Alan Parsons: Mostrando a riqueza musical de seu projeto em SP
Resenha - Alan Parsons Project Live (HSBC Brasil, São Paulo, 28/03/2014)
Por Pedro Zambarda de Araújo
Postado em 30 de março de 2014
O engenheiro de som londrino Alan Parsons foi responsável pelos efeitos sônicos e únicos da música de The Dark Side of The Moon (1973), da banda Pink Floyd, e trouxe sua bagagem musical em um show de praticamente duas horas na casa paulistana HSBC Brasil, no último dia 28 de março. Acompanhado pela banda ALAN PARSONS PROJECT LIVE, o músico tocou pela quinta vez no Brasil, após um show que ocorreu no longínquo ano de 1997.
Diferente de músicos superstars, o engenheiro que trabalhou no Abbey Road Studios ao lado dos Beatles e de mitos como David Gilmour e Roger Waters é totalmente "low profile". Parsons subiu ao palco depois de toda sua banda, ao fundo, e deu destaque para os músicos mais novos de seu grupo, ficando atrás, ao lado da bateria e do segundo teclado, com suas próprias teclas e utilizando a voz e os acordes de sua guitarra base. O show deveria ter começado às 22h, mas teve um atraso de cerca de 15 minutos.
Se Alan Parsons ficou ao fundo, o cantor Paul Josef (PJ) Olsson roubou a cena correndo e cantando com força no palco. Com experiência ao lado de músicos como Iggy Pop, Olsson chegou a pedir para o público ficar em pé nas últimas músicas do Alan Parsons. Ele fez o público do HSBC, que estava comportado e sentado em mesas, vibrar como se fossem todos jovens. Muitos na plateia eram mais velhos e profundos apreciadores da música dos anos 1970. O único problema na voz de PJ Olsson é a falta de serenidade e calmaria, traços do cantor e pianista Eric Woolfson, o segundo grande nome do Alan Parsons Project, que faleceu em 2009 aos 64 anos.
A apresentação em São Paulo abriu com I Robot, a música-tema do segundo disco de Parsons, de 1977, inspirado na ficção científica do escritor russo Isaac Asimov. Sem letra, a música mostrou os nuances sonoros dos teclados, muito bem afinados com a guitarra, o baixo e a bateria.
O show cresceu em Breakdown/The Raven, com um solo de contrabaixo guiado pelo músico Guy Erez, que usou um efeito digital que deixou o som de seus ataques parecido com vibrações aquáticas fortes dentro de um aquário. O baixo era potencializado pela bateria pé-de-chumbo de Danny Thomson.
Time desligou as luzes do HSBC e jogou destaque na voz de PJ Olsson. A música também foi uma demonstração de muito sentimentalismo de todos da banda no palco.
"Olá, São Paulo. Não vou tentar falar português. O que poderia dizer? Obrigado (diz, com sotaque forçado)? Um olá?", disse Alan Parsons, antes de apresentar a música que, segundo seus fãs, é a favorita de público.
The Turn of a Friendly Card (Part One), Snake Eyes, The Ace of Swords, Nothing Left to Lose e The Turn of a Friendly Card (Part Two) foram cinco faixas de album de 1980 que arracaram aplausos efusivos da plateia presente. As músicas abordaram o jogo, a ganância e os sentimentos humanos tanto no passado quanto no presente. Na abertura e no encerramento dessas músicas, o guitarrista solo Alastair Greene caprichou nas notas com feeling. Com seus cabelos encaracolados, o instrumentista deu o peso épico para essas faixas.
Prime Time teve uma passagem de samba nos teclados, mostrando uma brasilidade dos músicos ingleses para o público brasileiro. Sirius e Eye in the Sky, músicas pops famosas de 1982, mesclaram o rock progressivo de Alan Parsons com o melhor do mainstream oitentista, com todos cantando em uníssono uma letra que é muito admirada. Com elas, a banda se retirou do palco.
Retornaram para um bis com Old and Wise e Games People Play. Alan Parsons em pessoa vez um pequeno duelo de guitarras com Alastair Greene. Nessa parte final, ganhou destaque também o cantor e saxofonista Todd Cooper. Com barba branca e voz bem aguda e afinada, o músico fez um solo com força e energia em seu instrumento metálico de sopro.
Alan Parsons Project Live atraiu pessoas nostálgicas com os hits dos anos 1980, jovens interessados em conhecer alguns dos pais do progressivo e fãs de bandas correlatas. Os fãs de Pink Floyd e Beatles conheceram a potência do engenheiro de som que produziu alguns dos maiores projetos da Inglaterra para o mundo, incluindo o dele próprio.
O show acabou pontualmente no horário da meia noite, com doces e café para os presentes na saída do HSBC Brasil. O show foi marcado por alguns integrantes que fizeram várias trocas de instrumentos, demonstrando a riqueza musical do projeto de Parsons.
Setlist
1 - I Robot
2 - Damned If I Do
3 - Don't Answer Me
4 - Breakdown/The Raven
5 - Time
6 - I Wouldn't Want to Be Like You
7 - The Turn of a Friendly Card (Part One)
8 - Snake Eyes
9 - The Ace of Swords
10 - Nothing Left to Lose
11 - The Turn of a Friendly Card (Part Two)
12 - Fragile
13 - What Goes Up...
14 - Prime Time
15 - Sirius
16 - Eye in the Sky
Bis:
17 - Old and Wise
18 - Games People Play
Fotos: Diego Camara. Galeria completa neste link.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps