Velho Jack: Será o Bando nosso Allman Brothers brazuca?
Resenha - Bando do Velho Jack (Ferro Velho Pub, Avaré, 05/05/2001)
Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 05 de maio de 2001
Nota: 9
Logo no começo do show, Chico, meu prezadíssimo e estimado cunhado, me pergunta: "de quem é esse instrumental?" De início achei que fosse alguma coisa do Allman Brothers, mas depois descubro que se trata do tema de abertura do show, inspirado na banda dos irmãos Allman. Fecho os olhos por um instante e penso que são os próprios tocando...
(será o Bando nosso Allman Brothers brazuca???)
Confesso que na última vez em que assisti ao Bando achei que os rapazes já tinham dado tudo que tinham para dar (sem duplo sentido!), portanto, apesar de ser fã da banda, não esperava nada de novo neste show, agendado às pressas, aproveitando a vinda deles ao interior de SP, onde participariam de um encontro de motos em Limeira...
Por outro lado, o Ferro Velho Pub, que mudou de direção recentemente, esteve inativo por algumas semanas, e os novos proprietários, sob a supervisão do experiente Rubinho, acharam interessante trazer uma atração "de peso" - pois, embora o Bando ainda esteja trilhando de forma árdua a "estrada do rock'n'roll" (poético isto, não?), já possui um CD lançado, e vêm cada vez mais se tornando conhecido nos meios roqueiros - sem contar a fama que detêm em sua cidade natal, Campo Grande (MS).
"I have finally find a place to live... in the presence of the Lord"... ao invés de copiar o solo de Eric Clapton, decidem fazer uma releitura meio "southern rock" deste clássico do Blind Faith - é como se a parceria de Duane Allman e Clapton tivesse sido antecipada em cerca de um ano, e todas as influências de Duane houvessem sido capitalizadas pela troupe de Clapton & Cia...
(será o Bando nosso Blind Faith brazuca???)
Esta foi a terceira vez que assisti ao Bando; já na segunda, embora tenha sido um bom show, PARA O MEU GOSTO PESSOAL deixou um pouco a desejar! Explico melhor: além do cansaço em que estavam os integrantes neste último show (afinal para tocar aqui encaram horas e mais horas de estrada), no afã de agradar ao público, o Bando costuma tocar clássicos do rock em todas suas vertentes, incluindo coisas que embora sejam clássicas, tais como Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin, etc e tal, EM MINHA HUMILDE OPINIÃO não têm nada a ver com o tipo de som no qual são "craques"...
Não que suas versões fiquem ruims, de modo algum; é que depois de se constatar o "feeling" que os caras passam tocando o tipo de som no qual são especialistas - uma mistura de Lynyrd Skynyrd, Rare Earth, Allman Brothers, Gov't Mule e todas aquelas bandas com sotaque "sulista" americano (claro, afinal os caras são do sul... do Mato Grosso!) - fica difícil aceitar qualquer outra coisa que venha depois. Mas entendo perfeitamente o ponto de vista deles; afinal, são poucas as pessoas que vão a um show curtir estas coisas, o pessoal de modo geral quer mesmo é agitar, pular, e a grande maioria (infelizmente) desconhece este tipo de som...
"e agora, vamos tocar uma do Grand Funk"... após estas palavras do Rodrigo, a banda faz uma versão ARRASADORA de "I'm Your Captain"... PQP, o Marcão, meu xará, fechou os olhos e mandou ver uma linha de baixo que me arrepiou!!! Simplesmente sem comentários...
(será o Bando nosso Grand Funk brazuca???)
Certamente um dos fatores que contribuíram de forma decisiva para que este show transcorresse da forma que se deu foi a baixíssima freqüência nesta noite, pois aliado ao que já foi descrito acima (show agendado de forma repentina, mudança de direção do local com o conseqüente fechamento por alguns dias etc), tratava-se de uma sexta-feira extremamente fria, diferentemente dos dias anteriores, e como tal a grande maioria das pessoas preferiu ficar em casa... não sabem o que perderam...
Entretanto, isto se revelou um ponto positivo (pelo menos para mim eheheh), pois como não havia necessidade de "movimentar" o público, a banda estava bastante descontraída, com os caras tocando como se estivessem num ensaio, e improvisando uma barbaridade... gosto muito disso... :o))
"atendendo a pedidos, vamos tocar uma do Eagles"... novamente após o anúncio do Rodrigo, como não podia deixar de ser, fomos brindados com uma versão impecável de "Hotel California" - incrível como eles conseguiram recriar com perfeição aquele clássico solo de guitarra, soando bastante parecido com o original, porém acrescido de um teclado um tanto quanto mais proeminente que na versão ao vivo das Águias...
(será o Bando nosso Eagles brazuca???)
E falando em teclado, que me perdoe o Gilson (antigo tecladista), mas seu substituto, o Alex, está interagindo muito mais com a banda! Não houve uma canção em que ele não agitasse o tempo todo, o cara simplesmente passa a sensação de quem está se divertindo muito! Ainda por cima, todos os arranjos agora contam com uma base de teclado que "encorpou" ainda mais o show.
Não sei como é a relação entre os caras, mas pelo menos musicalmente falando há um entrosamento total entre eles, que chega a dar inveja! Nos improvisos, bastava uma troca de olhares para que ficasse patente que todos estavam "falando a mesma língua". Pela experiência que tenho com bandas, isto é meio raro acontecer, espero que preservem por um bom tempo esta característica...
"agora vamos tocar 'Ando Meio Desligado' - aliás, nossa versão foi registrada bem antes daquela do Pato Fu, eles assistiram nosso show e resolveram também regravá-la"... brincou Rodrigo anunciando este clássico do Mutantes, executado numa versão mais "bluesy" e como de praxe interpolando "Third Stone From The Sun" do Jimi Hendrix Experience... há momentos em que tenho um pouco de raiva por vocês terem nascido no lugar errado, se morassem nos EUA com certeza teriam todo o reconhecimento que merecem...
(será o Bando nosso Experience brazuca???)
(ok, sei que estou "forçando" um pouco, sorry!)
Para se ter uma idéia de como o show foi totalmente descontraído, basta dizer que ao invés dos dois "sets" anteriormente programados, a banda tocou três horas seguidas sem nenhum intervalo, e com excessão das seis primeiras músicas, o restante "rolou" conforme alguém da platéia pedia ou simplesmente vinha à cabeça dos músicos (e é por esse motivo que agora, passados dez dias, não consigo me lembrar do setlist)...
Sei que o "show business" é meio implacável hoje em dia, as coisas têm de ser de certa forma programadas etc e tal, mas sinceramente, há algo melhor que um show de ROCK'N'ROLL (em maiúsculo mesmo) movido basicamente a "feeling"?
finalmente resolvem tocar "Pinball Wizard" do The Who, uma das novidades que meu xará havia antecipado que rolaria no show; tenho um carinho muito grande por esta música, que foi uma das primeiras canções "de Rock" que ouvi na minha vida. Versão nota 10!
(será o Bando nosso The Who brazuca???)
Antes que perguntem: "pô, só teve covers?", respondo que não, inclusive tocaram alguns sons novos, cuja opinião unânime de quem estava presente é que se continuar nesta linha o próximo CD será fantástico!
Para encerrar o show, primeiro uma versão de "Minha Vida É Rock And Roll" do Made in Brazil, no qual alguns membros da platéia subiram para fazer os backing vocals - incluindo este que escreve, que sinceramente não nasceu para a coisa... e depois, a pedidos, "War Pigs" do Black Sabbath...
conversando depois com o Bosco, ele confessou que a levada de "War Pigs" é realmente inspirada na versão registrada pelo Gov't Mule, ou seja, um pouco mais lenta e cadenciada que a original de Iommi & Cia... como sabia que era o fim do show, mais uma vez fechei os olhos e imaginei Warren Haynes, Matt Abts e o saudoso Allen Woody juntamente com Chuck Leavell...
(será o Bando nosso Gov't Mule brazuca???)
(que nada, eles são simplesmente nosso BANDO DO VELHO JACK, não copiam ninguém, apenas absorvem as influências e proporcionam a "old-rockers" como eu bons momentos de Rock'N'Roll!)
Long Live Bando!!!
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