Garbage e L7 exaltam no Rio de Janeiro o poder da força feminina no rock
Resenha - Garbage e L7 (Sacadura 154, Rio de Janeiro, 21/03/2025)
Por Gabriel von Borell
Postado em 26 de março de 2025
Nesta sexta-feira (21), o Garbage retornou ao Rio de Janeiro para se apresentar no Sacadura 154 quase uma década depois de sua última passagem pela cidade e, dessa vez, veio acompanhado do lendário L7.
Fotos: Tadeu Goulart

Vale destacar que a banda, costumeiramente associada ao movimento punk underground dos anos 1990 Riot Grrrl, que tinha o propósito de defender a presença das mulheres no rock, teve um de seus álbuns mais importantes, "Bricks Are Heavy" (1992), produzido pelo baterista do Garbage, Butch Vig.


Não à toa, a atração principal, liderada pela vocalista Shirley Manson, invadiu o palco quando L7 tocava seu maior sucesso: "Pretend We're Dead". Fazendo o público se agitar em maior intensidade, o Garbage interagiu com Donita Sparks (voz e guitarra), Suzi Gardner (voz e guitarra), Jennifer Finch (voz e baixo) e Demetra Plakas (bateria) de forma muito animada.
A apresentação do L7, que começou quase pontualmente às 20h30, também contou com sucessos como "Scrap", "Fuel My Fire", "One More Thing", "Dispatch From Mar-a-Lago" e "Shitist".


Além disso, durante o show, Donita manifestou seu carinho pelo nosso país, lembrado também em outras turnês recentes, como em 2018 e 2023, e brincou com a longevidade do grupo. Enquanto a casa enchia mais, a hora do Garbage subir ao palco se aproximava.
Pouco depois das 22h, e ao som da música tema de Laura Palmer, personagem criada pelo saudoso cineasta David Lynch para a série de televisão "Twin Peaks", o Garbage chegou para atrair todos olhares e abriu a apresentação com "Queer", do disco de estreia autointitulado lançado em 1995.


Shirley e companhia continuaram na onda de seu cultuado primeiro disco e executaram a contagiante "Fix Me Now". Na sequência, a banda tocou "Empty", sucesso presente no trabalho de estúdio "Strange Little Birds", de 2016.


Logo depois, o grupo, que não trouxe ao Rio absolutamente nada como cenário, deixando o show com uma pegada realmente underground, executou "The Men Who Rule the World", do álbum mais recente do Garbage, "No God No Masters" (2021).

Já em "Wicked Ways", canção que integra o disco "Version 2.0" (1998), a banda, também formada pelo guitarrista Duke Erikson, a baixista Nicole Fiorentino e o guitarrista Steve Marker, aproveitou para incorporar "Personal Jesus", do Depeche Mode, à execução da faixa, pela similaridade dos elementos musicais de ambas.


Após "The Trick Is to Keep Breathing" e "Wolves", Shirley lembrou que "Cup Of Coffee", faixa do álbum "Beautiful Garbage" (2001), foi eleita uma das canções mais tristes do último século ou deste século 21, ela já não se lembrava mais. Depois de arrancar risadas do público, a vocalista cantou a música com uma interpretação profundamente emotiva.


Em outros momentos da apresentação, Shirley também se mostrou bastante emocionada e destacou a necessidade de sermos gentis uns com os outros, independentemente de diferenças políticas. "Vocês também vivem um momento ruim por aqui?", questionou a cantora certa hora.
Além disso, Shirley defendeu a luta por direitos para a comunidade LGBTQIAPN+, conquistando reações efusivas da plateia. Ainda sobre os discursos poderosos de Manson que sempre inspiram seus fãs, a artista ressaltou a importância de estar acompanhada pelo L7 naquela noite:


"É uma das maiores honras da nossa carreira. É extraordinário. Como uma mulher no rock n' roll, eu não divido o palco com muitas mulheres. Dividir o palco com lendas como o L7 é extraordinário. Nossa história, claro, além do L7, se direciona a um longo caminho de volta para um passado glorioso antes que as coisas no mundo ficassem tão malucas".
Na reta final do show, o Garbage mandou hit atrás de hit, mal deixando tempo para os fãs respirarem. Nessa leva, foram tocadas faixas como "Vow", "Special", "Stupid Girl", "Only Happens When It Rains", "#1 Crush" e "I Think I'm Paranoid". Antes do bis, ainda vieram "Cherry Lips (Go Baby Go!)" e "Push It", deixando o palco com uma energia avassaladora.


Na volta, o Garbage apresentou apenas "When I Grow Up", quando Shirley desceu pela lateral esquerda do palco e foi cantar juntos aos fãs, que, felizmente, souberam respeitar o espaço do artista. Depois de tocar em alguns rostos e trocar olhares afetuosos com outros, Shirley voltou para cima do palco e terminou a canção.
Aos fãs, restou a sensação de "quero mais". Somente uma canção no bis foi muito pouco para eles. No dia 30 de maio, o Garbage lançará o disco "Let All That We Imagine Be Light" e, provavelmente, entrará em mais uma turnê para dar nova chance ao público de ouvir as canções que faltaram.

Setlist Garbage no Rio de Janeiro (21/3/25):
1. "Queer"
2. "Fix Me Now"
3. "Empty"
4. "The Men Who Rule the World"
5. "Wicked Ways" (com trechos de "Personal Jesus", do Depeche Mode)
6. "The Trick Is to Keep Breathing"
7. "Wolves"
8. "Cup of Coffee"
9. "Vow"
10. "Special"
11. "Stupid Girl"
12. "Only Happy When It Rains"
13. "Milk"
14. "#1 Crush"
15. "I Think I’m Paranoid"
16. "Cherry Lips (Go Baby Go!)"
17. "Push It"
Bis:
18. "When I Grow Up"





Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps