Grito Rock RJ: Velhas Virgens perdem cabaço no Circo Voador
Resenha - Velhas Virgens (Circo Voador, Rio de Janeiro, 27/02/2010)
Por Vitor Bemvindo
Fonte: Mofodeu
Postado em 02 de março de 2010
Talvez você ache o título desta resenha um pouco ofensivo. Então: foda-se. Impossível ser polido e bem-educado após assistir a apresentação da banda das VELHAS VIRGENS no último sábado (27/02/2010), no Rio de Janeiro, durante o Festival Grito Rock. Depois de 24 anos de muita cerveja, Rock and Roll e putaria, o grupo paulistano finalmente perdeu a virgindade no palco histórico do Circo Voador, num show digno da tradição do maior reduto roqueiro da capital fluminense.
O festival Grito Rock foi realizado durante três noites no Circo Voador, trazendo bandas das mais variadas o underground nacional. A organização foi impecável, e os shows seguiram praticamente a risca o cronograma traçado. Iniciativa louvável, o festival só pecou mesmo na escolha das bandas. A verdade é que quase 100% das pessoas que compareceram ao Circo, no terceiro dia do evento, estavam ali para ver o show das VELHAS VIRGENS.
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As duas bandas que antecederam a apresentação da atração principal não empolgaram e, ao contrário, acabaram gerando algumas situações constrangedoras. Ambas não se assemelhavam em nada ao estilo das Velhas e, por isso, chegaram até a ser hostilizadas pelo público. A banda 11:11, por exemplo, fez uma mistura de música eletrônica com uma base rock de guitarra, baixo e bateria, aliada a muitos efeitos de teclado e instrumentos de sopro. O que poderia ser até interessante, na verdade não empolgou em nada o público.
Mas o pior estaria por vir. Quando a banda CABARET foi anunciada como uma mistura de Ney Matogrosso e LED ZEPPELIN, as atenções logo se voltaram para o palco. Mas o que se viu foi algo no mínimo constrangedor. A performance patética do vocalista, que achou que podia encarnar o lado heterossexual de Freddie Mercury, acabou influenciando negativamente a apresentação da banda, que até não era de todo ruim. Resultado: tiveram que aturar os gritos de "Buceta" (nome de uma das músicas das VELHAS VIRGENS) entre as suas canções. Para piorar, o cantor resolveu afrontar a platéia, tentando – de forma lamentável – deixar transparecer a sua pretensa masculinidade, bolinando uma das cantoras de apoio.
Às duas da madrugada, finalmente começou o show que todos esperavam, o das VELHAS VIRGENS. Durante a tarde, a banda atendeu a equipe do MOFODEU, e o vocalista Paulão Carvalho deu uma entrevista histórica para o programa (que irá ao ar no podcast #085, no dia 16 de março) regada a muitos chopps. Confesso que tememos pela apresentação, já que não só o entrevistado, como os entrevistadores saíram do bar em um estado alcoólico preocupante.
Mas parece que algumas horas de sono foram suficientes para que Paulão se recuperasse e fizesse uma apresentação memorável com seus companheiros de banda. Durante o show, o público percebeu claramente a emoção das VELHAS VIRGENS e, principalmente do seu vocalista, em estar tocando pela primeira vez no palco histórico do Circo Voador. Naquele momento, era reparada uma das grandes injustiças do rock nacional e, finalmente, a maior banda independente do Brasil esteve em um dos principais templos do rock tupiniquim. Paulão, com a voz embargada e quase indo às lágrimas, comentou da sensação de estar ali realizando aquele sonho. Emoção pura! Talvez seja reflexo desses 24 anos de carreira, idade complicada, como o próprio anunciara duas vezes durante a apresentação.
A coragem sempre foi uma característica das VELHAS VIRGENS, e isso ficou claro também nesse show. Afinal, não é qualquer banda que toca nove faixas de um novo trabalho, principalmente tendo um número enorme de "clássicos" que estão na ponta da língua dos fãs. Do álbum lançado no ano passado, "Ninguém Beija Como as Lésbicas", foram executadas "Dentro da Garrafa" (que abriu o show), a faixa-título, "Essa Mulher Só Quer Viver na Balada", "A Última Partida de Bilhar" (emocionante balada), entre outras. Isso prova que o novo álbum funcionou muito bem também no palco, já que a recepção pelo público foi muito boa. Boa parte dos presentes cantou todas as novas canções.
"Ninguém Beija Como as Lésbicas" esteve no palco do Circo Voador não só nas canções, mas nos figurinos e nos cenários. O palco trazia a ilustração da capa do álbum no fundo, além de bonecos infláveis inspirados nas ilustrações do libreto da "ópera-rock". Isso demonstra que não é preciso muita grana para apresentar uma boa produção. Seria muito interessante se a banda conseguisse encenar a "ópera-rock" na íntegra em algum palco. Quem sabe no futuro?
Mas não só de músicas novas foi feito o show. Alguns clássicos da banda também fizeram parte do repertório como "Madrugada e Meia", "Beijos de Corpo", Uns Drinks", "Toda Puta Mora Longe" e, é claro, "O que é que a gente quer? (B.U.C.E.T.A.)".
Para a terra do Carnaval, as Velhas Virgens também trouxeram algumas marchinhas, como "O Hino dos Solteiros", "O Homem do Bigode Cheiroso", "O Que é Que Você tem na Boca, Maria?". Além disso, a banda reparou uma injustiça feita pelas escolas de samba de São Paulo, prestando uma homenagem a Adoniran Barbosa, que teve o seu centenário esquecido pelas agremiações paulistanas. Eles fizeram uma versão Rock and Roll de "Samba do Arnesto", que levou a galera ao delírio.
Resumindo: uma noite de Rock and Roll como o Rio de Janeiro não via há tempos. Uma grande banda, um bom público (tanto quantidade, como qualidade), cerveja e putaria: um cenário perfeito para as VELHAS VIRGENS.
No dia 16 de março, o MOFODEU #085 trará uma grande entrevista com Paulão Carvalho, vocalista das VELHAS VIRGENS, falando sobre a carreira da banda, sobre seus gostos musicais, rock dos anos 60 e 70, seus projetos paralelos e muito mais. Não percam em:
Agradecimentos: Produção do Grito Rock RJ, Ciranda Assessoria de Comunicação e a Banda das Velhas Virgens.
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