Black Sabbath: não foi apenas pesado, foi cativante
Resenha - Megadeth e Black Sabbath (Campo de Marte, São Paulo, 11/10/2013)
Por Pedro Zambarda de Araújo
Postado em 18 de outubro de 2013
Ao chegar na estação Carandiru de metrô, já podia ver a horda de metaleiros que lotaram a Zona Norte de São Paulo para ver os criadores do rock pesado. A entrada do Campo de Marte era calma e pacífica, exceto por algumas pessoas urinando nos muros perto da entrada. O clima entre os metaleiros que tomavam cerveja na frente do local do show e dentro era de alegria.
Dave Mustaine surgiu com sua voz distorcida aproximadamente às 19h45, quando boa parte das 70 mil pessoas que foram ao show já estavam na arena. Muita gente ainda chegava, mas a pista premium e a pista normal já estavam lotadas nas áreas perto das caixas de som. Infelizmente quem ficou mais atrás não conseguiu ouvir bem nenhum dos shows naquela noite.
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O Megadeth começou com Hangar 18, que já embalou um show com velocidade, mesclando clássicos e novidades. Graças ao bom ajuste de som, era possível ouvir claramente os timbres distintos das guitarras de Mustaine e do músico solista da banda, Chris Broderick. O baixista David Ellefson foi celebrado como um membro clássico da banda e conseguiu causar impacto com seu instrumento potente nos graves. Shawn Drover foi a cozinha pesada na bateria para sustentar a banda em suas melodias densas.
Músicas como She-Wolf, Tornado of Souls, Symphony of Destruction e Holy Wars... The Punishment Due fizeram o povo pular, formar mosh e propagar um empurra-empurra interminável. Megadeth é daqueles shows com som inesquecível, mas com um público movimentado e tenso. É uma apresentação para os fortes. Deu dó das meninas mais baixas que estavam no meio.
O telão de fundo do Megadeth mudava completamente as animações a cada música, funcionando quase como um cenário de videoclipe. Em Holy Wars, por exemplo, apareceram televisões, carros em chamas em protestos, além de cenas das guerras recentes dos Estados Unidos. Esse videoclipe acelerado acabou com a entrada do logotipo prateado da banda. Era uma apresentação sincronizada, entre as letras cantadas pelo grupo e todo o cenário.
A banda de Dave Mustaine tocou 10 músicas, promovendo uma abertura extensa, mas não cansativa. O Megadeth liberou uma adrenalina forte antes da chegada dos mestres, que provocariam o clímax naquela noite fresca em São Paulo.
Setlist do Megadeth
Hangar 18
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
She-Wolf
Sweating Bullets
Kingmaker
Tornado of Souls
Symphony of Destruction
Peace Sells
Holy Wars... The Punishment Due
Antes das 22h, a voz de Ozzy Osbourne soou por detrás de uma cortina negra. Com uma risada, o frontman da banda que criou o heavy metal em 1970 começou seu espetáculo. War Pigs abriu com seu tom tipicamente jazzístico, acompanhado por uma letra anti-guerra, cantada com força por todos os presentes.
Apesar de Ozzy ser o rosto mais conhecido do Black Sabbath, a estrela da noite foi Tony Iommi. Mais discreto nas primeiras faixas, Tony foi se soltando e sorrindo a medida que tocava de maneira diferente clássicos. Ele parecia se divertir com o velho amigo Ozzy Osbourne, mesmo passando por tratamento contra câncer, contra um linfoma.
Ao tocar Into the Void e Under the Sun, o Sabbath fez uma viagem ao passado, executando faixas que o público não lembrava mais. As músicas do disco 13, o mais bem-sucedido comercialmente, foram tocadas poucas vezes. Age of Reason, End of Beggining e God is Dead? foram as únicas faixas inéditas da banda no Brasil.
Sendo a primeira vez do Black Sabbath com a formação original em nosso país, faltando apenas o baterista Bill Ward, Ozzy teve um comportamento muito diferente no show. Recluso, pedia apenas que o público gritasse e pulasse com "I can't hear you", emendado às vezes com "ok". O frontman não baixou as calças em nenhum momento, como faz em sua carreira solo. Também não encharcou tanto o próprio cabelo. Apesar de discreto, Ozzy Osborune parecia estar comovido com Geezer e Tony acompanhando sua performance ao vivo.
Geezer Butler emergiu em N.I.B., com a improvisação de contrabaixo distorcido que mostra seu talento oculto pelas demais estrelas da banda. No entanto, o momento inacreditável foi após a música Rat Salad, no solo de bateria de Tommy Clufetos. Se estendendo além de cinco minutos, o músico contratado pela banda fez uma percussão rica em nuances, oscilando entre o rápido e o lento, mas sempre com força. Foi um momento marcante do show, porque foi a hora em que um novo talento se mostrou à altura dos mitos do heavy metal presentes.
A música Black Sabbath foi o clímax do show. Com voz mórbida, Ozzy Osbourne deu o andamento original da composição. Coube a Tony Iommi fazer os chifres do demônio, sorrir para o público e começar um solo em alta velocidade, preciso e simples. Era possível ver todos os elementos do rock pesado naquele momento, tanto no refrão com a frase em intervalo trítono quanto as escalas pentatonicas executadas pela guitarra elétrica.
Ao executar Dirty Women, o público que estava vendo o show do Sabbath foi surpreendido. Ozzy disse, no começo da música, que "adora as dirty women". Ouvindo o madman, uma fã na pista convencional levantou a blusa e mostrou os peitos, duas vezes. A jovem fez aquilo na brincadeira rindo, e os homens gritaram a música com ela.
Sabbath Bloody Sabbath foi esboçada para o show se encerrar com Paranoid, a assinatura final do Black Sabbath e, principalmente, de Ozzy Osbourne. Muitos, naquela noite, choravam de emoção. Eu, ao longo de 16 músicas, me senti vendo uma banda única naquele palco, um clássico no seu auge e fonte de influência do meu estilo favorito de rock'n'roll. O Black Sabbath não foi pesado naquela noite, ele foi cativante, soando natural mesmo em composições que já tinham sido tocadas dezenas de vezes.
Setlist do Black Sabbath
War Pigs
Into the Void
Under the Sun
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad / Drum Solo
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave
Bis:
Paranoid(Com introdução de Sabbath Bloody Sabbath)
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