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Sabbath, Wolfmother: A era da falta de identidade musical

Por JOHNNY FREITAS
Postado em 17 de junho de 2012

Quando o BLACK SABBATH lançou seu primeiro álbum, não havia nada parecido com aquilo. Existia o rock, é claro, mas nada soava como o que foi ouvido quando a agulha encostou no vinil. O som da chuva servindo de prenúncio para uma tempestade de riffs sombrios e pesados não encontrava referências em nenhuma obra anterior. Da mesma forma, o blues já era lenda quando o LED ZEPPELIN surgiu, mas onde foi que se ouviu tamanho volume e fúria, aliados a uma produção limpa, sem contar que cada lançamento da banda não soava em nada como o anterior, mantendo mesmo assim, uma identidade e genialidade ímpares? Com o surgimento de bandas como o WOLFMOTHER, por exemplo, a pergunta que fica é: onde toda aquela originalidade foi parar?

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O velho ditado de que "tudo se copia, nada se cria" não parecia ecoar naquela época, mas nos dias de hoje chega a ser uma regra, seguida à risca. Não se trata mais de inspiração ou referência, o que se vê no mundo da música são cópias explícitas de tudo o que tenha dado certo em outros tempos. A busca pelo sucesso imediato, e a falta de criatividade, têm produzido um material que, ou desaparece tão rápido quanto surge, ou que causa algum impacto, mas exatamente por gerar a vontade de ouvir as velhas bandas. É claro que toda forma de arte precisa de algum retorno, e seria ingenuidade pensar que o artista produz apenas por auto-realização, mas parte do sucesso e da longevidade de canções como "War Pigs", "Stairway to Heaven" e "Aqualung", se deve ao fato de terem sido compostas com o simples objetivo de criar boa música.

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No mundo do rock, o surgimento de bandas se dá em proporção geométrica. Garotos sedentos por se expressar através do estilo (nem sempre por rebeldia ou inconformismo, diga-se) surgem em todos os cantos do planeta. Mas a qualidade e o ineditismo têm se revelado inversamente proporcionais. Quando o WOLFMOTHER surgiu, em 2006, com seu auto-intitulado disco de estréia, a sensação era de que a salvação tinha chegado. Riffs poderosos, vocal marcante, visual diferenciado e ainda por cima um power trio... Opa, espera aí, algo está estranho! Esse foi o pensamento seguinte. Os riffs pareciam BLACK SABBATH. A voz era uma mistura de OZZY com GEDDY LEE e tudo soava como se partes de DEEP PURPLE, LED ZEPPELIN, JETHRO TULL e algo de progressivo (inclusive na temática), tivessem sido misturadas em um imenso caldeirão. E personalidade própria? Nenhuma. Era um corpo sem alma, um mosaico, comprovando que a sensação inicial de um milagre ter surgido não passava de reflexo da vontade de fugir do que estava acontecendo na época. Nem é questão de ser bom ou ruim, pois em tempos de sertanejo universitário e funk putaria no Brasil, e de pop totalmente descartável, enlatado nos Estados Unidos para o resto do mundo, bandas como WOLFMOTHER e MARILYN MANSON acabam sendo o suprasumo do rock.

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Uma das principais conseqüências da falta de algo original na música é a necessidade de se criar revoluções a todo instante. A tendência atual é a de atribuir ao rap o posto anteriormente ocupado pelo rock. O argumento se baseia no fato de que os artistas do estilo falam de maneira mais contundente aos atuais jovens sobre temas que a pouco estavam mais associados a guitarras, baixo e bateria, como rebeldia e contestação social. Na verdade, o que acontece é apenas uma escolha midiática sobre qual estilo musical ela vai virar o holofote. Ambos falam sobre a mesma coisa, mas com linguagem e suporte diferentes. Outro grande exemplo usado como revolução é o NIRVANA, tida por muitos como a ultima grande banda de rock a surgir. Nevermind é um disco excelente, não há dúvidas, mas como o NIRVANA, havia várias bandas. O grunge, em si, não trazia bandas propriamente originais. Tão pouco parecidas umas com as outras. Por isso mesmo nem pode ser considerado um estilo. Algum produtor esperto percebeu que, em um local específico do globo terrestre, chamado Seattle, havia uma garotada que não dava a mínima para cabelos feitos em salão, limousines e strippers, retratos de uma cena já saturada, jogou todos em uma lata, colou um rótulo com a palavra "grunge" e...voilá, tinha-se um produto para exportação que transformava a despretensão e a simplicidade em estilo do momento. Na mesma salada, a falta de talento de uma DONITA SPARKS acabava misturada com a genialidade de um JERRY CANTRELL. Tudo em nome da revolução.

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Porém, é na tentativa de fazer algo novo que os artistas encontram uma barreira quase intransponível: a da aceitação. Muitas vezes, dar vazão aos sentimentos, criando sem delimitar fronteiras, principalmente para artistas já consagrados, pode causar estranheza, o que gera um afastamento e até rejeição por parte do público. O RADIOHEAD é um caso clássico nesse sentido. Discos do início da carreira, como "Pablo Honey" e "The Bends" mostravam uma sonoridade mais redonda, com hits facilmente identificáveis. Mais tarde, Thom Yorke e Cia seguiram por um caminho completamente novo e experimental. Por um lado, estabeleceram uma base fiel de fãs, mas por outro, passaram a ser lembrados mais pela maneira com que lançavam seus discos do que pela qualidade dos mesmos, o que nunca é interessante em se tratando de música (forma x conteúdo). E como não falar de "St. Anger", do METALLICA? Ali não houve tentativa de criar algo novo, mas sim, um registro fiel da angústia pela qual a banda passava naquele momento. Acabou soando completamente diferente de tudo o que a banda já havia feito e, para o bem ou para o mal, trata-se de um disco corajoso. Mas, apesar destas características inovadoras, pagou o preço da rejeição.

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Se bandas como METALLICA e RADIOHEAD, por já terem um som identificável, assim como AC/DC e IRON MAIDEN, não podem trazer algo completamente novo, sendo obrigadas a uma autofagia musical constante, o que se pode dizer das bandas novas? As facilidades de gravação e divulgação proporcionadas pela internet, aliadas ao fato de que o artista não precisa se sujeitar às regras das gravadoras, deveriam servir de suporte para o surgimento de verdadeiras revoluções. Mas, quem se arrisca a criar algo novo acaba por ter uma abrangência restrita, sobrevivendo em pequenos nichos. O restante acaba saturando a rede com as mesmas fórmulas, transformando-se nos clones de sempre, que podem até vir a se tornar o novo WOLFMOTHER, ou seja, vão, por tabela, parecer com..., bom, vocês sabem quem.

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Em tempos de reciclagem, onde o novo só aparece através da junção de peças reutilizadas, temos uma geração que corre o risco de não ter nada que a identifique. O único conforto reside no fato de que música é, e sempre será, sobre sentimentos. Amor, ódio, revolta e inconformismo, temas tão caros à música, ainda que embalados de forma pouco ou nada original, serão sempre atemporais.

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Sobre Johnny Freitas

Johnny Freitas, gaúcho de 34 anos, é formado em jornalismo pela PUCRS desde 2002. Foi editor do jornal Enfoque, tendo trabalhado, também, em diversas assessorias de imprensa no Estado. Filho de pais hippies, quando criança costumava não pegar no sono antes de a agulha sair do vinil "The Wall". No aniversário de cinco anos nada de brinquedos, "Innocent Victim", do Uriah Heep, "Creatures of the Night", do Kiss e "The Fool Circle", do Nazareth fizeram, literalmente, a festa. E, antes que alguém pergunte, ao contrário do célebre personagem interpretado por Selton Mello no cinema, seu nome é Johnny mesmo.
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