Eddie Vedder: relacionando o seu Top 13 álbuns de todos os tempos
Por Brunelson T.
Fonte: Rock in The Head
Postado em 30 de agosto de 2019
Lá em 2002, o vocalista do PEARL JAM, Eddie Vedder, tinha sido entrevistado pelo site Discogs e nomeou os seus 13 álbuns favoritos de todos os tempos.
Através dessa lista, percebemos que Vedder - cantor, compositor e instrumentista - é uma pessoa cujo amor pela música não tem limites.
Com o subestimado álbum do PEARL JAM tendo sido lançado recentemente na época, "Riot Act" (7º disco, 2002), o mesmo é citado algumas vezes nesta matéria como referência e citações para o conteúdo a seguir.
Confira esta reportagem na íntegra, onde no final, nas próprias palavras de Eddie Vedder, ele comenta sobre cada álbum escolhido:
"Eu sei que nasci e sei que vou morrer / O que estiver no meio é meu", canta Eddie Vedder na canção "I Am Mine", lançada no disco "Riot Act".
Desde os seus primeiros dias, o meio de Vedder foi cheio de música, abrangendo a voz dinâmica do jovem Michael Jackson ao rosnado cansado e velho do artista Tom Waits.
Nos anos 80, enquanto trabalhava meio período em um posto de gasolina para financiar sua sede incontrolável pela música, Vedder começou a se mudar para a indústria da música quando apareceu como colaborador convidado no TEMPLE OF THE DOG, grupo formado por Chris Cornell para homenagear seu falecido amigo e colega de quarto, Andy Wood (vocalista do MOTHER LOVE BONE).
Tendo se familiarizado com as numerosas figuras emergentes da cena grunge de Seattle, logo na sequência, Vedder apareceria para o grande público como o vocalista do PEARL JAM, ao lado do baixista Jeff Ament, guitarrista Stone Gossard (ambos do MOTHER LOVE BONE), baterista Dave Krusen e guitarrista Mike McCready.
O resto da história, nós já sabemos...
Perseverança é um tema que aparece repetidamente no disco do PEARL JAM, "Riot Act", com a canção "Love Boat Captain" emanando eligias e sendo propulsiva ao mesmo tempo, enquanto chora pelas 09 pessoas pisoteadas até a morte durante um show do PEARL JAM num festival na Dinamarca em 2000, cantando: "Perdemos 09 amigos que nunca conheceremos".
A música termina com Vedder dizendo a si mesmo que tudo o que precisamos é de amor, um sentimento clássico do rock que universaliza a tragédia.
Como os músicos que ele reverencia, Vedder está disposto a enfrentar questões difíceis. Ele guarda o seu desprezo para aqueles que não tentam nada, principalmente sobre o presidente americano, George W. Bush, rosnando em outra música lançada neste mesmo disco, "Bushleaguer": "Nascido no poder / Acha que o conquistou".
Influenciado por artistas como Bruce Springsteen, Joe Strummer (vocalista/guitarrista do THE CLASH), Black Francis (vocalista/guitarrista do PIXIES), Henry Rollins (vocalista do BLACK FLAG) e outros, Vedder nunca teve vergonha de mostrar a sua admiração por seus colegas da música alternativa, e quando solicitado pelo site Discogs a criar uma lista dos seus álbuns favoritos de todos os tempos, o vocalista do PEARL JAM precisou de 01 semana inteira para estudar muito bem as suas seleções.
Vedder não parece ter feito uma lista amarga - conforme a forma que ele conduz a sua carreira referente às aparições públicas aos holofotes e veículos de comunicação - mas está claro em sua lista que ele tem uma queda por artistas que constroem o seu próprio nicho com pouca consideração por tendências ou moda - desde a banda TALKING HEADS, até o artista experimentalista independente Jim O'Rourke (que dentre várias participações, também fez parte do SONIC YOUTH no começo deste século).
Vedder havia dito, segurando a cabeça nas mãos e olhando cético para a sua formosa lista: "Eu tenho alguma hesitação sobre isso, porque pode desmistificar tudo. As nossas influências são quem somos e é raro que qualquer coisa seja uma visão absolutamente pura, quero dizer, até o artista Daniel Johnston soa como os BEATLES".
Ele acrescentou: "Esse é o problema das bandas sobre as quais sempre me perguntam, por serem derivadas do som de Seattle... As pessoas não diluem as influências o suficiente".
Apesar de suas lutas, Vedder conseguiu reunir o que considera os 13 discos que ele mantêm mais próximo do seu coração. Embora inclusões de álbuns como dos BEATLES, THE WHO, RAMONES e SOUNDGARDEN sejam de um prisma familiar, Vedder incluiu alguns discos reveladores, como por exemplo, do THE JACKSON 5.
Para ajudar a entender Vedder, é querer entender as suas músicas favoritas...
Tomando cuidado para apontar que as listas dos seus colegas de banda também precisariam ser levadas em consideração - para qualquer verdadeiro somatório do PEARL JAM - ele volta para a sua própria lista, dizendo: "Se você fosse capaz de fundir todos esses discos juntos, seria exatamente a nossa música".
Senhoras e senhores, com vocês, Eddie Vedder:
1) Banda: THE JACKSON 5
Álbum: "Third Album" (3º disco, 1970)
Esta é a 1ª memória real que tenho de qualquer música que ficou dentro de mim. Eu estava morando no lado errado dos trilhos em Evanston, Illinois. Tínhamos esses álbuns do THE JACKSON 5 e eu realmente me relacionei com as vozes deles. Na época, eles tinham mais ou menos a minha idade, mas já estavam gravando discos! Era como: "Levante-se! Agora, sente-se! Vou lhe mostrar o que eu posso fazer!" E eles faziam, cara... Você quem manda, Michael.
2) Banda: BEATLES
Álbum: "The White Album" (10º disco, 1968)
Este é quase um livro didático para alguém nascido em 1964. Eu tinha uma fita cassete nomeada "Revolver White Album". Eu não descobri que eram 02 álbuns separados até anos depois, sabe? "The White Album" possui músicas que agradam às crianças pequenas, então, em contra-partida, se você se interessar pode também acabar ouvindo canções do tipo "Revolution 9"... Quero dizer, essas coisas abrem a sua mente e é onde você se sente à vontade através de uma difícil audição.
3) Banda: THE WHO
Álbum: "Tommy" (4º disco, 1969)
Eu acho que foi uma babá que trouxe o disco "Tommy" para escutar em casa... Eu já estava curtindo o "The White Album" dos BEATLES, então, estava acostumado a ficar escutando 02 horas de música, sabe? Fiquei emocionado com a teatralidade do disco "Tommy", tipo, possui uma abertura e um tema. Eu realmente comecei a ouvi-lo como uma peça linear, indo além das canções de 03 minutos. Quando você ouve essas coisas no início da sua vida, isso muda a maneira como você se sente em relação à música e você começa a aceitar coisas diferentes.
4) Banda: RAMONES
Álbum: "Road to Ruin" (4º disco, 1978)
Eu nunca fui tão conhecedor assim do punk rock e foi só com 22 anos que fiz o meu 1º moicano, mas o punk meio que abriu as cortinas para mim. Foi de alguma forma assustador, talvez por causa da aparência de gangues que as bandas punks passavam. Quando eu tinha 13 anos, peguei a minha 1ª guitarra e tocava as músicas de Ted Nugent, mas não conseguia fazer os solos. Com os RAMONES, pude tocar junto com o disco todas as músicas na sua íntegra.
[an error occurred while processing this directive]5) Banda: TALKING HEADS
Álbum: "More Songs About Buildings and Food" (2º disco, 1978)
Depois dos RAMONES, o new wave chamava mais a minha atenção do que o punk rock. Nunca me esqueço de quando escutei as letras desse álbum do TALKING HEADS, onde numa música ele canta: "Seja um pouco mais egoísta". Nessa época, os meus pais estavam se separando e eu estava pensando em como a família de todo mundo estava indo bem, mas a minha estava se desmoronando. Essa frase realmente me atingiu e me tirou dessa maneira de pensar.
6) Álbum: "Music and Rhythm"
(coletânea com vários artistas, 1982)
Peter Gabriel (vocalista da banda GENESIS) publicou esta compilação de world music. Me chamou a atenção, simplesmente porque havia uma música de Pete Townshend (guitarrista do THE WHO) chamada "Ascension Two", que era uma jam bizarra. O álbum também tinha o conjunto de percussões, DRUMMERS FROM BURUNDI, com um canto do balinês, Nusrat Fateh Ali Khan. Aquilo tinha acabado de abrir a minha paisagem musical e anos depois, eu realmente toquei em uma banda com Nusrat por alguns dias e foi incrível, cara.
[an error occurred while processing this directive]7) Banda: SONIC YOUTH
Álbum: "Daydream Nation" (5º disco, 1988)
Tenho certeza de que há alguns álbuns que estou deixando de fora antes deste, como os discos "Murmur" ou "Chronic Town" do REM. Esses foram os anos em que eu estava fumando maconha, então, podem haver algumas coisas perdidas em minha memória, mas eu definitivamente lembro de ouvir a canção "Teenage Riot", que abre o disco "Daydream Nation" - e eu estava lá, cara! A bateria de Steve Shelley teve esse grande momento e a abordagem deles na guitarra, da maneira como criaram as ondas de som e ritmo, tipo, eu realmente nunca tinha ouvido isso antes na minha vida, sabe? E as letras das músicas pareciam uma aventura, sendo que eu podia me relacionar com algumas coisas, mas também senti que estava procurando algo que ainda não havia experimentado. A mesma sensação aconteceu com os RAMONES e assim como eles, SONIC YOUTH também era de New York e pensava: "Ah, é assim que eles se sentem..." Fiquei muito intimidado por New York e ainda sou.
8) Artista: Jim O'Rourke
Álbum: "Insignificance" (4º disco, 2001)
A 1ª música desse álbum é quase como um canto, com uma bela melodia, arranjos e Jim cantando sobre como as pessoas precisam dominar certas coisas do mundo, porque se não o fizermos, o mundo chegará ao fim. Provavelmente, é uma escolha tendenciosa, já que conheço Jim muito bem, mas ele é um daqueles caras que, se você ouvir os discos dele, é como se você tivesse um amigo que é um artista e que você conhece muito bem, e então, você vê uma de suas pinturas e pensa: "Jesus Cristo, há muito mais acontecendo com ele do que eu pensava". É como são os discos de Jim para mim.
9) Banda: FUGAZI
Álbum: "13 Songs" (1º disco, 1989)
Eu sei que vi um show do FUGAZI antes de ouvir esse álbum. Foi no Capitol Theatre, em Olympia, Washington. Acho que foi um dos primeiros festivais internacionais de bandas do underground que aconteceu na cidade. Fui a este festival, porque o grupo L7 estava abrindo o evento e eu era amigo delas, sabe? FUGAZI era uma banda transcendental e no dia seguinte, comprei esse disco.
10) Banda: SOUNDGARDEN
Álbum: Screaming Life / Fopp (compilação do 1º e 2º EP, 1987 & 1988)
A Sub Pop foi a 1ª gravadora que eu sabia que poderia comprar discos do selo deles e que seriam legais. Quando ainda morava em San Diego, a banda de garagem que eu estava na época chegou a abrir shows em Seattle para grupos como o MUDHONEY e LEMONHEADS... Mal sabia que eu teria algo a ver com Seattle num futuro próximo.
11) Banda: MUDHONEY
Álbum: "Mudhoney" (1º disco, 1989)
[a reportagem não apresentou nenhuma descrição de Eddie Vedder para este disco do MUDHONEY].
12) Artista: Tom Waits
Álbum: "Nighthawks at The Diner" (3º disco, 1975)
Gosto do fato de que você não pode realmente categorizar esse artista. Quero sugerir uma frase de Tom Waits sobre ele mesmo: "Tom espera por ninguém" (trocadilho Waits / espera). Acho que ele disse uma vez que se orgulha de fazer boa música de fundo (para atmosfera de filmes e som ambiente em restaurantes e etc), mas se você tentar dissecá-la ou tentar tocar junto, perceberá que todas essas mudanças de acordes nunca são tocadas da mesma forma. Elas estão sempre se transformando e o resultado soa como um carro velho que precisa de ajustes. Você percebe a mudança de todos esses sons que criam o ritmo e é a cama perfeita para a sua voz.
13) Banda: PIXIES
Álbum: "Surfer Rosa" (1º disco, 1988)
PIXIES foi gigante para mim. Frank Black - ou Black Francis, como ele era chamado na época - tinha essa voz que ele literalmente soltava pela garganta. Ele a deixava rasgar e coisas estranhas aconteciam. A primeira vista, parecia que não, mas a sua voz era muito rebelde, apenas livre da maneira que ele podia emitir sons e ainda assim nos fazer entender. Parecia que ele estava se libertando com a sua voz, assim como David Byrne também fazia (vocalista/guitarrista do TALKING HEADS). Eu nunca fui capaz de fazer isso, bem, acho que às vezes, mas não desse jeito que eles faziam.
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