Dorsal Atlântica: algumas curiosidades sobre o Antes do Fim
Por João Paulo Andrade
Postado em 09 de junho de 2018
Em 2017 a banda Dorsal Atlântica divulgou uma lista de curiosidades sobre um dos álbuns mais clássicos do Metal Brasileiro, lançado em 1986. Leia abaixo.
Dorsal Atlântica - Mais Novidades
1 – O selo paulistano que contratou a banda para gravar o álbum, prometeu vários dias de gravação que na hora foram substituídas por apenas 18 horas. O disco foi gravado ao vivo pela falta de tempo, tendo como acréscimos uma dobra de guitarra e as vozes, tudo em 12 horas. A mixagem foi realizada em mais 6 horas.
2 – A caveira com os olhos esbugalhados tornou-se a capa porque no último dia de estadia dos donos do selo paulistano no Rio, eles não aceitaram a capa proposta pela banda, uma foto de três cadáveres. Alegaram que era anticomercial, apesar de os mortos expressarem o conteúdo político do álbum e a agressividade da música. "Ou a capa aparece agora ou vamos decidir por nós mesmos em São Paulo!", foi dada a sentença. A solução foi fotografar uma camiseta pintada à mão, a partir de um cartaz de um filme de terror da produtora inglesa Hammer. Por não terem posicionado a camiseta corretamente, o logotipo da Dorsal está torto.
3 – A caveira da capa representa um torturado político pela ditadura.
4 – O Antes do Fim é o primeiro disco latino americano a somar hardcore, punk e metal.
As composições do "Antes do Fim", considerado um dos mais importantes discos de todos os tempos, falam sobre a segunda guerra mundial, política e relações humanas. Em entrevista à edição de dezembro de 2016 da revista Roadie Crew, Carlos Lopes fala sobre cada uma das faixas.
"Caçador da Noite": A letra fala sobre um latino estuprador que assustava Los Angeles em 1985. Richard Ramirez era fã de metal, na verdade de AC/DC e Judas Priest. Escrevi sobre minorias raciais e a má interpretação da música em mentes distorcidas. Era uma evolução incrível em relação ao "Ultimatum" gravado apenas um ano antes.
"HTLV-3": Na época, os primeiros sintomas do que viria a ser conhecido como AIDS estavam sendo catalogados como HTLV. Escrevi sobre abandono e preconceito. Sempre me senti diferente e a música fala sobre isso. A intro de baixo foi inspirada nos discos de hardcore. A mudança para um ritmo cadenciado, no meio de músicas muito rápidas como essa, tornou-se uma característica da banda. Essa quebra ("paradinha" no popular) deixava o pessoal mais louco ainda, parecia que o mundo ia acabar.
"Álcool": Eu bebia (vodca e cerveja) e uma noite minha namorada me carregou no ombro para casa porque eu não conseguia ficar em pé. Foi uma longa caminhada. Há um solo melódico, outra marca da banda, desde "Princesa do Prazer". A batida tribal do início é uma chamada hipnótica para o combate.
"Depressão Suicida": A depressão me acompanhava. O resto é fácil entender. O riff é bem difícil de tocar, outras das características do hardcore "complexo" que desenvolvi.
"Vorkuta": Li sobre Mengele, "O anjo da morte" e Stalin, os dois Josephs. O ditador russo enviava seus desafetos para campos de concentração. Lá trabalhavam para o Estado extraindo carvão. Era uma analogia à ditadura brasileira. O riff é dificílimo de tocar.
"Joseph Menguele": O riff é matador, ainda mais com o solo melódico inspirado em "Highway Star" do Deep Purple. Ao vivo, a cada novo presidente (ou ditador) eu mudava o refrão de Joseph Mengele para José Sarney, Fernando Henrique, etc.
"Guerrilha": Essa era da época do Ultimatum e não lembro porque não foi incluída no disco. Um verdadeiro clássico político sobre a guerrilha do Araguaia: "Guerrilha por Liberdade, Guerrilha em busca da Verdade".
"Inveja": Assim que alguns fãs tiveram suas próprias bandas, eles passaram a nos malhar, isso em um período bastante curto, tipo uns seis meses após o lançamento do "Ultimatum" em 85. A coisa fluía bastante rápido nessa época. A melhor banda seria aquela que tocasse mais rápido. O resto era besteira, inclusive "inúteis" letras com profundidade. Uns diziam que éramos hippies. O negócio era ser nazista e anti-Deus, sem saberem o porquê. As nuances e os ritmos diferentes dessa música refletem os sentimentos que temos ao nos confrontar com esse tipo de coisa: surpresa, horror, desprezo, raiva, até a vitória final sobre o inimigo. Por fim a paz é selada com o perdão do "hippie vencedor e grande-pai do movimento".
"Morte Aos Falsos": Essa última faixa é da época do "Ultimatum", que não havia sido gravada. É uma sequência do tema de Inveja. Isso era bem "progressivo", dividir a mesma ideia em faixas diferentes. Quis escrever a música mais rápida possível, a mais brutal, com mais raiva para fechar o disco. Essa faixa é o Alfa e o Ômega de todo o disco. A criação e a destruição. Decretar a morte aos falsos é decretar o próprio genocídio da humanidade.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O guitarrista preferido de Mark Knopfler, do Dire Straits, e que David Gilmour também idolatra
As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
Nick Holmes diz que há muito lixo no nu metal, mas elogia duas bandas do estilo
Filho de Steve Harris é forçado a parar de tocar devido a problema de saúde
As 3 teorias sobre post enigmático do Angra, segundo especialista em Angraverso
A canção proto-punk dos Beatles em que Paul McCartney quis soar como Jimi Hendrix
O principal cantor do heavy metal, segundo o guitarrista Kiko Loureiro
"Detecção precoce salva vidas"; Wendy relembra o diagnóstico de Dio e a luta contra o câncer
Nicko McBrain admite decepção com Iron Maiden por data do anúncio de Simon Dawson
Danilo Gentili detona Chaves Metaleiro e o acusa de não devolver o dinheiro
Os três álbuns mais essenciais da história, segundo Dave Grohl
"A maior peça do rock progressivo de todos os tempos", segundo Steve Lukather, do Toto
A faixa do Rush que Geddy Lee disse que "não envelheceu tão bem"
O hit do Led Zeppelin em que Robert Plant foi homofóbico, segundo John Paul Jones
Site aponta 3 desconhecidos supergrupos dos anos 1970 com membros famosos
O trecho de música dos Beatles "escondido" em clássico do Helloween
5 curiosidades que você não sabia sobre o saudoso Ace Frehley do Kiss
A icônica banda de heavy metal que recusou baterista por conta da cor da bateria
Vocalista do Korn relembra por que começou a usar seu tradicional agasalho da Adidas
SOAD: quando Shavo quase matou Brent Hinds em briga na MTV
Compridas: As músicas mais longas de grandes bandas


