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O conceito perdido de álbum

Por David Oaski
Fonte: Ideologia Rock
Postado em 28 de agosto de 2012

Led Zeppelin IV, Machine Head, Quadrophenia, Abbey Road, Exile on Main Street, Back in Black, Master of Puppets, Appetite for Destruction, London Calling, Nevermind, entre outros são álbuns clássicos absolutos do rock, tendo como característica comum entre eles a uniformidade estética da arte como um todo, as músicas coesas, um album em si. Esse conceito parece que se perdeu com o tempo.

O álbum surgiu desde sempre como uma necessidade do artista de expor seu trabalho como um extrato do momento que a banda atravessa, seja da vida pessoal dos músicos, influências, busca de novas sonoridades, enfim, tudo influi. Na década de 60 e 70, os artistas chegavam a lançar dois álbuns no mesmo ano, saindo em turnê na sequencia de cada um para divulga-lo. Dessa forma, as pessoas que não tivessem oportunidade de acompanhar ao vivo seus artistas favoritos poderiam ter um registro dos mesmos para ouvirem quando quisessem, um vinil, K7, mais recentemente, um CD e nos tempos atuais, MP3.

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Não se tratava de uma regra, mas as bandas buscavam tornar cada álbum, um registro fiel do momento que atravessavam, pensando na arte como um todo, analisando sequencia das músicas, capa, arte do disco, quais seriam as possibilidades de singles e, antes de tudo, identificar o que queriam transmitir com aquele disco. Não que as gravações fossem feitas de forma mecânica, pelo contrário havia o aspecto fundamental para criação que é o feeling de cada artista, porém os músicos buscavam se superar a cada disco, tecnicamente e esteticamente.

Creio que a forma que se consome música hoje em dia tenha tirado de certa forma o foco do álbum como forma de registro da arte. Como ouvimos muita música no formato MP3, muitas vezes de forma solta, aleatória num playlist qualquer, se perde um pouco a noção do contexto em que se encaixa melhor aquela canção. Outro fator importante é que os álbuns deixaram de alcançar as vendas expressivas que alcançavam nas décadas passadas, distanciando dessa forma, as bandas novas daquele compromisso com o álbum como um todo, aquele capricho de transformar o álbum numa arte completa.

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Não estou aqui defendendo aqueles álbuns conceituais, que visam contar uma história a cada faixa, como se fosse uma novela – aliás muitos destes são chatíssimos – mas sim a composição do álbum, buscando que esse torne um lançamento importante, que por mais que não vire um clássico, seja um lançamento importante, digno no mínimo de respeito.

Você pode estar aí do outro lado lendo e pensando que isso é besteira, que estou sendo detalhista. Talvez seja mesmo, mas o fato é que são esses detalhes que podem trazer de volta a boa música ao gosto popular, afinal é comum ouvir uma banda nova com um ou dois grandes singles e ao ouvir o álbum por inteiro se decepcionar completamente devido à falta de homogeneidade entre as canções, melodias, letras e equilíbrio do álbum.

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Que as bandas novas tenham mais inspiração e que ao darem a luz aos seus rebentos álbuns tenham mais reponsabilidade ao lembrar que essa arte será um registro eterno dos artistas presentes no mesmo e que se inspirem nos discos citados no começo do texto, pois se conseguirem alcançar dez por cento do que eles fizeram já terão seu lugar garantido na história.

Disponível também em:
http://rockideologia.blogspot.com.br/2012/08/o-conceito-perdido-de-album.html

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Sobre David Oaski

David Oaski é editor do blog Ideologia Rock, colunista do site Stereo Pop Club e colabora frequentemente com os sites Galeria Musical e Whiplash, além de já ter escrito para outras plataformas online. Amante de música (principalmente rock) independente de rótulos, escreve por hobby e para exercitar o senso crítico.
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