbigo e de quatro no palco, como um cachorro. Ele a carrega em suas costas, enquanto ela performa a letra da canção, faz caras e bocas e tudo que parecia simples, foi ressignificado com muita dualidade.
Em uma breve pausa, Judeline arrisca um "Obrigadinha", mas alerta que não fala português, ela revelou ter muito amor pela nossa cultura, que ama funk e escuta Caetano Veloso. Após o diálogo, apesar da espanhola cantar em sua língua natal, vemos inúmeras influências de indie, flamenco, música latina e funk. Ainda com ar depressivo, porém sensual, em meio ao efeito de fumaça no palco, Judeline performa "CANIJO", "ZAHARA" e "La tortura".
O show contou com a participação da mineira MC Morena, entregando um baile funk a la anos 2000, com "TÚ ET MOI", do EP de mesmo nome. Apesar do público ser pego de surpresa, por não conhecerem muito sobre a cantora ou terem ouvido falar, Judeline ofereceu um show intimista, apesar do ambiente ser a céu aberto, e fechou sua performance com outras canções, incluindo "2+1" e "EN EL CIELO".
Quando o assunto é Mogwai, não espere que alguém vai se decepcionar, pois os britânicos conseguem transmitir uma experiência transcendental. Com um setlist enxuto, de apenas 8 canções, o show iniciou-se com a sequência de "God Gets You Back" e "Hi Chaos". Os integrantes com ar calmo, assim como as músicas que tocam durante o início da noite do festival, balançam o corpo de um lado para o outro, semelhante a muitas pessoas que assistiam por ali.
É uma sensação satisfatória em ver a forma como o show é absorvido, diferente das outras performances que passaram pelo palco no mesmo dia, os espectadores assistem atentamente cada nuance presente nas músicas, trazendo um momento único para os fãs da banda, em dançam cada um no seu próprio ritmo, canções como: "Ritchie Sacramento" e "Fanzine Made of Flesh".
E não posso deixar de citar o quanto a banda é "pouco" ativista. Algo que é de encher os olhos, pois eles apresentam a sua forma de solidariedade e protesto à Palestina, quase de maneira subliminar. A bandeira está aberta no canto do palco, assim como é possível ver a presença do Keffiyeh, símbolo de cultura e resistência, amarrado ao microfone do vocalista. O grupo concluiu seu repertório com "Remurdered" e "Lion Rumps".
Os britânicos do Bloc Party começaram o show de forma amena, em que conforme o tempo fosse passando, o público ficou cada vez mais agitado e empolgado. A banda que esteve presente pela última vez no Festival Planeta Terra 2008, agora retornou com um repertório rico e cheio de novidades aos fãs que estavam carente das apresentações ao vivo, como "So Here We Are", "She's Hearing Voices" e "Mercury".
O vocalista Kele Okereke conversou brevemente com o público e, em seguida, continuou com o setlist composto por outros clássicos, como: "Traps", "Blue" e "Like Eating Glass". Houve também o momento, em que foi concedido a pedidos de fãs, para que tocasse "Hunting for Witches".
O grupo se destaca do festival não apenas pela forma como se apresentam (e também, por estarem completando 20 anos desde o lançamento do primeiro álbum), mas por todo o conjunto visual, em que a iluminação desenvolve uma participação especial, passando a impressão de fazer parte dos integrantes, performando e acompanhando o ritmo, junto aos altos e baixos dos acordes.
O setlist foi concluído com "Helicopter", "Flux" e "This Modern Love" e, não posso deixar de citar o fato do vocalista acrescentar efeito manualmente em sua voz, tornando a experiência cada vez mais surpreendente. Em certos momentos, era possível ter a impressão que o som estava um pouco abafado ou baixo, alguns fãs pediam para que aumentassem por conta do suposto problema. Ainda assim, o concerto continuava animado e carregado de som, assim como eram adicionados efeitos estrobo no ritmo das canções.
Um pouco antes de iniciar a última apresentação do festival Índigo, havia muita expectativa do público que ama Weezer de carteirinha. E todos os tipos de fãs são bem-vindos, tem aqueles que amavam Indie e acabaram conhecendo o grupo, assim como aqueles fãs que jogavam Rock Band e, sempre que podiam, tocavam aquele clássico da banda.

Com o palco totalmente apagado, aumentando o suspense, sons de violinos trouxeram a introdução para começar "My Name Is Jonas", em que o público foi à loucura, batendo palma e dançando, com todos os celulares ao alto, sem perder nenhum instante.
Apesar do início semelhante, a banda trouxe um repertório diferente do que havia apresentado em outras aparições antes do Brasil. "No One Else", "Hash Pipe" e "Surf Wax America" estavam presentes e era impossível ficar parado ou calado. Os integrantes conseguiam converter qualquer pessoa que não os conhecesse, apesar de serem um dos nomes mais chamativos dentro da programação do festival, em se tornarem admiradores em questão de minutos.
Como ouvir os primeiros segundos de "Island in the Sun" e não cantar? "In the Garage" e "Pink Triangle" também não passam despercebidos quando o assunto é vozeirar a letra de cada uma. O vocalista Rivers Cuomo sabe muito bem como conquistar o coração brasileiro, e não é apenas em questão de interagir com o público. Mas de saber o poder que temos enquanto vão performando, em que se ele pede palmas, os fãs irão corresponder perfeitamente, assim como qualquer outro comando. E isso foi visto diversas vezes.
E quando citei no parágrafo anterior sobre a esperteza da banda, eles acabaram de conquistar os corações dos brasileiros, ao adaptarem as letras de algumas canções, como forma de brincadeira. "Beverly Hills", "Porks and Beans" e "El Scorcho" foram exemplos do ocorrido, São Paulo e Milton Nascimento foram citados de forma certeira.
Em seu desfecho, quando cogitamos que não poderíamos aguentar mais nenhuma música, eles apostam as fichas em "I Just Threw Out the Love of My Dreams", "The Good Life", e claro, a que todos não estavam mais aguentando: "Say It Ain't So". O público cantou em uníssono do início ao fim, tornando um momento emocionante. E ainda, teve tempo de um bônus com "Buddy Holly", outra queridinha, que qualquer fã tem a letra na ponta da língua.
Digo e repito, o Weezer foi o auge do Indie no festival, não esquecendo da participação das outras bandas, que por mais que fizessem parte de outros gêneros, ainda abarcavam e representavam bem, fazendo jus ao Alternativo. O festival Índigo foi uma surpresa maravilhosa e esperamos que possa ter outras edições, trazendo cantores, bandas e grupos de diferentes nacionalidades e propostas, para que possamos curtir e dançar, sem nos preocuparmos a que horas iremos encerrar.
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