Dinâmica e rebeldia: Ramones, rock n'roll e outras porcarias
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 25 de março de 2013
"É fácil criticar corretamente; e difícil executar mediocremente". No auge do período Iluminista, DENIS DIDEROT (1713-1784), filósofo francês e um dos maiores enciclopedistas da história do pensamento ocidental soltou essa pérola, cujo valor é atemporal; de forma sintética explorou a fragilidade da falácia crítica, expondo as entranhas da mediocridade humana quando do ato de executar. Como em um prelúdio às gerações futuras, DIDEROT centralizou a ignorância como fonte da desinformação e do imediatismo burro da geração que só viria a absorver o que vem pronto e deglutido, alheio ao contexto histórico e à ordem de importância dos fatores.
Em comentários à textos postados nesse site, venho observado à constante retaliação crítica a bandas cuja sonoridade é , invariavelmente, tachada de "medíocre", "desleixada" ou em casos de irreflexão mais extrema como "música de um bando de drogados(sic)" ou afirmações do gênero. Nesse rol de "excrescências" são incluídos grupos como NIRVANA, STOOGES, SEX PISTOLS e, constantemente, os RAMONES.
Em um retrospecto simples e inteligível, os RAMONES foram os responsáveis pelo punk rock, insurgência musical que resgatou as regras básicas de dinâmica e rebeldia presentes nas obras iniciais de CHUCK BERRY e JERRY LEE LEWIS fundidos em distorção e que, em toda sua inconsequência e niilismo, serviram de base direta para o thrash, o hardcore, grunge e qualquer outra tendência calcada na espontaneidade e virulência dali para frente. Assim, mesmo citados, homenageados e reverenciados pelo METALLICA, MOTORHEAD e PEARL JAM, a banda nova-iorquina carrega, por alguns, a pecha de simplista, desorganizada, desleixada e outras adjetivações nada lisonjeiras e, em quase sua totalidade, redigidas em um português mais do que precário, pelos comentaristas de rede social.
Questão de gosto? Protecionismo barato? Sendo a natureza de um ensaio um texto de postura opinativa, posso expor que, subjetivamente, não tenho qualquer proximidade com ícones progressivos como YES ou EMERSON, LAKE e PALMER; entretanto, como conceber a estética de bandas como o RUSH (uma de minhas preferidas) sem o diálogo com a sonoridade mais rebuscada desses grupos? Da mesma maneira como o METALLICA expõe influências tão afastadas do metal como BOB SEGER e LYNYRD SKYNYRD; como ANGUS YOUNG idolatra ROBERT JOHNSON; como o GUNS lança um álbum cujo material se concentra, quase em sua totalidade, em homenagem à clássicos punk; como o KISS compõe em parceria com MICHAEL BOLTON; como ZAKK WYLDE se declara fã de ELTON JOHN- em todos esses casos, por mais diversa que seja sonoridade pela qual são reconhecidos, todos apresentam uma característica em comum: ouvido musicaL, interesse, curiosidade e sobretudo, estudo em sua área central de interesse: a música.
Com relação à associação entre o uso de substâncias ilícitas, ainda que seja pueril a entrada em tal temática, sejamos francos: em quais setores sociais, classe, cor ou qualquer outra tipologia o uso de drogas se apresenta nulo? Se formos apelar para critérios classificatórios espúrios e preconceituosos como "música de viado", " peça de teatro de um bêbado" entre outros apelos que nada dizem sobre a importância cultural em si, teríamos de abandonar o conceito de arte - na verdade, abandonaríamos qualquer conceito de brilhantismo ou insight pela adoção de critérios que, objetivamente, nada dizem sobre competência.
Alguns podem argumentar que esse texto é anti-democrático, questão de gosto, tendencioso, inútil ou outras adjetivações menos honrosas- ok, manifestações são, ao menos de minha parte, bem vindas. O importante é lembrar que da mesma forma que se critica também se deve estar pronto para recebê-las e, conhecer a história do rock n´roll é, sim, critério para se discutir a importância de um artista ou banda.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
Regis Tadeu elege os melhores discos internacionais lançados em 2025
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
A performance vocal de Freddie Mercury que Brian May diz que pouca gente valoriza
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
A faixa do Iron Maiden que ficou com 5 minutos a mais do que eles imaginaram
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
Banda dinamarquesa perde grande parte de seus equipamentos em incêndio
Turnê atual do Dream Theater será encerrada no Brasil, de acordo com Jordan Rudess
A música que surgiu da frustração e se tornou um dos maiores clássicos do power metal
Os "pais do rock" segundo Chuck Berry - e onde ele entra na história
O baterista que Phil Collins disse que "não soava como nenhum outro", e poucos citam hoje
Tony Iommi relembra Lemmy Kilmister, que faleceu há exatos 10 anos
A música mais tocada de 20 grandes bandas de Heavy Metal no Spotify
O que impediu o Sepultura de ser tão grande quanto Metallica ou Slipknot?
Sgt. Peppers: O mais importante disco da história?

O conselho precioso que Johnny Ramone deu ao jovem Rodolfo Abrantes
A melhor banda ao vivo que Joey Ramone viu na vida; "explodiu minha cabeça"
A banda que foi "os Beatles" da geração de Seattle, segundo Eddie Vedder
A melhor banda ao vivo de todos os tempos, segundo o lendário Joey Ramone
10 álbuns incríveis dos anos 90 de bandas dos anos 80, segundo Metal Injection
Pink Floyd: entenda o "estilo Gilmour" de tocar guitarra
Thrash Metal: a estagnação criativa do gênero



