Dream Theater - Em São Paulo, um espetáculo digno do poder técnico da banda
Resenha - Dream Theater (Vibra, São Paulo, 15/12/2024)
Por Diego Camara
Postado em 19 de dezembro de 2024
Foram mais de três horas de um dos maiores espetáculos da história do metal progressivo. O retorno de Mike Portnoy ao Dream Theater representa não só o alcance de uma das mais bem sucedidas formações da história do prog, como também um desejo enorme de uma parte razoável dos fãs, que se traumatizaram com a separação – tanto quando a banda. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens de Fernando Yokota.
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A banda subiu ao palco às 20h em ponto, quando a música "Prelude", de Bernard Herrmann, começou a tocar. O público observava, com atenção, sem quase piscar para o palco, quando a banda subiu para iniciar o show com "Metropolis Pt. 1". O show foi das luzes, da beleza estética da banda, e também da técnica: o instrumental encheu a casa e deixou o público extremamente feliz, cantando junto com James Labrie e puxando as palmas com vontade. O solo interminável da música e mágico e bem construído, com cada um dos instrumentos soando de maneira perfeita.
A casa estava cheia, mas não esgotada: a pista premium, que ocupava um espaço bastante razoável do Vibra São Paulo, estava amassando, mas a pista comum tinha ainda bastante espaço para o público. A banda saiu direto para "Metropolis Pt. 2", tocando duas músicas na sequência. O público mais uma vez se mostrou afiado, puxando os vocais com vontade desde o início da música, com muita empolgação.
A qualidade do som do palco foi realmente sensacional durante todo o show. Diferente de shows anteriores, não houve nenhum problema técnico grave, o que valorizou ainda mais o espetáculo. Era possível ouvir todos os instrumentos, e a cada momento da banda a transição do som era perfeita, dando destaque onde era preciso destaque. Em "The Mirror", foi Jordan Rudess que brilhou, com uma performance iluminada.
"Panic Attack" foi um dos destaques do primeiro ato. O público gritou demais com essa música, cantando junto com Labrie e fazendo o coro nas transições instrumentais. A performance excelente foi coroada com um solo mágico de John Petrucci e um trabalho esplendido de Portnoy na bateria. "Hollow Years" foi outra que empolgou, com os fãs iluminando todo o Vibra São Paulo com suas lanternas de celular, em um momento emocionante.
Fechando o ato, veio outro dos grandes sucessos da banda: "As I Am". Com um pequeno trecho de Iron Maiden puxado por Portnoy logo no começo da música, foi uma ótima escolha para fechar o ato mas ainda deixar aquele gostinho de quero mais, fazendo o povo cantar junto mais uma vez.
O Ato II não demorou muito para vir, e foi só a abertura orquestral sair das caixas de som e começar com vídeos das capas dos álbuns para o público voltar a se ligar inteiramente para o palco. "Night Terror" veio primeiro, sem dúvidas já levantada a uma das favoritas do público para o futuro álbum "Parasomnia". A música é excelente e funciona como o padrão para o DT: uma longe e forte introdução musical e um solo cheio de intensidade, com especial foco nos trabalhos de Rudess.
O meio do set foi marcado por músicas sentimentais e focadas nos vocais de Labrie. Carregada nos vocais, primeiro veio "This is The Life", que deixou o público silencioso apenas ouvindo a emocionante performance. Logo em seguida, "Vacant" veio no mesmo tom, e o público aplaudiu demais o show.
Indo para o final do show, a banda apostou na potência instrumental. "Stream of Conciousness" varreu a pista com seu dinamismo e força, coroada por outro trabalho genial de Petrucci. O público retribuiu, puxando o coro durante a música e ficando loucos com o trabalho perfeito da banda.
Fechando o show, sem dúvidas a mais esperada da noite: a apresentação completa de 24 minutos de "Octavarium" foi um show a parte. Marcada por sua introdução longa e intrincada, puxada pelo excelente trabalho de teclado de Rudess, a banda conquistou o público com uma apresentação mágica que lembra a execução original no disco de 2005, que em quase 20 anos só cresceu no gosto do público.
Para o bis, a banda fechou novamente com "Metropolis". "Scene Six" começa leve, para então só subir em ânimo e rapidez. O público cantou muito, puxando especialmente o refrão da música. A música longa é encaixada na sequência com "Scene Eight". Outra puxada muito emotiva da banda, levada com muita vontade por James Labrie. O público acompanhou, e o Dream Theater brilhou mais uma vez, especialmente com John Petrucci, mas a cozinha também lindamente feita pela dupla Portnoy / Myung.
O show dificilmente poderia ser melhor, e quando já se passava das 23h a banda lançou o último prego no caixão com "Pull Me Under", decretando o que sem duvidas será lembrado como um dos melhores shows da banda – se não o melhor – para a maioria dos fãs presentes.
É notório o excelente trabalho da produção neste show. Seja por escolher um local de alto nível, seja por realmente responder as necessidades técnicas que uma banda como o Dream Theater tem, a Liberation entregou um show de excelência, sem dúvidas um dos melhores. Um artista e um público tão minuciosos como estes não poderiam sair de mãos abanando.
Setlist
Act I
Intro: Prelude (música de Bernard Herrmann)
Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper
Act I: Scene Two: I. Overture 1928
Act I: Scene Two: II. Strange Déjà Vu
The Mirror
Panic Attack
Barstool Warrior
Hollow Years ('96 demo version)
Constant Motion
As I Am
Outro: Dance of the Dream Man (música de Angelo Badalamenti & David Lynch)
Act II
Intro: Orchestral Overture
Night Terror
Under a Glass Moon
This Is the Life
Vacant
Stream of Consciousness
Octavarium
Bis
Intro: There's No Place Like Home (clipe de "O Mago de Oz")
Act II: Scene Six: Home
Act II: Scene Eight: The Spirit Carries On
Pull Me Under
Outro: Singin' in the Rain (música de Arthur Freed & Nacio Herb Brown)
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