Nazareth: quase duas mil pessoas em Fortaleza
Resenha - Nazareth (Arena, Fortaleza, 16/05/2008)
Por Eduardo de Castro
Postado em 21 de maio de 2008
Depois de oferecer a Gamma Ray e Helloween a maior platéia do Brasil, o público cearense dá outra aula de paixão pelo rock'n'roll, reunindo quase duas mil pessoas no show do Nazareth, realizado no Arena, no dia 16/05/2008.
Já não era sem tempo a inclusão da quinta maior capital do País no circuito de grandes shows, e quando os "velhinhos" Dan McCafferty e Pete Agnew sobem ao palco para detonar "Beggar's Day", o público vai ao delírio. Além dos ícones já citados integram o redivivo Nazareth o guitarrista Jimmy Murrinson e o baterista Lee Agnew, pródigo filho do baixista Pete. O som esteve excelente a noite inteira, perfeitamente audíveis cada um dos instrumentos, com um peso absurdo e os graves explodindo no peito da platéia. Não citei o tecladista Ronnie Leahy por que o mesmo, sem maiores explicações, não acompanhava a banda nesta noite, o que impossibilitou a inclusão de algumas músicas no set list.
Mas voltando ao show: após o início bombástico com "Beggar's Day" e um ovacionado "Obrigado, Fortaleza", Dan McCafferty introduz a primeira música do novo álbum "The Newz", "Keep On Travellin'", sensacional e que manteve o pique do número de abertura. Quem vem a seguir? "Razamanaz"! And the crowd goes wild. Nesse momento eu já tinha mandado às favas o propósito de anotar, música a música, o set list da noite, mas como testemunha ocular do "crime" posso afirmar que se seguiram "My White Bicycle", "This Flight Tonight", "Whiskey Drinkin' Woman", "Dream On", "Big Boy" (com direito ao reggae saltitado por Dan para o delírio da massa), "Holiday", numa das melhores aulas de rock'n'roll já vistas por esse escriba. Até as desconhecidas "A Day At The Beach", "Enough Love" e a progressiva "The Gathering" (com problemas no delay da pedaleira de Murrinson) foram super aplaudidas, numa prova viva de que a experência de 40 anos de estrada nunca vão te deixar na mão.
Dan McCafferty, apesar da idade e de em alguns momentos agarrar-se ao pedestal do microfone como se fosse desmaiar, continua cantando como nunca, atingindo agudos (sem falsete) de fazer inveja a muita gente famosa que anda embromando por aqui. E eu ainda vou dar os nomes: Ian Gillan, mera sombra do passado, e David Coverdale, o rei do play-back (e podem me execrar por essa opinião). Pete Agnew é um show de carisma e toca o baixo com rara maestria, suprindo a ausência do teclado com backing vocals perfeitos. Jimmy Murrinson foi o ponto "menos forte" da banda. É competente, calado, passando ao largo das poses de guitar hero. Posso estar sendo injusto e o fantasma de Manny Charlton está a assombrar minha memória. Mas Jimmy deu conta de seu recado e é isso que importa. Lee Agnew é um monstrinho, surrando sua bateria com a competência do professor Darrel Sweet, mantendo o pique e o andamento das músicas.
E o show continua. Uma que eu não esperava me ataca os ouvidos, "Expect No Mercy", seguida de "Love Hurts", cantada em uníssono pela multidão. A próxima? "Hair Of The Dog", com solo do vocoder disfarçado de gaita-de-fole, e um "boa noite" que ninguém aceitou. Após alguns minutos de clamor popular, a banda volta para outra surpresa: "Love Leads To Madness", e dessa vez, para desespero geral, o adeus definitivo nessa noite memorável.
Vão com Deus e voltem em breve...
Vamos aos senões: era a primeira aparição do Nazareth pelas terras cearenses e talvez tivesse sido prudente uma maior inclusão de hits no set list, ao invés da divulgação do material do novo álbum. O público berrava por "Telegram", "Star", "Where Are You Now", "Cocaine", "Hearts Grown Cold", "Whatever You Want", "Morning Dew", as quais foram solenemente ignoradas. Entendo que a falta de um tecladista tenha impossibilitado a inclusão de algumas das músicas solicitadas, mas a maioria ficou de fora por opção da própria banda.
E ficamos por aqui... Um show perfeito, numa noite perfeita, com um público calmo, ordeiro, pacato, preocupado unicamente em render homenagens a um dos maiores ícones do rock'n'roll de todos os tempos. Que venham outros: o Ceará os receberá de braços abertos!
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
Cinco bandas que, sem querer, deram origem a subgêneros do rock e do metal
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Novo álbum do Violator é eleito um dos melhores discos de thrash metal de 2025 pelo Loudwire
Metal Hammer aponta "Satanized", do Ghost, como a melhor música de heavy metal de 2025
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Graham Bonnet lembra de quando Cozy Powell deu uma surra em Michael Schenker
O melhor álbum de thrash metal lançado em 2025, segundo o Loudwire
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan

Ex-vocalista do Nazareth, Carl Sentance comenta saída
Com shows marcados no Brasil em 2026, Nazareth anuncia novo vocalista
Nazareth: um elogio à pertinácia
O clássico dos anos 70 que combate uma mentira sexista e que irritou a banda Nazareth
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente


