Saxon: longa espera valeu à pena em São Paulo
Resenha - Saxon (HSBC Brasil, São Paulo, 22/10/2011)
Por Fernanda Lira
Postado em 24 de outubro de 2011
O ano de 2011 realmente tem sido muito satisfatório quando o assunto é shows internacionais. Ao longo dos meses, pudemos conferir bandas que nunca antes haviam pisado por aqui, como Anvil, Accept, Motley Crue, e, recentemente, Immortal, além de recebermos aquelas que há muito esperávamos que retornassem, como foi o caso da Doro, Testament e, felizmente, dos ingleses do lendário Saxon.
O anúncio da vinda do grupo foi rodeado por enormes expectativas, uma vez que fazia exatamente uma década desde sua última apresentação por aqui, que, sem dúvida alguma, foram correspondidas à altura.
Esse é o tipo de show que eu, particularmente, mais gosto de curtir e observar. É daqueles que reúnem várias gerações unidas pela música de uma banda que se manteve forte desde seu início como ícone da NWOBHM, até agora, 35 anos depois. Do lado de fora, uma imagem que muito me agrada: fãs old school, pais headbangers com seus jovens filhos, a galera com aquele típico visual oitentista e muitos, MUITOS fãs da nova geração, na qual me incluo, todos ansiosos pelo espetáculo. Afinal, dez anos de espera é muita coisa!
Vamos ao que interessa. Com a já clássica pontualidade britânica, o Saxon dá as caras às dez em ponto, com Hammer of the Gods, do último – e não muito aclamado – disco "Call to Arms" para um HSBC cheio, mas não tão abarrotado quanto eu esperava. Na sequência, para deixar qualquer fã de verdade nas alturas, emendaram Heavy Metal Thunder, com a qual conseguiram sentir a tradicional vibe brasileira: público extasiado, cantando palavra por palavra da letra, somados a pulos e palmas intermináveis. Byff anuncia o próximo som com uma breve, apropriada e significativa descrição "temos um conselho de duas palavras para aquelas pessoas que estão há muitos anos na luta: Never Surrender", e mais uma vez o local parecia pequeno para tanta satisfação dos fãs.
Chasing the Bullet, do último álbum, soou bem melhor ao vivo que em estúdio, pois o peso e a pegada dela foram bem mais convincentes ali, pelo menos sob minha impressão, e, em seguida, uma de minhas favoritas, Motorcycle Man. Incrível como essa música tem um apelo sensacional e funciona muito bem quando tocada nos shows. As cabeças não pararam de banguear nem por um minuto e muitos vibravam até com os pequenos detalhes, como os assobios que Byff dá durante esse hit.
O único ‘detalhe’ que me fez falta durante a mesma foram os toques diferenciados e tão marcantes no prato de condução, que ficaram praticamente inaudíveis. Não que o som estivesse ruim, aliás, muito pelo contrário. Do começo ao fim (exceto quando vez ou outra as guitarras ficaram muito altas), o volume entre os instrumentos estava muito bom. A guitarra de Paul Quinn, um pouco mais em evidência, casou perfeitamente com o belo e bem pesado timbre de baixo, totalmente perceptível durante toda a apresentação, e também com os bumbos bem ressaltados da lenda chamada Nigel Glocker. Mas, talvez pelo fato de um destaque maior ter sido dado para o peso dos bumbos, o som dos pratos ficou um pouco ofuscado, pelo menos pra mim que sou chatíssima quanto ao som de bateria nos shows.
I’ve Got to Rock e Back in 79, juntamente a Batallions of Steel e Call to Arms, contribuíram para uma passagem mais morna do set, mas, exatamente no meio dessa sequência houve And the Bands Played On, que celebra o espírito do heavy metal e foi introduzida por Bifford como uma composição que o lembra muito os festivais oitentistas, onde dividiram palcos com bandas como Judas Priest dentre outros gigantes da cena. A banda, no começo do show, soube dosar bem as músicas mais recentes, que tendem a ser menos vibradas pelo público, com as mais antigas. Aliás, o set, como vocês poderão conferir a seguir, foi muito bem elaborado.
A maravilhosa Dallas 1 p.m. foi cantada a plenos pulmões assim como a seguinte, e pelo menos para mim, inesperada e grata surpresa, Rock N’ Roll Gypsy, do álbum pouco comentado, mas que me agrada muito, Innocence Is No Excuse. Antes da tão esperada sequência absurda de clássicos, foram executadas Mists of Avalon, Battle Cry, cujo refrão foi bem acolhido pelo público, e When the Doomsday Comes, também de seu trabalho mais recente.
20.000 ft foi a primeira da saraivada de pérolas que embalaram o show desse ponto até seu fim. Quase tirando o fôlego de todos os presentes, vieram Ride Like The Wind, Wheels of Steel e o hino Crusader, que me fez emocionar bastante, já que é uma música muito emblemática para minha vida metálica (e creio que para muitos outros headbangers também).
Antes do solo de Doug Scarratt, veio 747 (Strangers in the Night), e logo depois, Power and The Glory. Tantas músicas marcantes assim já nos faziam prever que o fim do show estava por vir. Mas, antes disso, o baixista carismático e incrivelmente energético no palco, Nibs Carter, realizava um solo de baixo durante o qual interagia bem com a galera: davam para ouvir seus urros de cima do palco, sem nenhum microfone por perto. Foi uma realização pessoal para mim ver esse ídolo tão louco e querido, junto com todos aqueles outros veteranos, verdadeiros dinossauros do heavy metal tradicional.
Para encerrar, Strong Arm of the Law e Princess of the Night foram tocadas, finalizando o set list de duas horas exatas. Em minha opinião, a banda fez uma feliz opção de repertório, focando bastante nos primeiros e mais clássicos álbuns, para levar adiante a fama de sempre tocarem as favoritas do público, e isso agradou muito aos fãs que tanto esperaram para rever – ou finalmente ver- o Saxon ao vivo. É claro que, como fanática assumida, fiquei esperando uma Dogs of War aqui, ou uma The Eagle Has Landed ou Just Let me Rock ali, ou até mesmo que rasgassem o set list e pedissem para a platéia sugestões de músicas, como fizeram em 2001 por aqui, segundo relatos de headbangers mais antigos. Mas, para uma banda com discografia tão vasta e recheada de músicas marcantes, eles souberam dosar, sem decepcionar, muito bem. Talvez o Manowar pudesse tirar alguma lição disso da próxima vez que passassem por aqui, afinal, no show, o público quer mais é ouvir os clássicos!
Uma noite inesquecível, sem dúvida. Mas que não demorem outros dez anos para pisarem por aqui novamente!
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