Recife Underground Scene: review do festival
Resenha - Recife Underground Scene (Arsenal do Rock, Recife, 07/11/2009)
Por Josco Weblog
Fonte: Josco Weblog
Postado em 13 de dezembro de 2009
No dia 07 de novembro de 2009, aconteceu o festival Recife Underground Scene (RUGS), que teve a veterana Cruor como headliner e também contou com as bandas Ahriman, R.I.P. Soldier, Carrasco e Stormblood, todas elas conhecidas da cena underground pernambucana.
O evento começou com um público apático, tímido e com parcela insignifcante. A banda Ahriman, do quarteto Edgar (guitarra), Pedro (vocal), Denisson "Phill" (bateria) e Leandro (baixo), focada no Death Metal, iniciou seu repertório com uma música muito bem elaborada.
Eles seguiram seu show com uma apresentação formidável. O destaque foi para as performances do Edgar e do "Phill", que demonstraram muita afinidade.
Aqueles que não estiveram presentes em sua exibição, deixaram de aproveitar um dos momentos mais marcantes da noite. A banda tem uma ótima cadência musical e grande potencial técnico entre seus músicos.
O Recife Underground Scene, aos poucos, vai recebendo uma participação maior por parte do público, que vai deixando a noite mais quente.
A banda seguinte, R.I.P. Soldier, formada pelo thrash trio Nichollas (guitarra) Thyago (vocal, baixo) e Davison (bateria), trazem ao evento um Thrash Metal muito instigante. Eles se apresentaram com um estilo bastante tradicional, de batidas que nos fazem lembrar grandes clássicos dos anos 80.
Durante esta apresentação, o público iniciava rodas de pogo em frente ao palco. A equipe de segurança do evento começa a ter trabalhos com os bangers, que também ensaiam moshes do palco.
A banda conta em seu histórico com um conturbado revezamento em seu line-up e o atual mostrou-se em plena sintonia, com muita versatilidade entre os músicos e composições muito empolgantes.
Outra pausa para troca de bandas e já se pode perceber um bom número de headbangers no Refúgio da Wanda, local desta edição do RUGS. A propósito, este espaço conta com uma boa estrutura para eventos deste porte. Um detalhe a mais: os equipamentos de som e iluminação organizados pela produção foram muito satisfatórios, agradando tanto às bandas quanto ao público.
O festival atinge seu ápice ao receber no palco a presença da banda Cruor. Com mais de 20 anos de puro metal, a banda conta em seu histórico com um registro em CD (Cruor - 1995), uma vasta experiência musical e participações antológicas ao lado de ícones do metal nacional, como SEPULTURA, CHAKAL, DORSAL ATLÂNTICA, OVERDOSE, apenas para citar alguns.
A formação atual é composta por Wilfred Gadêlha (vocal), Jairo Neto (baixo), Túlio Falcão e Georgios Tolios (guitarras) e Bruno "Bacalhau" Montenegro (bateria).
Eles trouxeram ao RUGS um set list arrasador. A banda comemorava o seu aniversário, mas os bangers é que foram presenteados com uma performance memorável da Cruor. Os destaques da banda ficaram por conta das precisas linhas de baixo do enigmático baixista-que-toca-de-costas Jairo Neto e da alucinante performance do vocalista Wilfred Gadêlha, que integrou a banda neste ano.
A Cruor começa sua apresentação com a atordoante "Whitechapel", um dos novos trabalhos da banda. Belo início! "Entagled Knot Of Winger Snakes" foi a próxima, seguida pela fantástica "Slow Death Machine" (do álbum "Cruor").
A banda dá uma pausa para uma conversa rápida com o público e aproveitam para se resfrescarem um pouco. O calor já era intenso. A galera pede mais. Eis que o Wilfred anuncia a próxima.
"Not Today" levantou ainda mais os ânimos e a euforia dos bangers em frente ao palco.
"Seca", outra do álbum Cruor, mostrava a competente integração dos músicos, que conquistavam a todos.
O Refúgio foi abaixo com o cover sensasional do SEPULTURA, "Escape To The Void", onde neste momento a equipe da segurança do evento teve bastante trabalho para conter os insanos bangers que se aglomeravam em frente ao palco. E os moshes não paravam.
A música da vez foi a também nova "One Man's Manifesto", muito bem aceita. O set list foi encerrado com a enérgica "Insane Harmony", que deixou todos ainda mais insanos dentro do Refúgio.
Ao término da apresentação, a banda Cruor mostrou que ainda tem muito metal pela frente e as novas composições revelam que o próximo álbum da banda vem com muito mais peso do que antes. É uma prova concreta de que o Thrash Metal pernambucano anda muito bem representado.
Na sequência, é a vez da banda Carrasco se apresentar. Sobem ao palco Opressor (vocal, guitarra), Torturador (baixo) e Terror Holocausto (bateria). O trio entrou em cena com muito agito e o público respondia em êxtase, cantando junto com a banda. Uma cena muito legal.
O ponto negativo durante a apresentação da Carrasco não foi da banda, mas o registro da interrupção do show por duas vezes. Eles tiveram que solicitar mais cuidado por parte do público, pois os caixas de som e equipamentos de iluminação estavam sendo comprometidos com a investida de alguns mais inquietos, e também por invadirem o palco, atrapalhando em alguns momentos a performance da banda. Isto é um tanto complicado de se contornar em um show de metal underground, apesar da presença de seguranças.
Ao final do show da Carrasco, mais músicas foram pedidas, concretizando que a apresentação deles foi muito bem avaliada.
O público remanescente era pequeno, pouco maior do que aquele que se encontrava no início do evento. Já era bastante tarde, quase manhã, na verdade, e ainda assim houve muita disposição para mais um show. É a vez da banda Stormblood entrar em cena.
Formada por Satyr (vocal), Anthares (guitarra), Opressor (guitarra - o mesmo da banda Carrasco), Carcass (baixo) e Blasphemous (bateria), com uma sonoridade Thrash/Death Metal e visual oitentista, os músicos sobem ao palco para mostrar a que vieram, sendo bem recebidos pelo pouco público que restou.
A Stormblood não fez feio e logo foi formada mais uma roda de pogo em frente ao palco, onde o público acompanhou a banda e cantaram as músicas. Novamente, mais trabalho para a equipe de seguranças.
A galera da Stormblood não se desanimou pelo número reduzido de pessoas que ficaram até o último momento.
Eles realizaram uma apresentação bastante comemorada por todos os que estavam no Refúgio. O destaque ficou por conta do vocalista Satyr, com sua empolgante performance e vocais estridentes.
O festival Recife Underground Scene chegou ao fim de mais uma edição. A produção do evento, através da Júlia Claudino e do Sebastião Públio, está de parabéns pela organização, principalmente pela coragem e ousadia que tiveram para levantar recursos. O respeito demonstrado tanto com as bandas que se apresentaram como também com o público que marcou presença é digno de aplausos. Um detalhe que chamou a atenção: a Júlia sempre se dirigia ao palco para apresentar e agradecer a cada uma das bandas convidadas para o evento. Pode parecer estranho esta menção, mas ainda mais estranho é isto não ocorrer em outros eventos, de aspectos mais elevados. Este é um pequeno detalhe que faz uma grande diferença.
Eventos do metal underground, apesar de pouco incentivados, são sempre muito bem vindos. O RUGS encerra a noite concretizando-se cada vez mais como um espaço alternativo para as bandas locais, de cidades vizinhas e de outros estados mostrarem os seus trabalhos (Sim, a produção mostrou interesse em dar oportunidade também aos músicos de outras localidades em eventos futuros!). O que falta agora é o público underground começar a participar em maior número e apoiar esta iniciativa.
Aproveito a oportunidade para agradecer imensamente por todo o apoio, atenção e respeito demonstrados pela produção do RUGS. As futuras edições deste valioso evento contarão com mais um parceiro para a cobertura e divulgação.
FORÇA SEMPRE AO METAL UNDERGROUND.
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